GERALDO MELO PERGUNTA SE DISCURSO DE BEZERRA.ERA SUGESTÃO PARA QUE ELE DEIXASSE BASE GOVERNISTA



Ao apartear o senador Fernando Bezerra, que fazia pronunciamento defendendo o governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi Filho, de denúncias apresentadas na semana passada sobre irregularidades na sua administração, o próprio parlamentar que havia apresentado as acusações, senador Geraldo Melo (PSDB-RN), perguntou nesta quarta-feira (dia 2) a Fernando Bezerra, que é líder do governo, se seu discurso significava uma sugestão para que se desligasse da base governista.Geraldo Melo disse que considerava impossível Fernando Bezerra separar sua condição de líder do governo do discurso que estava fazendo. Acrescentou que, como membro da bancada governista, estava se sentindo exposto a um constrangimento pelo qual achava que não devia passar. Por esse motivo, quis saber se a defesa de Fernando Bezerra do governador era um recado para que se desligasse do governo.Respondendo a Geraldo Melo, Fernando Bezerra repetiu que seu pronunciamento não tinha sido feito como líder do governo, mas como representante do Rio Grande do Norte. Afirmando que não abre mão de cumprir este papel, ele frisou que no momento em que sentir que a liderança do governo conflita com a defesa dos interesses do seu estado, renunciará.Em um dos vários apartes que fez, Geraldo Melo disse que não negava a construção de vários quilômetros de adutoras pelo governo do Rio Grande do Norte, mas ressaltou que existem outras centenas de canos de adutora armazenados na entrada de vários municípios, onde sequer existem projetos para a chegada da água. "Os canos foram usados como out-door, para ganhar a eleição", afirmou.Quanto à merenda escolar, que teria sido paga e não entregue, o senador pelo PSDB disse que apesar de o governo ter feito uma sindicância, o resultado nunca foi divulgado. Geraldo Melo afirmou que apenas quando foi instalada uma CPI, "contra a vontade de Garibaldi", é que se chegou a alguma providência, quando as conclusões foram remetidas ao Ministério Público e a sentença condenou várias pessoas, entre elas a secretária estadual de Educação da época.Em outro aparte, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) argumentou que a passionalização das questões da "província" não deveria interferir no relacionamento no Senado. Para ele, Fernando Bezerra cumpriu o seu papel ao defender o governador. "Ficaria mal se, como representante do Rio Grande do Norte, companheiro de partido, vossa excelência respondesse com o silêncio ao pronunciamento de Geraldo Melo".Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) aconselhou que o debate entre os dois senadores potiguares não alterasse o respeito e a amizade que um sente pelo outro. Ele sugeriu que os dois encerrassem a discussão, dessem um abraço e fossem cuidar de resolver os problemas do Brasil.Por outro lado, o senador José Agripino (PFL-RN) pediu que Fernando Bezerra defendesse a prorrogação do prazo de uma CPI que está investigando a aplicação dos recursos da companhia de energia elétrica do estado. Ele informou que existe uma manobra patrocinada pelo governo para acabar com a investigação. Bezerra respondeu que não cabia a ele fazer tal apelo, mas que levaria o assunto ao governador.Por último, o senador Sérgio Machado (CE), líder do PSDB, disse, em nome do seu partido, que jamais aceitaria a saída de Geraldo Melo da bancada governista. Fernando Bezerra respondeu que, se fosse o caso, ele próprio deixaria a liderança do governo.

02/06/1999

Agência Senado


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