Gaúchos votam no plebiscito da Alca









Gaúchos votam no plebiscito da Alca
Centenas de pessoas fizeram fila no Brique da Redenção para dar sua opinião sobre o acordo

Os organizadores do plebiscito sobre a adesão do Brasil à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) ficaram surpreendidos com a participação verificada ontem em Porto Alegre.

No Brique da Redenção foi preciso formar filas, devido ao grande número de interessados em dar sua opinião na consulta popular.

– Foi uma demonstração da paciência e da motivação das pessoas – disse um dos coordenadores do movimento no Estado, Milton Viário.

A consulta popular é promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), centrais de trabalhadores, pastorais da Igreja Católica, sindicatos e movimentos sociais. Podem votar no plebiscito, que está sendo realizado em todo o país e será encerrado no dia 7, os eleitores maiores de 16 anos. Segundo Viário, é provável que a coordenação do movimento divulgue resultados parciais sobre o número de participantes no plebiscito nesta quarta-feira.

O governador Olívio Dutra e a primeira-dama, Judite Dutra, estavam entre as pessoas que compareceram ontem ao estande montado próximo ao Monumento do Expedicionário do Parque Farroupilha.

– É um movimento cívico e provocador de cidadania e espero que esteja ocorrendo em toda a América Latina, pois a proposta da Alca é temerária para os países latino-americanos – disse o governador.

Olívio afirmou que a proposta dos EUA pode abalar o equilíbrio do comércio entre os países, resultando em vários problemas, inclusive a falta de geração de renda.

– É uma espécie de colonizaçao branca. Fomos interrompidos no processo de construção da nossa economia e por isto é importante fazer o debate – concluiu.


Gamesa estuda investir US$ 570 milhões no RS
Grupo espanhol aguarda regulamentação federal para gerar 620 megawatts aproveitando potencial eólico gaúcho

Os ventos podem trazer ao Rio Grande do Sul um investimento de US$ 570 milhões. Esse é o valor que a maior interessada no potencial eólico do Estado está disposta a aplicar para transformar movimento de ar em energia elétrica.

A espanhola Gamesa fez medições, acordos de concessão de áreas e só espera a regulamentação federal para gerar 620 megawatts (MW), o suficiente para abastecer uma cidade como Porto Alegre.

– Se tivéssemos uma regra bem definida, poderíamos colocar os parques em operação dentro de 24 meses – afirma Pedro Cavalcanti Filho, diretor da Gamesa Energia Brasil.

No total, a empresa planeja a instalação de sete parques eólicos no Estado. Em parceria com a Secretaria de Energia e com a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), a Gamesa mediu a velocidade e a constância dos ventos durante um ano e meio. Dos 12 pontos de medição, sete foram aprovados – Piratini, Santa Vitória do Palmar, Santana do Livramento, Jaguarão, Rio Grande (Cassino), São José do Norte e São Francisco de Paula.

– Estamos encarando o investimento no Rio Grande do Sul com muita seriedade. Não viemos especular, pretendemos construir, instalar e operar os parques – reforça Cavalcanti.

O que falta, segundo o executivo, é a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a regulamentação da Lei 10.438, que estabelece condições para incentivar a introdução de energias alternativas renováveis no país – eólica, usinas de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). No momento em que grupos internacionais querem vender empresas de energia no país, a definição ganha importância. Na sexta-feira, a Aneel publicou resolução definindo valor de R$ 112,21 para a energia eólica, mas ainda não é a norma que vai remover os obstáculos para o investimento, diz o diretor da Gamesa.

– Regras são essenciais para a credibilidade do Brasil. A Gamesa não desistiu ainda, mas nossos acionistas estão ansiosos e preocupados com a falta de definição – lamenta Cavalcanti.

O executivo informa que, em princípio, os aerogeradores – os grandes cataventos – serão importados da Espanha, mas acena com um índice de nacionalização de até 50%. Lembra que empresas gaúchas como Trafo e Stemac podem integrar a cadeia produtiva dos equipamentos. A alemã Wobben também planeja investir em geração no Estado. Por enquanto, só a gaúcha Elebrás, em parceria com a também alemã Innovent, obteve autorização da Aneel. Outra com parceria local para os planos de geração é a espanhola Eleknor. A Wobben fabrica aerogeradores em Sorocaba (SP), mas exporta 90% da produção, informa Hans Dieter Rahn, integrante do Grupo Temático de Energia da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs).

Há oito anos, o empresário teve de engavetar um projeto em Santa Vitória que receberia subsídios alemães por dificuldades burocráticas no Brasil. Hoje, atua em medição, com a Intercâmbio Eletromecânico Ltda. A medição de longo prazo – pelo menos um ano – é importante, explica, em decorrência da natureza inconstante dos ventos. A viabilidade econômica da geração eólica exige entre 30% e 35% da capacidade total da máquina como energia firme. Isso quer dizer que um parque com capacidade total de 100 MW, por exemplo, deve assegurar produção efetiva de pelo menos 30 MW ao longo do ano.


Setor de habitação deve receber cerca de R$ 200 milhões mensais
Recursos vão melhorar oferta de crédito à classe média

A partir de hoje, o setor imobiliário deve começar a receber uma injeção de recursos de cerca de R$ 200 milhões por mês para financiar a compra da casa própria.

O dinheiro extra para o setor vem de uma pendência antiga. Na época do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), o Banco Central (BC) permitiu que os bancos que venderam créditos que tinham no Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS) para as instituições que foram liquidadas continuassem computando os valores como financiamento habitacional.

Uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) de final de julho determinou que as instituições financeiras voltem a direcionar esses recursos para a habitação a partir deste mês. A expectativa é de que, em oito anos, o setor receba R$ 33,7 bilhões.

– Esses recursos vão melhorar a oferta de crédito para compra de imóveis destinados às classes média e média-baixa – diz Romeu Chap Chap, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).

Segundo ele, a recuperação desse segmento de mercado, exatamente aquele que tem sido o mais penalizado pela falta de financiamento, deverá ser lenta e gradual.

– Os consumidores de alta renda não precisam de financiamento e foram os que mais compraram nos dois últimos anos. A classe com menor renda também tem sido atendida com recursos do Fundo de Garantia do Tempo deServiço (FGTS) – observa.

A lacuna do financiamento, portanto, ficou para a classe média. A Caixa Econômica Federal (CEF), praticamente a única instituição voltada para esse público, fechou a linha de crédito em agosto de 2001. A perspectiva é de que esses novos recursos voltados à classe média garantam sustentação ao mercado imobiliário, que anda aquecido por causa da migração das aplicações financeiras para os ativos reais.


Cúpula do petróleo se reúne hoje no Rio
Representantes de 70 países estarão presentes no encontro

A cúpula da indústria petrolífera mundial se reúne a partir de hoje no Rio. Como pano de fundo, a delicada conjuntura petrolífera mundial ante eventual ação militar dos Estados Unidos contra o Iraque.

O encontro, que se prolongará até sexta-feira, corresponde ao 17º Con gresso Mundial do Petróleo. Os temas colocados à mesa para debate a partir de hoje são a responsabilidade social das petroleiras e o impacto de suas atividades nas comunidades e no ambiente.

Deverão estar presentes no Riocentro cerca de 3 mil delegados nacionais e estrangeiros de cerca de 70 países, além de presidentes das maiores companhias de petróleo.

O comitê organizador reúne 59 países, que representam 90% da produção mundial de petróleo. A alta direção da estatal venezuelana de petróleo PDVSA, liderada pelo presidente da companhia, Ali Rodriguez Araque, chega hoje ao Rio para participar do Congresso e anunciar seu plano de investimentos no Brasil.

A PDVSA é a segunda maior companhia petrolífera do mundo, de acordo com pesquisa da revista Petroleum Intelligence Weekly. O mesmo ranking aponta a Petrobras no 12º lugar entre as maiores empresas mundiais do setor,

A plenária de abertura abordará A Sustentabilidade da Indústria de Petróleo e Gás no Brasil e contará também com a presença do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Sebastião do Rego Barros.


Shoppings concentram vendas aos domingos em Porto Alegre
Cresce o número de lojas abertas

O comércio da Capital voltou a abrir ontem. Nos shoppings, o movimento começou tímido, mas se intensificou no final da tarde.

No Shopping Iguatemi Center Iguatemi, apenas 40 das 340 lojas não abriram ontem. No Shopping Praia de Belas, 95% das lojas abriram, ante os 80% do domingo anterior. Hoje, o estabelecimento dá a largada para a quinta edição da promoção relâmpago Três Dias de Loucura, em que os lojistas oferecem produtos selecionados, a preços convidativos. Num esforço de também aderir à abertura aos domingos, já que não tem lojas em shoppings e o comércio de rua está desmobilizado ainda, a rede Manlec está operando com loja de descontos no depósito da Rua Baltazar de Oliveira Garcia. O diretor da rede, Atílio Manzoli Jr., está satisfeito.

– A abertura do depósito nos pareceu mais viável enquanto os lojistas de rua não se organizam – reconheceu Manzoli Jr., que é ainda presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).


Varig, Rio Sul e Nordeste unificam operações
Grupo triplica opções de rotas e horários com 115 aeronaves

A partir de hoje, as companhias aéreas Varig, Rio Sul e Nordeste passam a operar em conjunto. Com essa aliança operacional, serão 115 aeronaves em serviço o que vai ampliar em três vezes as opções de rotas e horários.

A integração da malha aérea das três empresas resultará na unificação das reservas e do atendimento nas lojas e aeroportos. Para o Estado, no entanto, estão reservadas algumas novidades a partir de hoje, como a ampliação de dois para oito vôos diários para o aeroporto de Curitiba (PR), a adição de mais uma decolagem com destino a Congonhas (SP), além das 10 feitas atualmente, e dois vôos para Santos Dumont (RJ) com escalas em São José dos Campos (SP) – até então, havia parada em Congonhas (SP).

A integração dos serviços vai marcar ainda a retomada das operações para o aeroporto de Londrina (PR). O terminal de Montevidéu, no Uruguai, também passa a receber um segundo vôo diário de Porto Alegre. Nas ligações de grande demanda, entre aeroportos centrais de Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Vitória, será utilizado amplamente o conceito de ponte aérea, com a oferta de vôos em intervalos de até 15 minutos.

Uma das mais modernas aeronaves, o Boeing 777 começa a servir os passageiros gaúchos a partir do dia 9. O avião tem capacidade para 280 passageiros. A aeronave fará a ligação diária Porto Alegre/Guarulhos (SP), seguindo para Paris e Amsterdã, o mais novo destino da Varig.


Artigos

A questão demográfica
Cid Roberto VaskeCID

É a regra: os raciocínios em torno do crescimento populacional e suas conseqüências imediatas limitam-se aos problemas da fome e da pobreza absoluta que acometem expressivos contingentes de criaturas humanas. Não se apercebem os otimistas pensadores de que várias outras necessidades básicas exigem dos governos um planejamento complexo no intuito de assegurar, para todos os indivíduos, saúde, educação, segurança, lazer, emprego, aposentadoria e várias outras diretrizes que permitam o equilíbrio social. Neste sentido, a discussão deveria inscrever-se no plano da articulação de dois processos: o da elaboração de políticas demográficas adequadas (que privilegiem os direitos do cidadão como sujeito social, assumindo-o como interessado primeiro no conhecimento de si mesmo) e que andem, pari passu, com políticas de desenvolvimento econômico.

Existe um filme disponível nas locadoras que tem como título em português O Jantar. É uma película italiana que transcorre inteiramente dentro de um restaurante e que apresenta o encontro de grupos distintos de pessoas e seus variados gostos e interesses. Em determinada mesa, num grupo de homens conversando, um deles diz: “...falemos de política; direita, esquerda, partidos, eleições, candidatos – mas que não se fale de distribuição de renda, que esta, como se sabe, já está distribuída...”

O planeta já dá sinais de erosão que o homem e suas necessidades provocam

Ora, políticas racionais de planejamento, por si só, recaem nesta crua realidade, a de que a natureza humana não é propensa a distribuições eqüitativas. Esta prática requer ser construída, coisa que se está tentando fazer, na história da humanidade, há bem pouco tempo, e a duras penas.

E, como muitos querem, se o problema da fome e produção de alimentos já se mostra contornável, o que dizer da água potável para todos? Se estimarmos que para cada ser humano são necessários 40 litros diários, projetemos: em 69 anos de existência que, se supõe, possa, pelo menos, cada pessoa viver, teremos 1 milhão de litros consumidos per capita. E que deverão, ao longo desse tempo, estar disponíveis na qualidade adequada. Multipliquemos por 6 bilhões (como número de referência da população mundial, que aumenta a cada dia). E a água para os processos industriais?

Então, nada de pessimismo. Ser realista é encarar a verdade do fato: o planeta já dá sinais da erosão que os homens e suas necessidades ilimitadas provocam. É tempo de se fazer alguma coisa. Que tal a difusão de políticas de educação para o controle da fecundidade, com conseqüente controle da natalidade e estimativa censitária de quantas pessoas podem viver com qualidade de vida nos nossos municípios, Estados e no país?


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Anistia e indenização
Quase mil ex-presos políticos de Santa Catarina aguardam as indenizações previstas na Medida Provisória 2.151 editada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso com objetivo de encerrar o processo de indenizações devidas a milhares de brasileiros beneficiados com a lei de anistia. A categoria está mobilizada porque, até agora, no caso de Santa Catarina, nenhum ex-preso político foi ainda indenizado como prevê a MP. O ex-ministro José Gregori, que agora é o embaixador do Brasil em Portugal, deu atenção especial ao importante tema, limitando-se porém a honrar as indenizações de anistiados com renome nacional. Recentemente o presidente do PT, deputado José Dirceu, recebeu a indenização prevista em lei. Antes dele, outro deputado e ex-ministro Aloísio Nunes Ferreira (PSDB-SP) também fez jus à indenização.

A mobilização dos ex-presos políticos catarinenses ganhou força com a criação da Associação Catarinense de Anistiados Políticos – Acap, presidida por Carlos Fernando Priess. A diretoria da entidade já enviou à bancada catarinense no Congresso e à mídia nacional um apelo para que a s indenizações sejam pagas e o processo de anistia concluído. Também estão enviando às assessorias dos candidatos à sucessão presidencial apelo para que essa questão seja incluída na pauta das prioridades de governo, para quem sair eleito das urnas, em outubro. No Ministério da Justiça, a comissão provisória encarregada de examinar os processos informa que até agora dos 9,9 mil processos em exame apenas 52 anistiados receberam indenização com pagamento único. Existem ainda mais de 3 mil processos que continuam no protocolo. A comissão, através de três câmaras, examina os casos de anistia na administração pública direta, indireta e militar.

As desconfianças dos anistiados políticos catarinenses e de outros Estados, de que está sendo dada prioridade às figuras proeminentes, em detrimento ao direito de outros até mais necessitados, é contestada pelo Ministério da Justiça que alega estar examinando os processos pela ordem do protocolo. Com as limitações orçamentárias, os anistiados com direito a indenização já sabem que terão que se manter mobilizados por muito mais tempo.


JOSÉ BARRIONUEVO

Frente Trabalhista aposta na polarização
Num Estado com um comportamento diferenciado em relação ao embate nacional, a Frente Trabalhista aproveitou o último dia da Expointer para marcar presença na eleição no Rio Grande do Sul, em que o representante do PPS, ex-governador Antônio Britto, desponta como o candidato do partido com melhores índices. Patrícia Pillar foi a grande estrela, ao lado de Ciro Gomes, Leonel Brizola, Britto, Sérgio Zambiasi e José Fogaça. A ação conjunta dos principais líderes da Frente Trabalhista ajuda a consolidar a vantagem do ex-governador em relação a Tarso Genro.
Apesar do crescimento de Germano Rigotto, de 5% para 9%, e de Celso Bernardi, de 6% para 7%, nada indica que haja uma reversão na tendência de polarização entre Tarso, do PT, e Britto, do PPS.

Ciro baixa no RS
A pesquisa do Ibope no RS contrasta com outras avaliações, incluindo o Datafolha na edição de hoje, mostrando que Ciro Gomes perde espaço no Estado em que obtinha seus melhores índices. Diferentemente de Britto, que lidera com folga as pesquisas, Ciro caiu de primeiro para o terceiro lugar, abaixo do índice nacional, em que continua classificado para o segundo turno ao lado de Lula. No RS, o candidato do PT recuperou a vantagem, acima de Tarso, segundo colocado.

Lula recupera vantagem
Num Estado que lhe deu sempre vantagem em três eleições, Lula volta a ocupar a primeira posição. A incontinência verbal de Ciro conseguiu fazer com que o petista superasse a resistência existente em relação ao desempenho de Olívio no governo do Estado. A vantagem de Lula comprovada no Ibope representa um estímulo para Tarso, que corria o risco de perder a eleição no primeiro turno.

Segundo turno assegurado
A 35 dias da eleição, a campanha no RS mais uma vez tem características próprias. Há uma oscilação nos índices, com o crescimento dos dois candidatos afastados da polarização, Rigotto e Bernardi, que crescem a partir de bons programas na TV. O crescimento dos candidatos do PMDB e do PPB apontam para a realização do segundo turno.

Presidenciável ajuda Tarso no RS
Lula vem amanhã para participar de comícios em Passo Fundo, Caxias do Sul e Porto Alegre, disposto a ajudar Tarso Genro, que enfrenta a rejeição existente em relação ao PT no RS. A reprovação ao governo Olívio não chega a atingir a campanha de Lula, que volta a liderar a eleição no RS com grande vantagem. No dia 27, Lula volta para comícios em Santa Maria e na Capital. Com o desgaste do governo do Estado, Tarso sustenta sua campanha no favoritismo de Lula como candidato a presidente.

Contra o autoritarismo
Candidato a vice de Britto, Germano Bonow participou ontem da reunião em Cidreira em que a prefeita Custódia Sessim (PTB) lembrou a liderança do deputado no Litoral Norte. Bonow fez 16 mil votos na região para a Assembléia. O candidato a vice disse que a eleição coloca frente a frente duas propostas: uma em que pontifica a liberdade e a democracia e outra em que prevalece o autoritarismo, que discrimina quem não usa estrelinha no peito.

Vice reforça campanha
Miguel Rossetto entrou para valer na campanha de Tarso. Em sua primeira manifestação, o candidato a vice tocou na ferida de Britto, principal adversário do PT. Lembrou citação de Ciro em entrevista no Atualidade, em que o presidenciável do PPS critica o tráfico de influência cometido por pessoas que passaram pelo setor público para o privado. Observa que a crítica acerta em cheio Britto, que foi trabalhar no Opportunity. Lembra que o ex-governador ganha uma pensão de mais de R$ 8 mil exatamente para ter condições de subsistência, respeitando a quarentena.

Jeito petista de governar
A Editora Mercado Aberto lança no dia 10 O Jeito Petista de Governar – o Exemplo de Porto Alegre, uma análise do fenômeno ímpar causado pelo fato de um mesmo partido governar a capital pelo extenso período de 14 anos. Com textos de Plínio Zalewski, Fernando Schüller, Gunter Axt, Hélio Gama, Jandira Feijó, Daltoé Cesar, Alfonso Garcia, Daniel Andrade, Jorge Barcelos, Valcir Quebra Mola Ascari, Edson Dorneles e Cézar Busatto, o livro sistematiza fatos e ressalta que a falta de alternância de poder produz a onipotência, o vício da inércia e, fundamentalmente, a sensação de impunidade. A coletânea revela a situação da infância abandonada de Porto Alegre, bem como o descaso com nossa memória cultural; desconstrói o mito “do fazer petista” e fala da situação da sua infra-estrutura; enfrenta o tema da democracia participativa e os dilemas da classe média.


ROSANE DE OLIVEIRA

Tempo de oscilações
Se somente 57% dos eleitores já escolheram os dois candidatos ao Senado, há um largo terreno a ser conquistado nos próximos dias pelos que concorrem às duas vagas do Rio Grande do Sul. No rascunho do voto de 16% dos eleitores permanece aberta a segunda vaga. Outros 18% ainda não escolheram nem o primeiro, nem o segundo nome. Conclusão óbvia: corre sério risco de quebrar a cara quem considerar páreo corrido uma eleição que só vai ocorrer daqui a 34 dias.

Nem Sérgio Zambiasi, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto, pode se considerar eleito. Embora represente uma queda de nove pontos percentuais em relação ao Ibope do início de agosto, o índice de 37% obtido por Zambiasi no último levantamento é muito próximo do registrado na pesquisa do Cepa de 13 e 14 de agosto.

A grande diferença entre os dois institutos está na segunda vaga. Nos três levantamentos realizados pelo Ibope até agora, é José Fogaça quem aparece em segundo lugar. Na pesquisa realizada pelo Cepa-UFRGS nos dias 13 e 14 de agosto, era Emília a segunda colocada.

A pesquisa de intenção de voto para presidente da República no Rio Grande do Sul é reveladora do comportamento volúvel do eleitor nesta fase da campanha. Depois de estar a um ponto de Luiz Inácio Lula da Silva na liderança, com 30% das intenções de votos dos gaúchos, Ciro Gomes perdeu oito pontos em um mês e está dois pontos atrás de seu arquiinimigo José Serra. Embora isso signifique empate técnico, a curva é desfavorável a Ciro e repete a evolução do seu desempenho em nível nacional.

Na pesquisa do Datafolha divulgada neste fim de semana, Ciro caiu de 27% para 20% – apenas um ponto a mais do que Serra. E, dado mais significativo, Lula abriu uma vantagem de sete pontos percentuais na simulação de segundo turno. Na pesquisa anterior os dois estavam empatados em 45%.

É curioso que Ciro tenha caído tanto no Rio Grande do Sul numa semana em que esteve em evidência por conta do primeiro comício conjunto com Antônio Britto e Leonel Brizola, na Fronteira Oeste. Sinal de que nada é mais poderoso do que a campanha na televisão – ou de qu e o getulismo já não é capaz de comover os eleitores.


Editorial

FRAGILIDADE PARTIDÁRIA

É preocupante que, apesar dos esforços da Justiça Eleitoral para afirmar o caráter nacional das agremiações políticas, mediante a verticalização das coligações, se venha constatando em verdade no Brasil na atual campanha a supremacia dos candidatos sobre os partidos. A resolução de fevereiro do TSE visava antes de tudo a valorizar as legendas, posto que tendia a priorizar programas e doutrinas ao invés de individualidades, abrindo caminho para que se agrupassem, em todo a nação, siglas cujos ideários se aproximassem. Por isso mesmo só pode ser tomada como um passo significativo na evolução da convivência democrática neste país.

Deploravelmente, no entanto, o que ora se vê, como alerta judiciosamente o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Fernando Luiz Abrucio, é a derrota dos fins partidários para o personalismo dos candidatos. Confirma-se assim a velha máxima brasileira de que mais vale guiar a política por nomes do que por agremiações. A conseqüência é o enfraquecimento de grandes legendas, a criação de coalizões inconsistentes e o predomínio da imagem dos presidenciáveis sobre eventuais programas partidários. A par disso, retomam fôlego os regionalismos, reavivam-se dissidências locais, multiplicam-se os casamentos de ocasião.

Apesar das ingentes dificuldades da economia, não se pode perder de vista a necessidade de uma ampla reforma política

Ora, na maior parte dos países desenvolvidos, os partidos ainda constituem o principal produtor de alternativas, um ponto essencial ao apoio consistente e sistemático dos governantes, especialmente nos momentos mais críticos e, sobretudo, são contrapeso fundamental a qualquer tentativa de ação unipessoal ou ao reforço desmedido do Executivo. Importa ter em mente ainda que o objetivo dos partidos, em uma democracia, é a conquista do poder. Assim, representam eles, ou deveriam representar, parcelas da opinião pública que têm as mesmas convicções e interesses.

Eis aí questões sobre as quais se deveriam debruçar não apenas os estudiosos da matéria, mas quantos têm parcela de responsabilidade no cenário político desta nação. Apesar das ingentes dificuldades econômicas que atravessamos, não se pode perder de vista a imperativa necessidade de que se processe no Brasil uma ampla reforma política. Será esse o instrumento por excelência para que se estimule a formação ou a consolidação de agremiações com forte apoio popular, identidade definida, plataforma conhecida, pregação congruente.

A esse objetivo se poderiam acrescer outros, também relevantes, como o instituto da fidelidade, a adoção da cláusula de barreira, a introdução do voto distrital misto, a consagração da igualdade do sufrágio, a edição de uma legislação eleitoral com vocação à permanência. Pois não será por outra via que a democracia deitará raízes fortes na consciência dos cidadãos brasileiros.


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09/02/2002


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