General Cardoso garante que não há rede de terrorismo no Brasil



Não há qualquer indício da existência de uma rede de apoio financeiro a grupos terroristas na região da fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai. A afirmação foi feita nesta terça-feira (27) pelo ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Alberto Cardoso, em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores (CRE).

- O governo brasileiro tem a certeza de que, até agora, não há indícios de qualquer atividade de apoio ao terrorismo na área da tríplice fronteira - afirmou.

O presidente da CRE, senador Jefferson Peres (PDT-AM), disse que o ministro tranqüilizava o país ao informar que as suspeitas levantadas pelos americanos e pela imprensa eram infundadas. "Tirou uma nuvem que pairava no país e deixava mal a comunidade árabe", avaliou.

Cardoso explicou que Tesouro americano divulgou uma lista, na semana passada, onde constam quase 60 países que estão sob a forte suspeita de que tenha saído deles algum apoio ao terrorismo internacional, e o Brasil não está nessa lista. Ele revelou ter dito a órgãos de inteligência norte americanos e ao Departamento de Estado em Washington, que não há indícios de uma rede de apoio financeiro ao terrorismo no Brasil.

- Não achamos que o Brasil esteja imune a atos terroristas. A possibilidade é baixa, mas não nos deixa numa posição de confortável irresponsabilidade - disse.

Cardoso disse aos senadores que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) troca informações com órgãos de inteligência de outros países da América do Sul, mas não dispõe de estrutura para rastrear movimentações financeiras fora do Brasil. Ele acrescentou que tem muito cuidado com dados, estimativas e estatísticas divulgados sem a necessária base científica.

- Qualquer dado que sinalize para uma vulnerabilidade do estado, é checado por nós, inclusive no exterior - assinalou.O senador Romeu Tuma (PFL-SP), autor do requerimento por meio do qual o general foi convidado para a audiência pública, chamou a atenção para os vínculos entre narcotráfico, contrabando de armas, remessa ilegal de dólares e lavagem de dinheiro na região de fronteira. Ele defendeu a criação de uma força-tarefa formada por agentes da Polícia Federal e da Receita Federal para atuar naquela área e lembrou que existe uma permanente vigilância da polícia e do Exército na fronteira por causa da importância estratégica de Itaipu.

Respondendo ao senador Tião Viana (PT-AC), o general disse que não há laços entre o terrorismo internacional, especialmente o caracterizado pelo fanatismo religioso, com o narcotráfico na América Latina.

O senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) disse que o governo brasileiro deveria dar uma demonstração de solidariedade à colônia árabe instalada no Brasil. Ele observou que existem atividades ilícitas em todas as regiões de fronteira do mundo, mas nem por isso todos os que vivem nessas regiões são bandidos, traficantes ou terroristas.

O senador Luiz Otávio (PPB-PA) manifestou preocupação com declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso oferecendo abrigo a refugiados afegãos no Brasil. O general explicou que a declaração do presidente torna-se uma diretriz para o governo e que estudos estão sendo feitos para, se for o caso, preparar a recepção aos refugiados. O senador Artur da Távola (PSDB-RJ) perguntou sobre a possibilidade de os ataques especulativos ao mercado financeiro terem sido patrocinados por segmentos terroristas. Cardoso disse que a hipótese é "muito provável" e que seria "muito inteligente" aplicar no mercado financeiro tendo a informação de que um atentado o faria oscilar.

27/11/2001

Agência Senado


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