GERALDO CÂNDIDO DEDICA DISCURSO A VÍTIMAS DA DITADURA
As 424 pessoas relacionadas pelo livro Dos Filhos Deste Solo, do deputado Nilmário Miranda (PT-MG), que morreram vítimas da repressão do regime militar foram homenageadas nesta quinta-feira (dia 19) pelo senador Geraldo Cândido (PT-RJ) na continuação das comemorações dos 20 anos da Lei de Anistia. O senador pediu que não se reduza o debate sobre o regime pós-64 a "supostos vencedores e vencidos".- No período em que o país foi submetido à perversa doutrina de segurança nacional, houve somente um grande derrotado: o povo brasileiro - sintetizou.Geraldo Cândido fez um histórico do regime militar, apresentando as razões que levaram setores da esquerda brasileira a optarem pela estratégia da luta armada.- A ditadura desde o início perpetrou atrocidades contra o povo e a nação brasileiros. Foi deposto um governo legitimamente eleito pelo voto popular. Cerca de dez mil brasileiros foram forçados ao exílio. Milhares de pessoas foram presas e torturadas e tiveram seus direitos políticos cassados. O determinante para o surgimento da ação armada foi o fechamento dos canais legais de participação política, o arbítrio generalizado - afirmou.O senador criticou os que qualificam como "revanchismo", a tentativa de apurar os fatos praticados nos 21 anos de exceção. "Apurar os fatos abomináveis de um dos períodos mais cruéis de nossa história mantém acesa a esperança por justiça", disse.Em aparte ao discurso, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) lembrou que o perdão de ambos os lados é o principal fundamento da anistia.- Algumas pessoas não perdoaram até hoje. A anistia é lei, vale seja para quem for. Deve ser cumprida com a maior amplitude possível - defendeu.
19/08/1999
Agência Senado
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