Meirelles diz ao Congresso que BC "não correrá atrás dos prejuízos" e vai combater a inflação



O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou aos deputados e senadores, nesta quarta-feira (27), que o Banco Central decidiu que "não correrá atrás dos prejuízos" e vai combater a inflação, "pois ela afeta principalmente os trabalhadores". Para ele, o custo de combater a inflação "de forma preventiva" é muito menor para o país comparando-se com seu combate depois de sua disseminação pela economia. Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá se aumenta a taxa básica de juros para combater a inflação.

Em debate na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), que reuniu também parlamentares das comissões de economia, finanças, meio ambiente e controle dos Senado e da Câmara,Henrique Meirelles sustentou que "começou a arrefecer" a crise de crédito internacional, que trouxe prejuízos financeiros já calculados em US$ 400 bilhões. Ele disse que os Estados Unidos ainda correm risco de recessão e que "há uma grande preocupação" com os sinais de desaquecimento da economia européia.

- Os países emergentes, incluindo o Brasil, têm mostrado uma resistência maior do que se esperava - disse.

Os riscos de uma estagnação econômica com inflação, como ocorreu em países ricos após os aumentos do petróleo da década de 70, o que levou a uma fase de inflação generalizada em quase todo o mundo, "hoje são muito menores, graças à independência dos bancos centrais", que "têm mais compromisso com a estabilidade", segundo Meirelles.

Respondendo a uma pergunta do senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado, opinou que a crise do crédito imobiliário dos Estados Unidos, que gerou a crise financeira, ainda não está controlada. Meirelles afirmou que "pelo menos 16 países" afetados pela crise financeira internacional já estão tomando medidas de combate inflacionário. Em um primeiro momento, esses países adotaram providências para evitar umarecessão, com a redução de juros, e, agora, estão tratando de impedir que a inflação saia "de níveis aceitáveis".

O presidente do Banco Central foi questionado sobre a idéia do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de criar um Fundo Soberano, que compraria dólares no mercado brasileiro para aplicá-los no exterior, no financiamento de empresas nacionais interessadas em se expandir. Cauteloso, Meirelles não se disse nem contra e nem a favor do novo fundo, mas contestou a afirmação de que ele poderia provocar inflação.

Sustentou ainda que o fundo não irá usar as reservas externas do Brasil e que os dólares serão comprados com dinheiro proveniente da arrecadação de impostos. Meirelles informou apenas que o Banco Central está dando apoio técnico ao Ministério da Fazenda para os estudos sobre o fundo.

Respondendo ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Henrique Meirelles não quis comentar a possível compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, ponderando que a operação ainda não é considerada como certa.

Meirelles compareceu ao Congresso para falar da política monetária, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal. A reunião foi dirigida pelo presidente da CMO, deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), e contou com a participação de parlamentares das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Meio Ambiente do Senado e de Finanças e Tributação, Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.



28/05/2008

Agência Senado


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