Geraldo Mesquita destaca genialidade de Euclides da Cunha
O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), durante discurso em homenagem à memória de Euclides da Cunha pela passagem do centenário de seu falecimento, afirmou que a genialidade do escritor justifica que, mesmo depois de cem anos de sua morte, ele continue sendo "cultivado no Brasil e no exterior, pela obra que criou, pelos feitos realizados e pela lucidez de sua inteligência tão intensamente revelada".
Mesquita Júnior disse que a homenagem não se destinava "só a celebrar o homem que revelou o Brasil atormentado, sofrido, desconhecido e à margem da história aos brasileiros de sua geração", mas era também "um pleito de gratidão àquele que chefiou a comissão mista de reconhecimento e fixação dos limites entre o Brasil e o Peru e foi um escritor brilhante".
- Não celebramos aqui apenas o homem e sua obra, mas sua glória, sua história, os serviços inestimáveis que prestou ao país e a obra extraordinária que ele legou à posteridade. Nós não só o admiramos como o reverenciamos - declarou.
O que o Brasil e os intelectuais brasileiros devem a Euclides da Cunha, a ponto de criarem a categoria de "euclidianos", aqui e no exterior, disse ainda Mesquita Junior, o Acre lhe deve pelo coroamento da obra de Plácido de Castro, líder da revolução que buscava a integração do Acre ao Brasil.
- Se Plácido liderou a epopéia dos patriotas que se tornaram brasileiros pela força, de arma em punho, Euclides presidiu a delegação mista brasileiro-peruana que desbravou e tornou conhecido o Alto Purus, demarcando, depois de séculos, as fronteiras entre o Peru e o Brasil. Era a última não conhecida, não demarcada e ignorada pelo país, e que foi desbravada pelo literato, sem se deixar abater nem mesmo pela malária - lembrou o senador.
O parlamentar mencionou homenagens por todo o país, como a reedição dos artigos de Euclides da Cunha publicados a partir de 22 de dezembro de 1888 no jornal O Estado de S. Paulo, comentados pela professora Vanice Nogueira Galvão, considerada a maior especialista em sua obra. A série foi inaugurada pelo Suplemento Especial que circulou com a edição do jornal de 5 de abril desde ano. Uma equipe de reportagem também reconstituiu a expedição chefiada por Euclides da Cunha, em 1905.
Tal iniciativa deve culminar este mês com o Seminário Internacional sobre a Obra Euclidiana e uma edição especial relativa ao encontro em seu Caderno Cultural, afirmou ainda o parlamentar. Outros jornais como a Folha de S. Paulo e O Globo também dedicaram cadernos especiais a Euclides da Cunha. A editora da Universidade de São Paulo publicou no ano passado a obra Discurso, Ciência e Controvérsia em Euclides da Cunha, contendo as 12 conferências pronunciadas no seminário Refletindo sobre os Cem Anos de Os Sertões, realizado em 2003 na Universidade do Texas, Estados Unidos.
Em 2006, o parlamentar publicou em sua cota da Gráfica do Senado, o livro O Acre e a Vida Dramática de Euclides da Cunha, que se refere particularmente à passagem do filho mais velho do escritor pelo Acre, Sólon da Cunha, assassinado em Tarauacá, quando realizava uma diligência policial contra bandidos. O Senado publicou ainda os documentos que deram origem ao Tratado de Limites Brasil-Peru.
Geraldo Mesquita Junior anunciou também a aprovação no último dia 11, pela Câmara dos Deputados, de projeto de sua autoria que atribui o nome de Euclides da Cunha ao trecho da BR-364 que corta o Acre de ponta a ponta e liga o estado ao restante do país.
- Ao juntar-se a todas essas homenagens, o Senado Federal cumpre o dever de lembrar às atuais e às futuras gerações a epopéia de um brasileiro que devotou a vida a serviço de seu país, arrostando toda série de percalços, superados com resignação, obstinação e a determinação que só os fortes possuem e que só os mais lúcidos são capazes de empreender - disse o parlamentar.
18/08/2009
Agência Senado
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