GERALDO MELO CONCLAMA OPOSIÇÃO A ELABORAR PROPOSTAS CONCRETAS
Ao comentar o tumulto ocorrido quarta-feira passada (dia 20) durante manifestação em frente ao Congresso - organizada pelos partidos de oposição, que, no entanto, condenaram excessos de manifestantes -, o senador Geraldo Melo (PSDB-RN) conclamou hoje (dia 22) a oposição a trazer suas propostas alternativas de governo para serem debatidas dentro do Congresso. "Ao ver líderes oposicionistas desautorizando a desordem, eu me encho de esperança", disse.
- O Brasil precisa de oposição organizada, não de um exército de cidadãos irados que não querem pensar nem apresentar propostas, preferindo atacar caminhões de alimentos para flagelados da seca, quebrar vidros e invadir prédios, pensando criar uma situação em que o governo perca o controle da ordem pública e eles possam se beneficiar eleitoralmente", destacou.
Depois de afirmar que "não se trata de desordem, mas de mostrar competência", o senador disse que o Brasil tem problemas sérios como balança comercial, atendimento à saúde, seca no Nordeste. "Quais são as propostas da oposição para essa problemática?", perguntou, dizendo que, em alguns casos, o governo está repetindo fórmulas de 40 anos atrás, quando devia estar procurando soluções criativas. Enquanto isso, acrescentou, a oposição se limita a votar não.
Em aparte, o senador Lúdio Coelho (PSDB-MS) reiterou que o Brasil precisa de idéias novas. "Edmar Bacha, por exemplo, propõe que seja criada uma Comissão Mista Executivo-Legislativo para acompanhar as despesas de cada ministério, observando o disposto no orçamento. Nesse particular, a oposição poderia ter um papel fiscalizador de destaque, acabando com os abusos das empreiteiras que cobram mais caro, porque custam a receber seu pagamento", acentuou.
Ao finalizar, Melo afirmou que esse tipo de proposta não configura um parlamentarismo disfarçado. "O povo brasileiro já opinou duas vezes, nas décadas de 60 e 90, a favor do presidencialismo. Isso é assunto ultrapassado. O que precisamos obter é uma modernização do presidencialismo, onde a responsabilidade de governar possa ser compartilhada entre Executivo e Parlamento. É assim no Estado paradigmático do sistema presidencial, os Estados Unidos da América".
22/05/1998
Agência Senado
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