Governo não aceita mudança no superávit e coloca LDO em votação
Os partidos de oposição discordam da intenção do governo de obter em 2002, pelo segundo ano consecutivo, um superávit primário em suas contas de R$ 31 bilhões, dinheiro a ser usado integralmente no pagamento de juros da dívida pública. PT, PSB e PC do B querem reduzir o superávit para R$ 5 bilhões, usando a diferença de R$ 26 bilhões em projetos de geração de eletricidade, combate aos efeitos da seca no Nordeste, saúde, educação, aumento real do salário mínimo e reajuste geral para o funcionalismo federal.
Numa reunião no início da tarde entre o presidente da comissão, senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), e lideranças de partidos e do governo na comissão, houve tentativa de se fechar um acordo. Ante a decisão do governo de não permitir alterações no relatório da LDO, ficou acertado que os descontentes tentariam mudar o parecer votando destaques de emendas. "Quem tiver votos suficientes pode fazer a mudança", afirmou em entrevista o líder do governo no Congresso, deputado Artur Virgílio Neto (PSDB-AM).
- Qualquer país decente tem superávit em suas contas básicas, e não déficit - sustentou Artur Virgílio. Para ele, sem superávit primário de R$ 31 bilhões "haverá desconfiança na política econômica, gerando inflação, retração de investimentos, fuga de capitais e desemprego". Além disso, ele alertou que o Brasil não pode subestimar a crise argentina, que "pode provocar efeitos nefastos na economia brasileira se o governo não mantiver sua política econômica".
A reunião da Comissão Mista de Orçamento foi aberta às 16h desta terça (dia 19) e a deputada Lúcia Vânia fez a leitura do seu parecer. Os líderes governistas querem terminar a votação nesta semana, pois constitucionalmente o Congresso não pode entrar em recesso no mês de julho se não tiver votado a LDO. O presidente do Congresso, senador Jader Barbalho, já marcou sessão do Congresso para o dia 28, para que seja feita a votação final, em plenário.
19/06/2001
Agência Senado
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