GERALDO CÂNDIDO LEMBRA "REVOLTA DA CHIBATA"
A história do Brasil é, em grande medida, uma história de injustiças sobre injustiças, afirmou o senador Geraldo Cândido (PT-RJ) ao homenagear João Cândido, líder da "revolta da chibata", o levante dos marinheiros em 1910. De acordo com o senador, a situação da Armada nacional na época espelhava de forma amplificada séculos de hierarquia, e nenhuma mudança visível parecia ali ter se dado, mesmo após a Abolição, imperando entre oficiais e marinheiros o mais profundo abismo. - As práticas de castigos corporais, o mais aviltante dos quais era a chibata, eram realizadas sem nenhum critério - esclareceu o parlamentar.O senador lembrou que a maior parte das tentativas históricas de enfrentar a "arrogância dos poderosos" foram massacradas. Mas, o levante de João Cândido, ao contrário obteve o êxito de submeter o regime e obrigá-lo a suprimir o castigo da chibata. "Precisamente por isso não escaparam à fúria das autoridades nacionais, abatendo-se sobre os sobreviventes a mais feroz repressão", disse o senador, acrescentando que João Cândido e seus companheiros "amargaram décadas de injustiça e perseguições".- A censura que se abateu sobre a história de João Cândido durante todo o século XX foi total. Enquanto teve condições para isso, o sistema atuou no sentido de proibir a mínima menção de seu nome, ou do título que recebeu, o de Almirante Negro, pela competência com a qual manobrou a esquadra na baía de Guanabara. A aparição do herói de 1910 nos dramáticos eventos da revolta dos marinheiros de 1964 nos explica uma das razões dessa censura - afirmou.Geraldo Cândido disse que a ditadura militar iniciada em 1964 provou que o quadro de desrespeito e injustiça continuava presente na Marinha de Guerra e mantinha íntima relação com a situação geral de arbítrio e exploração do país. "Dessa forma, a União de Mobilização Nacional pela Anistia, associação que reúne os marinheiros rebelados de 64, não poupou esforços nas últimas décadas em difundir o legado de luta de João Cândido", informou.
30/06/2000
Agência Senado
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