GERALDO CÂNDIDO HOMENAGEIA ZUMBI E JOÃO CÂNDIDO



O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) homenageou nesta quarta-feira (dia 22) a memória de Zumbi dos Palmares e o transcurso dos 90 anos da Revolta da Chibata, movimento liderado pelo marinheiro João Cândido, conhecido como o Almirante Negro. O senador lembrou a instituição de um novo feriado na cidade do Rio de Janeiro dedicado a Zumbi dos Palmares, no dia 20 de novembro, e o lançamento da pedra fundamental de um monumento ao marinheiro João Cândido, em cerimônia realizada na Praça 15.

Geraldo Cândido lembrou que o Quilombo dos Palmares não abrigou apenas escravos negros fugitivos, mas também brancos e índios oprimidos pela sociedade colonial, o que fez dele um símbolo de democracia e de efetiva interação entre as raças.

- Nossa sociedade ainda não conquistou tal respeito pelas diferenças entre raças e culturas. Negros e índios encontram-se hoje na posição de excluídos, isto para falar apenas de discriminação racial, pois mulheres e idosos também sofrem a exclusão - afirmou.

Com base em documento apresentado na Conferência Mundial de Combate ao Racismo, o senador denunciou o veto do presidente Fernando Henrique Cardoso à educação de jovens e adultos e o desestímulo à educação infantil, no âmbito da lei que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). O veto, disse o senador, pode representar uma concepção educacional do governo, mas, também, constituir uma atualização da legislação brasileira que interditava aos negros o acesso à educação, como ocorreu no Brasil Colônia e no Brasil Império.

O senador recordou que a chamada Revolta da Chibata ocorreu devido ao hábito dos oficiais da Marinha de Guerra brasileira de aplicar castigos corporais aos marinheiros, prática abolida desde 1881 na marinha inglesa. Para Geraldo Cândido, o sentido racista e desumano do uso da chibata para punir os marinheiros fica claro no depoimento de um oficial da arma, publicado no livro Política Versus Marinha, de 1911, para quem "o maior problema da Armada estava na cor dos marinheiros". Segundo estimativa do oficial, 50% dos marinheiros eram negros, 30% mulatos, 10% caboclos e 10% brancos "ou quase brancos".

22/11/2000

Agência Senado


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