Governadores firmam pacto eleitoral
Governadores firmam pacto eleitoral
Jarbas Vasconcelos, Tasso Jereissati e Roseana Sarney insistem na reedição da aliança PMDB, PSDB e PFL
BRASILIA - Os governadores e presidenciáveis Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Roseana Sarney (PFL-MA) fizeram um pacto ontem de não concorrer um contra o outro nas eleições presidenciais de 2002. É uma senha para a aliança PSDB-PFL. Os dois almoçaram ontem em Brasília com o governador Jarbas Vasconcelos (PE), que representou o PMDB governista e atuou como uma espécie de porta-voz do ministro José Serra (Saúde), principal adversário de Tasso no PSDB. "Se era uma manobra contra o Serra, era uma manobra capenga. Eu sou amigo do Serra e vejo grandes qualidades na candidatura dele", disse Jarbas.
Ele deixou claro que não concordaria com qualquer ato de hostilidade a outros candidatos e citou especificamente o nome de Serra. "Não houve contestação", relatou depois. "Não sinto entusiasmo [de Tasso e Roseana] pelo Serra, mas também não sinto restrições." Ao final do almoço, na casa de Roseana, a grande preocupação dos governadores era dizer que não havia qualquer veto ou ação contra Serra e que a intenção era justamente promover a unidade para enfrentar o candidato hoje mais forte, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
"Não é nenhuma reunião contra o ministro José Serra. Pelo contrário, só tem um objetivo: somar, parar de briga, parar de disputa boba", disse Tasso, que tenta deslanchar sua campanha. Sua explicação para o fato de Serra não ter sido convidado foi irônica: "Ele não é governador". Depois de uma pausa, acrescentou: "Por enquanto..."
O Planalto soube do almoço dos governadores semana passada, mas nada foi combinado antes com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No final da tarde, por meio do porta-voz, George Lamazi×re, FHC disse que "acha muito bom os três estarem juntos na busca de um caminho comum".
As apreensões em relação a Serra eram naturais: Tasso resolveu disputar renhidamente a indicação tucana à Presidência e Roseana, refletindo o pensamento do PFL, e afastou-se de Serra. O PFL culpa o ministro da Saúde por ter ficado de fora do comando das duas Casas do Congresso (Senado e Câmara).
Carvalho renuncia à presidência do PPS
O presidente regional do PPS, Eduardo Carvalho, encaminhou ontem sua carta de renúncia à direção do partido por divergir da decisão tomada na reunião da última segunda-feira pela Executiva Estadual. O PPS decidiu antecipar a mudança no comando da legenda, de janeiro para novembro, e nomear uma comissão encarregada de tratar de todas as negociações com os demais partidos de esquerda, em substituição ao trabalho de Carvalho.
Por telefone, o ex-dirigente disse ao DIARIO não poder entender um presidente que não possa se posicionar no partido. "Foi uma medida descabida. Nesse processo ninguém saiu fortalecido. Sob o pretexto que a situação estava trazendo prejuízo, optaram por tomar uma posição imediata sem analisar os motivos que impulsionaram esse processo", disse.
Na carta-renúncia, Carvalho relembrou ter sido eleito no último congresso do PPS por votação democrática. "Não aceito que à presidência se imponha garrote, mordaça ou cabresto. Meu trabalho foi no sentido de ajudar a construção de um partido sólido e democrático", afirmou. O ex-presidente do PPS foi acusado pelo prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra, de ser o responsável pelo esvaziamento do partido.
Ontem, o presidente nacional da legenda, senador Roberto Freire, alegou que ao falar que o PT seria um possível adversário do PPS em 2002 se referiu ao contexto nacional. O secretário municipal de Saúde, Humberto Costa (PT), e o presidente estadual do PDT, deputado José Queiroz, avaliaram as declarações de Freire como passageiras.
TJ cobra mais recursos
Embora não admita, os poderes Judiciário e Executivo vêm travando uma "guerra surda" nos últimos dias. O motivo é o valor destinado pelo Governo do Estado ao Tribunal de Justiça no projeto de lei do Orçamento de 2002, encaminhado à Assembléia Legislativa no dia 27 de setembro. Enquanto o TJ apresentou uma proposta de R$ 335 milhões, o Estado propôs R$ 239 milhões.
No entanto, numa primeira "batalha", o Judiciário levou a melhor. Depois de negociações ocorridas ao longo da semana passada entre o TJ e o vice-governador Mendonça Filho (PFL), o Governo voltou atrás. Uma emenda assinada pelo governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), publicada no Diário Oficial da última sexta-feira determina que o valor passe de R$ 239 milhões para R$ 335 milhões. Um aumento de R$ 94 milhões, num orçamento de R$ 7,7 bilhões.
O Governo, mesmo depois da emenda, aposta que as discussões na AL apontem uma saída para o impasse - o projeto deve ser votado até 30 de novembro. "Sempre mantivemos um bom relacionamento com os demais poderes e estamos conversando sobre o pleito de cada um e a realidade de caixa do Governo". Ele afirma que a emenda só foi feita porque o prazo de negociação do TJ foi muito curto.
Todavia, o relator do projeto do orçamento do TJ, deputado Ranilson Ramos (PPS), já afirmou que dará parecer favorável à proposta. Ele esteve ontem com o presidente do TJ, Nildo Nery, e com a secretária de Administração do Tribunal, Amélia Sampaio, e se convenceu da necessidade do aumento proposto pelo Judiciário.
A maior parte desta elevação é justificada pelo crédito de R$ 81 milhões que o Judiciário tem junto ao Estado. O valor é resultado de um reajuste de 11,96%, decorrente da conversão de URV em real em 1994, determinado por decisão judicial. Segundo Amélia Sampaio, a proposta do Governo se baseia no valor destinado ao Judiciário em 2001. Mas, de acordo com ela, o Tribunal passará a ter mais despesas com pessoal.
Acordo acaba com 13º para ex-deputado
Decisão será ratificada hoje durante reunião do presidente da Câmara com todas lideranças partidárias
BRASíLIA - Os mesmos líderes que assinaram o requerimento de urgência para a votação do projeto que concede 13º salário para os aposentados e pensionistas do extinto Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), decidiram ontem anular a sessão extraordinária do dia 10 que, por votação unânime, aprovou o benefício. A decisão será ratificada hoje, durante reunião do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), com todos os líderes, governistas ou de oposição.
A solução política baseia-se em dois argumentos, e é encabeçada pelos líderes do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), e do PDT, Miro Teixeira (RJ). Conforme o acordo, para anular a votação será alegado que o projeto não estava na ordem do dia da sessão extra, convocada especificamente para apreciar, em segundo turno, a emenda constitucional que cria o imposto sobre os combustíveis.
Em segundo lugar, que a votação do requerimento de urgência não foi nominal, o que fere o regimento. Em resumo, de acordo com os constrangidos deputados, houve vício de origemna votação. Se não anularem a sessão, terão direito a 13º salário os deputados conhecidos por "anões do orçamento", que, para fugir da cassação, renunciaram ao mandato em 1994. Entre eles, os ex-deputados João Alves (BA), considerado o mentor de toda a roubalheira do Orçamento da União, Manoel Moreira (SP), Cid Carvalho (MA) e Genebaldo Correia (BA), hoje prefeito de Santo Amaro da Purificação.
Todos eles são aposentados pelo IPC. João Alves, com salário integral, de R$ 8 mil. Na sessão que votou o 13º para os aposentados e pensionistas do IPC, havia no requerimento de urgência a assinatura de todos os líderes - menos de Jutahy Jr (BA), do PSDB, que estava viajando. O líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), que assinou o requerimento de urgência para permitir a votação do projeto do 13º, diz que o projeto que concedeu o benefício é de 1999 e que, atualmente, não é mais oportuno.
A proposta foi apresentada pelo então presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), sob o argumento de que a Constituição exige isonomia para os aposentados do Governo federal. A lei que extinguiu o IPC transferiu os aposentados e pensionistas do instituto para a União.
Aécioafirmou, antes da solução encontrada pelos líderes que, se fosse necessário, recorreria ao STF com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin). Argumentaria que não há dotação orçamentária para o pagamento dos benefícios aos aposentados e pensionistas.
"Os cassados ou os que perderam o mandato com receio de serem cassados não serão beneficiados. Usarei de todos os instrumentos legais para impedir isso", disse o presidente da Câmara. No total, são gastos, por ano, cerca de R$ 44 milhões com as aposentadorias de deputados e senadores e pensões de seus dependentes.
Se a proposta não for revogada, o acréscimo ao Tesouro só com o 13º salário dos aposentados será de R$ 3,7 milhões. Como o efeito é retroativo a 1999, somadas as pensões, que serão duplicadas, os cálculos são de que o Tesouro terá um rombo imediato de R$ 42 milhões. O IPC foi extinto com a aprovação da Lei 9.506, de 1997, depois de longa batalha no Congresso para pôr fim a um antigo privilégio.
Tribunal investiga governador do ES
BRASÍLIA - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) abriu ontem um novo inquérito contra o governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira (PTN), para investigar irregularidades no empréstimo de R$ 2,6 milhões concedido a ele em 1998, pelo banco do Estado, na campanha eleitoral. A suspeita surgiu porque o então candidato conseguiu o empréstimo sem precisar apresentar garantias seguras de pagamento.
O tribunal também apura acusações contra o governador em outras três investigações abertas pelo Ministério Público Federal (MPF) no Estado. Os inquéritos investigam o envolvimento de Ferreira no esquema de cobrança de propinas organizado por funcionários do alto escalão do Governo.
Esses servidores teriam roubaram pelo menos R$ 30 milhões dos cofres públicos. Há indícios de que o Banestes teria ajudado na campanha eleitoral de Ferreira em troca de favores do futuro governador a executivos do banco.
As fraudes no empréstimo do Banestes eram citadas, ligeiramente, numa das três investigações anteriores, mas oSTJ decidiu dividir o inquérito e apurar separadamente por causa da complexidade do caso. Os dois - agora três - inquéritos em andamento são considerados os mais importantes porque envolvem o governador em crimes, como formação de quadrilha, corrupção e improbidade administrativa.
VOTAÇÃO - O pedido de impedimento do governador, que havia sido engavetado pelo presidente da Assembléia, José Carlos Gratz (PFL), há um mês, deve ser votado hoje pelos deputados. Para que ele vá adiante, 20 dos 30 parlamentares precisam dizer sim à cassação de Ferreira.
A oposição, que boicotou a última votação e saiu do plenário com medo de perder no voto, acredita que, hoje, terá um número suficiente de deputados para levar adiante o impeachment. Se for aprovado, o governador ainda terá 20 dias para apresentar a defesa. Se porventura a defesa for derrotada em nova votação, o governador será afastado.
Segundo o deputado Cláudio Vereza (PT), a esquerda tinha até ontem o apoio de 17 deputados. Ignácio está cada vez mais isolado, politicamente, desde que foi obrigado a deixar o PSDB. Ele foi para o PTN, fazendo uma aliança com pequenas legendas - que herdaram os deputados fiéis ao governador.
Com medo de que a Assembléia vire um campo de batalha, como ocorreu na primeira tentativa de votação da cassação, a PM interditará as ruas que circundam a Casa.
Lula apresenta programa
BRASÍLIA - Como parte de sua campanha à Presidência da República, o presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou, ontem, no Senado, o texto final do projeto Fome Zero sem propostas polêmicas, como a que instituía a cobrança de 5% sobre as contas de restaurantes de luxo. Também foi retirada da proposta, feita pelo Instituto Cidadania (IC), a sugestão para a criação do Ministério Extraordinário para o Combate à Fome.
O Fome Zero estabelece, entre vários pontos, a necessidade de se elevar o salário mínimo para US$ 100 - o equivalente hoje a R$ 277. Segundo Lula, o projeto é uma das formas de acabar com a fome e a miséria no país. "Obviamente este projeto só será executado quando o combate à fome for prioridade. Pelo que tenho lido na Imprensa estamos trabalhando contra a maré. Pelo que me parece foi cortado da peça orçamentária o dinheiro para as políticas sociais", afirmou ele.
O projeto Fome Zero é um sistema que inclui políticas públicas necessárias para o combate a fome. A principal novidade no projeto é um sistema de cupons semelhante aos programas de food stamps existentes nos Estados Unidos e no México. A família inscrita no programa teria obrigações como provar que mantém os filhos na escola enquanto que os pais participariam de atividades de qualificação profissional.
Lula sugeriu que as ações comecem, rapidamentem com as prefeituras, independente dos partidos que as gerenciam. "O PMDB, o PTB, todos podem colocar o programa em prática, pois não queremos a paternidade do projeto", disse Lula. Ele explicou que a primeira etapa do trabalho é o cadastramento dos famintos em cada cidade, o que pode ser feito com o auxílio de organizações não-governamentais (ONGs) e igrejas, independentemente do credo a que pertençam.
Aeronáutica busca ossadas no Araguaia
BRASÍLIA - Um grupo de deputados, geólogos e parentes de desaparecidos políticos embarcou ontem para a região onde aconteceu a guerrilha do Araguaia, em meados dos anos 70, no Pará. A comitiva vai procurar as ossadas de 59 guerrilheiros que não foram encontrados até hoje. Pela primeira vez, as Forças Armadas participarão oficialmente dessa busca. O Comando da Aeronáutica cedeu um helicóptero para o deslocamento do grupo. A esperança dos parlamentares de encontrar os restos mortais dos guerrilheiros está depositada na presença do coronel da reserva Pedro Corrêa Cabral, da Aeronáutica que, durante a guerrilha, atuou na Operação Limpeza, transportando corpos de helicóptero.
"Estamos confiante na memória do coronel", disse o deputado Luiz Eduardo Greenhalg (PT-SP), um dos organizadores da expedição. Em maio, o coronel confirmou sua participação nas ações e se colocou à disposição dos deputados. A comitiva viaja num avião cedido pela Força Aérea Brasileira.
O grupo deve ficar uma semana no Pará. Greenhalg disse que hoje sobrevoam a Serra das Andorinhas, em São Geraldo do Araguaia, onde podem ter sido enterrados os guerrilheiros. Acompanham a procura das ossadas parentes de Dinaelza Coqueiro (que usava o apelido de Maria Dina), Líbero Jeancarlo Castiglia (o Joca), Paulo Roberto Marques (Amauri) e Cilon da Cunha Brum (Simão).
FHC abre diálogo com grevistas
Acordo entre servidores está mais próximo do que com professores
BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu intervir pessoalmente no impasse entre o Ministério da Educação e os sindicalistas das universidades federais, para acabar com a greve de professores e servidores técnico-administrativos.
Após 56 dias de paralisação dos docentes e 83 dos funcionários, o presidente reúne-se hoje, às 9h30, no Palácio do Planalto, com o ministro Paulo Renato Souza e líderes dos partidos no Congresso, que há duas semanas intermediam as negociações.
No encontro, FHC analisará a proposta de reajuste salarial elaborada pela comissão de Educação da Câmara. Mais tarde os sindicalistas terão reunião com representantes do Ministério da Educação.
A proposta que os parlamentares vão apresentar ao presidente visa garantir a incorporação, aos salários, de vencimentos que hoje são pagos na forma de gratificação.
Isso produziria reajustes que dariam uma despesa global de R$ 750 milhões por ano. Desse total, R$ 500 milhões seriam usados para aumentar de 15% a 50% os saláriosdos servidores da área técnica e administrativa. Já os professores receberiam em média mais 12%.
Um texto elaborado pela Comissão de Educação da Câmara foi discutido ontem com representantes da Federação de Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras e do Sindicato dos Docentes.
A Fasubra reagiu, a princípio, de forma positiva e emitiu sinais de que pode pôr fim à paralisação dos servidores, que se arrasta desde 25 de julho. No final da tarde, seus dirigentes se reuniram com a secretária de Ensino Superior do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, para acertar detalhes.
A entidade obteve a garantia de que será incorporada ao salário a chamada Gratificação de Atividade Executiva, que hoje representa uma fatia significativa dos rendimentos totais dos servidores, pois equivale a 160% do salário-base dos funcionários da área técnica e administrativa.
A situação é mais complicada no caso dos professores. Os dirigentes do Andes evitaram afirmar publicamente que estavam de acordo com os R$ 250 milhões garantidos pela Câmara no Orçamento de 2002.
A estratégia dos sindicalistas era aumentar a margem de negociação e ir além da incorporação da Gratificação de Estímulo à Docência. "Com R$ 450 milhões, a pauta econômica da greve estará resolvida", disse o presidente do Andes, Roberto Leher.
Artigos
O fundamentalismo rubro-negro
Milton Coelho Neto
Durante mais de vinte anos tenho sido um amante, silencioso e apaixonado pelas cores do Sport Club do Recife. E de tão ligado a esta paixão os amigos de um tempo para cá foram me introduzindo nos assuntos internos do Sport onde fui Conselheiro no biênio 1999/2000 e diretor de Futebol Amador por três meses. O acaso me proporcionou, então, oportunidade de conhecer a luta política interna, principalmente após as eleições de dezembro de 2000, que elegeu o atual Conselho e, contrariando a história do clube, expurgou homens de grande contribuição à grandeza do rubro-negro pernanbucano, a exemplo do presidente de honra Antônio Maria de Carvalho Lages, Severino Otávio, Ricardo Brito, Wanderson Lacerda, José Antônio Alves de Melo, Antônio Siqueira, Carlos Alberto Oliveira, Pedro Lacerda, Fred Domingos, Rodolfo e Rinaldo Albuquerque e outros de igual importância, mas cujos nomes neste momento não me vêm à memória. Todos foram mandados para o exílio da pátriarubro-negra.
Hoje prevalece a ditadura de pequeno e restrito grupo que só levou o Sport a vivenciar momentos amargos, insultando de modo grosseiro todos quantos discordam de suas práticas e, às vezes, fazem pior: difamam através da crônica esportiva, maculando assim toda a glória por eles conquistada no clube. E os ataques não ficam restritos aos expurgados. Aqueles que em dado momento lhes deram razão e que não concordam com tais excessos são igualmente molestados. Refiro-me neste instante ao presidente do Conselho Deliberativo Homero Lacerda que é, certamente, um dos poucos remanescentes que podem mostrar conquistas importantes na história do clube e, embora não aceite, vem sendo sistematicamente combatido internamente. Para ilustrar, trago à luz a renúncia recente do dr. Luciano Bivar, momento em que trabalhamos intensamente para promover a unidade indispensável à sobrevivência do Sport e, apesar de ter demonstrado claramente que era essa também a sua intenção, o presidente do Conselho nos pareceu vencido pelo "Talibã" que está ocupando a Ilha do Retiro.
O modo inquisitorial e totalitário de gerir as coisas do clube não parece ter limites. Agora a iniqüidade se volta contra um dos mais importantes desportistas de Pernambuco, que para nossa sorte é torcedor do Sport: José Joaquim Pinto de Azevedo. Na última reunião do Conselho Deliberativo foi proposta e, pasmem, aprovada, uma moção declarando José Joaquim persona nom grata, passando então a integrar a lista dos expurgados apenas porque, em ato de dignidade, recusou-se a beneficiar o Sport em detrimento do Santa Cruz Futebol Clube no episódio da contratação do atleta Túlio. Está correto José Joaquim. Como correto e merecedor de reconhecimento é o Homero Lacerda por determinar a reversão do ato absurdo, embora seja difícil, tendo em vista que o presidente do Conselho em exercício na referida seção já disse através da Imprensa que a decisão será mantida. Mas o gesto de Homero fala por si.
Colunistas
DIARIO Político
Falta um pedaço
O PT e Fernando Bezerra Coelho (PPS) permanecem em pé de guerra e parece que ainda vão brigar por muito tempo. Luís Inácio Lula da Silva e José Dirceu continuam negando que fizeram um acordo para apoiar a candidatura do prefeito de Petrolina ao Governo do Estado porque ele tem como vice a petista Isabel Cristina. Bezerra Coelho insiste em dizer que foi traído e não pára de atirar para todos os lados. Quem não se envolveu nesse tiroteio já notou, há algum tempo, que está faltando um pedaço nessa história. Pois é difícil imaginar que políticos experientes como Lula, José Dirceu e Bezerra Coelho tenham se reunido em plena campanha eleitoral do ano passado e feito um acordo para ser cumprido dois anos depois, como se isso funcionasse bem direitinho em política, uma atividade que muda o tempo todo. Não bastasse tanta ingenuidade, um ano antes de se cumprir o que foi acertado, uma das partes denuncia que foi enganada, grita pra todo mundo ouvir que é vítima da traição e sai brigando com os ex-parceiros, que de umahora para outra se transformaram em inimigos mortais. Como o açodamento de Bezerra Coelho acaba de ganhar fôlego na direção do PPS, que preferiu ele a Eduardo Carvalho, é possível que o prefeito de Petrolina esteja forjando um motivo para levar o partido a se aliar a Jarbas Vasconcelos. Um desejo antigo de Roberto Freire e Byron Sarinho, apesar da resistência de alguns setores do partido.
Além de Ulisses Tenório (PTB), a bancada da oposição na Assembléia deverá ganhar um novo integrante: João de Deus, do PL, que está negociando uma chapinha com o PSB de Arraes, para 2002
Humor
Eduardo Campos (PSB-PE) está com dengue, em repouso por recomendação médica, mas não perde o humor. Ele diz que Jarbas Vasconcelos coordenando as bases governistas para a sucessão presidencial parece a Troça do Cachorro do Homem do Miúdo: "Não sabe de onde vem nem para onde vai".
Condenação
Na Assembléia Legislativa, dizem que Fernando Bezerra Coelho já se estressou tanto antes do tempo que vai terminar condenado a ser prefeito de Petrolina por mais três anos e ainda por cima candidato à reeleição.
Estratégia 1
A bancada de oposição da Assembléia volta a se reunir, hoje, para avaliar a atuação do grupo de 12 deputados nos últimos meses e traçar novas estratégias. O encontro, convocado pelo líder, José Queiroz (PDT), começa às 16h30.
Estratégia 2
Na reunião, os deputados devem definir quais os próximos alvos do Governo do Estado que serão atingidos. Pelo que os parlamentares andam dizendo, as áreas de saúde, educação e a segurança pública estão na lista de prioridades.
Rifado 1
Carlos Eduardo Pereira revela que jamais votará em Itamar Franco (PMDB-MG) e sim no candidato da aliança, desde que ele tenha densidade política e eleitoral. O secretário de Desenvolvimento Econômico acha que, no momento, o ministro José Serra não tem esse perfil, como indicam as pesquisas.
Rifado 2
Como Jarb as Vasconcelos se reuniu, ontem, com Roseana Sarney (PFL) e Tasso Jereissati (PSDB) para discutir sucessão presidencial e Serra não foi convidado para essa festa, está claro que o ministro da Saúde está sendo rifado pelos aliados de Pernambuco.
Cargos
O deputado José Queiroz (PDT) diz que é contra o projeto de reestruturação da secretaria e das assessorias de Imprensa do Governo, aprovado em primeira discussão, na Assembléia, que prevê a criação de 14 cargos comissionados: "Não tem sentido criar novos cargos enquanto os servidores não têm perspectivas de aumento".
Inocêncio Oliveira, do PFL , faz audiência pública em Afogados da Ingazeira sexta-feira, para apresentação do projeto da Adutora do Pajeú. Deputados, prefeitos, vereadores e sindicalistas da região participarão do debate, além do bispo de Afogados, dom Francisco Austregésilo.
Editorial
Pneumonia aguda
Quando os Estados Unidos espirram, o Mundo tem pneumonia. A afirmação tornou-se lugar comum ao se falar na influência do desempenho da economia americana no comportamento das economias do resto do Planeta. Depois dos atentados de 11 de setembro, os Estados Unidos foram acometidos de pneumonia aguda. Em conseqüência, as demais nações, sobretudo as pobres, vão padecer de infecção. Algumas brandas. Outras graves.
Estudos do Branco Mundial mostram, em cifras, o impacto do ataque a Nova Iorque e Washington sobre a pobreza global. Antes de 11 de setembro, a desaceleração das economias dos Estados Unidos, Japão e União Européia se vinha refletindo no crescimento dos países emergentes. Dos 5,5% previstos para 2001, recuou-se para 2,9%. Em 2002, o percentual chegaria a 4,3%. Esse número, devido ao retardamento da recuperação dos países ricos, poderá ser de 0,5 a 0,75 ponto percentual menor. Em outras palavras: os pobres ficarão mais pobres.
As conseqüências do terror terão um custo alto. A agressão aos Estados Unidos ceifou mais de 6 mil vidas. As bombas e mísseis contra o Afeganistão mataram, segundo fontes americanas, 300 pessoas. É possível que o balanço seja bem maior. O Unicef calcula que o inverno e a fome, em decorrência da desarticulação do que restava da economia afegã, responderão, nos próximos meses, pelo óbito de 100 mil crianças. Fora do teatro de guerra, o número de vítimas se multiplicará. Com a perda de renda, o Banco Mundial calcula que, nas nações pobres, se adicionarão entre 20 mil e 40 mil mortes de crianças. Dez milhões a mais de pessoas engrossarão o contingente dos que vivem com até US$ 1 por dia.
Mais: se houver ruptura das estratégias em prol do desenvolvimento, grandes massas irão cair para a linha de pobreza.O quadro preocupa. Mas os Estados Unidos dispõem de excepcional arsenal terapêutico. Nele se inclui keynesiana injeção de recursos governamentais e redução de juros, além do estímulo indireto às indústrias bélica e de equipamentos de segurança. A demanda agregada desses setores estásendo estimulada. Com esses recursos e outros que a pujança do país propicia, a recuperação tem condições de ocorrer no curto prazo.
Para o Brasil, a crise pode representar uma oportunidade de crescimento das exportações. Vários países muçulmanos terão dificuldade de fazer comércio com Washington. Brasília terá chances de deslocar concorrentes americanos e aproveitar nichos do mercado para exportar. Alimentos, automóveis, equipamentos industriais (sobretudo de segurança) oferecem boas perspectivas neste momento difícil. Quando a economia americana recuperar a saúde, o Brasil terá mais facilidade de aproveitar de modo pragmático as chances propiciadas pela retomada do crescimento econômico. É importante não deixar o bonde passar.
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10/17/2001
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