Governo petista entrega relatório contra Britto ao Ministério Pú
Governo petista entrega relatório contra Britto ao Ministério Público
Pepessista é acusado de improbidade
Faltando 48 dias para as eleições, a Secretaria da Saúde gaúcha entregou ontem ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas relatório em que acusa o ex-governador Antônio Britto (PPS) e seu secretário da Saúde, Germano Bonow (PFL), de improbidade administrativa.
O Rio Grande do Sul é administrado atualmente pelo PT, que tem o ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro como candidato ao governo. Britto e Bonow são candidatos, respectivamente, a governador e vice na mesma chapa.
O relatório se refere à falta de licenciamento para funcionamento de farmácias de manipulação, inexistência de registro de medicamentos e contaminação de remédios.
Segundo a secretária da Saúde, Maria Luiza Jaeger, as irregularidades ocorreram em 1997 e 1998.
De acordo com a investigação, 26 das 39 farmácias de manipulação trabalharam sem registro nos medicamentos, com controle de qualidade deficiente e falta de licença para funcionar conforme a legislação federal.
Os laudos de amostras recolhidas nas farmácias indicam contaminação de cápsulas e pomadas, área física inadequada e equipamentos insuficientes.
Britto e Bonow divulgaram nota dizendo "agradecer ao desespero petista a honra de ser processados pela produção de medicamentos baratos e de qualidade". E ironizaram: "O PT levou três anos e meio para fazer esta sindicância e apenas conseguiu concluí-la na véspera da propaganda eleitoral".
Começa hoje propaganda na TV e no rádio
Começa hoje, às 7h, a maratona da propaganda eleitoral gratuita, que vai até 3 de outubro. Durante esse tempo, candidatos e partidos terão de obedecer a uma série de regras para não correr o risco de ter o programa tirado do ar.
Isso pode acontecer a quem, por exemplo, usar o tempo destinado à propaganda de deputados e senadores para falar dos presidenciáveis ou dos candidatos ao governo, ou vice-versa. Nos programas, não é permitida a participação de pessoas filiadas a partidos que não sejam da coligação do candidato. E quem figurar não pode ser pago por isso.
Perde ainda o direito de exibição quem degradar ou ridicularizar o adversário.
No rádio, os programas serão exibidos das 7h às 7h50 e das 12h às 12h50; na televisão, vão ao ar das 13h às 13h50 e das 20h30 às 21h20, todos os dias, exceto aos domingos.
Aumenta o interesse pelo horário eleitoral gratuito
Datafolha retrata mudança na visão no eleitorado
O horário eleitoral gratuito na TV começa hoje com mais prestígio do que o exibido quatro anos atrás, indica o Datafolha.
Segundo o instituto, cresceram o interesse pelos programas, a intenção de assisti-los e a importância que o eleitor brasileiro dá na hora de decidir o voto ao que os candidatos mostram na TV.
Em 1998, 47% dos eleitores diziam ter algum interesse pelo horário eleitoral gratuito para presidente; hoje, 60% dizem o mesmo. O interesse também subiu para os programas dos candidatos a governador (de 49% para 59%) e a senador (de 43% para 54%).
Em 1998 e neste ano, as pesquisas foram feitas em agosto, às vésperas da estréia dos programas.
Já a taxa dos entrevistados que disseram que vão assistir ao horário eleitoral -independentemente do cargo em disputa- subiu de 57% para 68%, de 1998 para cá.
Na mesma linha, a importância dos programas subiu. No caso da eleição presidencial, passou de 56% para 70% a taxa dos que dizem dar alguma importância ao horário eleitoral na TV na hora de decidir o voto. Na eleição para governador, esse índice subiu de 58% para 70%. Na eleição para o Senado, 69% dizem hoje dar importância aos programas de TV na hora de decidir o voto. Em 1998, essa pergunta não foi feita.
Eleição disputada
O motivo mais provável para esse crescimento de interesse é a disputa em si.
Em 1998, pesquisa Datafolha feita dos dias 12 a 14 de agosto indicava que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tinha 42% das intenções de voto para presidente, contra 38% de todos os seus adversários somados.
Na última pesquisa do instituto, realizada nos dias 15 e 16, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 37% das intenções de voto, contra 53% de seus adversários somados -longe portanto de vencer já no primeiro turno, como FHC fez quatro anos atrás.
Fora isso, os outros três principais candidatos Ciro Gomes (PPS), José Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB)- já se revezaram na segunda colocação da série de pesquisas deste ano.
Escolaridade
Os eleitores de Ciro são os que demonstram mais interesse pelos programas: 28% deles dizem ter muito interesse pela propaganda, contra 25% dos eleitores de Lula, 24% dos de Garotinho e 23% dos de Serra.
Já a importância dada é maior entre os eleitores de Garotinho: 49% deles dão muita importância aos programas na hora de decidir o voto, contra 48% de Ciro e 43% de Lula e Serra.
O interesse e a importância mudam muito de acordo com o nível de escolaridade: 22% dos entrevistados que fizeram até o primeiro grau dizem ter muito interesse aos programas para presidente e 44% dão muita importância a eles na hora de decidir o voto. Entre os entrevistados com nível superior, essas taxas são de 35% e 34%, respectivamente.
FHC inicia, pelo Uruguai, sua despedida da cena mundial
Em meio à crise da região, presidente deve defender Mercosul
Exatas 24 horas depois de se avistar com os quatro principais candidatos ao seu lugar, o presidente Fernando Henrique Cardoso começa a se despedir das pompas, das honras e das atividades internacionais.
FHC embarca para o Uruguai hoje e fica até amanhã, em uma visita de Estado o rótulo que a diplomacia aplica às visitas do mais alto nível.
A viagem é resultado de convite formulado em abril pelo presidente uruguaio Jorge Battle, que, na ocasião, anunciou-a como uma homenagem ao mandatário brasileiro pelo papel desempenhado no Mercosul e, mais amplamente, na integração da América do Sul.
Mas, entre o convite e a efetivação da visita, as labaredas da crise queimaram tanto o Uruguai (que perdeu 79% de suas reservas nos primeiros sete meses do ano) como o próprio Brasil.
Queimaram tanto que até um jornal de elevado prestígio no mundo financeiro e que sempre fez análises lisonjeiras sobre a gestão FHC, afirmava, na última quinta-feira: "O jogo acabou para o Brasil".
Ontem, o presidente tentou, junto aos candidatos, mostrar ao mundo que o jogo ainda não acabou. Ou, posto de outra forma, procurou obter deles garantias de que não jogarão mais gasolina na fogueira, o que, pelo menos na visão palaciana, impediria que o jogo terminasse ainda durante o governo FHC.
Hoje, o presidente brasileiro volta ao ambiente em que se sente claramente mais à vontade e volta igualmente ao discurso que vem pronunciando a rigor desde a primeira posse, em 1995.
FHC falará na sede da Aladi (Associação Latino-Americana de Desenvolvimento e Integração) sobre o futuro do Mercosul e sobre a Alca.
É claro que Fernando Henrique voltará a defender o bloco do Sul, que foi, até o fim, prioridade um de seu governo.
O difícil é adivinhar que argumentos poderá usar agora, quando todos os quatro países do bloco estão mergulhados em profunda crise.
Sabe-se apenas que comentará o programa de trabalho para revitalizar o Mercosul, elaborado pelo governo brasileiro para o semestre final do ano, exatamente o período em que o bloco regional estará sob presidência brasileira.
O presidente falará também em um fórum de empresários, no qual o tema será a economia regional, nacional e internacional.
De novo, deverá tocar no seu tema de sempre: a nece ssidade de colocar ordem na movimentação financeira internacional.
FHC culpará a situação internacional pela crise brasileira. A Folha apurou que, na análise palaciana, as dificuldades internas se devem, pela ordem, à crise de confiança nas empresas dos Estados Unidos, provocada pelas fraudes em balanços, ao colapso da Argentina e às incertezas decorrentes das seguidas ameaças norte-americanas de invadir o Iraque.
Só em terceiro lugar, viria o fator interno: a insegurança provocada pelas eleições. O presidente deverá mencionar, também, a especulação como responsável pela subida do dólar e do risco-país.
Haverá um terceiro discurso, no Congresso uruguaio, em que o tema será essencialmente político.
Fronteiras
Mas a visita irá além do aspecto cerimonial e das primeiras despedidas do presidente Fernando Henrique.
Será assinado o que o Itamaraty batiza de "acordo pioneiro", destinado a facilitar a vida dos cidadãos uruguaios que trabalham na fronteira.
São os chamados "indocumentados", que buscam aproveitar-se do custo de vida mais baixo do lado brasileiro e também de melhores oportunidades de emprego.
Mas a cooperação fronteiriça não se esgota nesse acordo. Há uma grande lista de áreas em que Brasil e Uruguai passarão a atuar conjuntamente.
Ainda na área de cooperação, a visita de FHC servirá para ampliar a discussão já iniciada entre os dois governos sobre as possibilidades de o Brasil atuar mais intensamente como investidor no Uruguai.
É claro que, numa época como a atual, em que não há capital nem sequer para as necessidades internas, esse tipo de discussão soa bizarra.
Mas a diplomacia tenta trabalhar sempre com uma visão de mais médio e longo prazo. Para o Uruguai, diversificar a sua economia, hoje assentada em carne e lã, pode ser vital, ainda mais agora que o setor financeiro (o principal do país) começou a viver uma crise aguda.
A cooperação com os vizinhos é parte do projeto do presidente FHC de estreitar o relacionamento com todos os países sul-americanos, claro que sob liderança brasileira.
Mas é um projeto que a crise deixa paralisado, mesmo na visão mais otimista, ou à beira do abismo, segundo os cenários pessimistas, na hora em que o presidente inicia as suas despedidas do palco internacional, no qual obteve sistematicamente mais aplausos do que internamente.
Ciro culpa o governo e o mercado pela crise
Candidato se compromete com o principal do acordo com FMI, mas diz que só dá sua "posição definitiva" após ler íntegra
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, se comprometeu ontem, após reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso, com os pontos básicos do acordo firmado com o FMI superávit de 3,75%, estabilidade da moeda e cumprimento dos contratos, mas culpou o governo federal e o mercado pela crise financeira que atinge o país.
A exemplo do que vem fazendo nos últimos dias, Ciro afirmou que só se manifestará formalmente a respeito dos demais termos do acordo depois de conhecer a íntegra do documento. Prometeu uma nota pública com sua posição assim que tiver acesso às cópias dos papéis oficiais.
"Compreendo que a crise é grave, e a situação do país, delicada. Na minha compreensão, parte dessa crise é responsabilidade de um modelo econômico contra o qual me bato há sete anos. Parte é resultado de incompreensões de setores do mercado internacional sobre as especificidades e potencialidades da economia brasileira", declarou o presidenciável, em pronunciamento de cerca de três minutos, realizado em um salão do Palácio do Planalto.
A manifestação favorável de Ciro aos principais itens do acordo acontece um dia depois de ele ter declarado que o Brasil "está sendo posto de joelhos diante da agiotagem internacional".
O candidato, que ontem falou à imprensa na presença dos assessores que o acompanharam durante a reunião -o filósofo Roberto Mangabeira Unger e o economista Mauro Benevides Filho, não respondeu a perguntas dos jornalistas, conforme havia antecipado sua assessoria.
Segundo Ciro, a seu pedido, o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, receberam de FHC a incumbência de repassar a íntegra do acordo. "Eu me comprometi a estudá-los com urgência e em detalhes para então expedir uma nota por escrito sobre a minha posição definitiva."
Ciro declarou ainda que o presidente fez a ele um relato sobre "a natureza e a extensão da crise financeira" pela qual passa o país. De Malan e Armínio, disse ter ouvido detalhes sobre os principais pontos do acordo com o FMI.
"Nestas circunstâncias compreendo como inevitável a evolução desses entendimentos [com o Fundo], não sem lamentar. Afirmei ao presidente aquilo que já tem sido minha prática de vida de ex-ministro, ex-governador, ex-prefeito de uma capital, compromisso que o possível governo meu praticará de austeridade fiscal, no limite que a Lei de Diretrizes Orçamentárias já determinou para o ano que vem, de 3,75% do PIB, estrito cumprimento e respeito aos contratos e compromisso definitivo com a estabilidade."
Cumprimentos
A conversa entre Ciro e FHC foi iniciada às 12h e teve duração de uma hora e cinco minutos. O ministro Pedro Parente (Casa Civil), o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, e o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), recepcionaram Ciro na ante-sala do gabinete da Presidência.
FHC recebeu o candidato com um aperto de mãos, descrito como "cordial, mas protocolar" por assessores de Ciro. Minutos depois, os fotógrafos pediram, sem sucesso, que o gesto fosse repetido. A negativa ocorreu, segundo a assessoria do pepessista, porque imagens do cumprimento entre os dois não estavam previstas.
O candidato e seus assessores não levaram anotações ou documentos para a conversa.
Após a reunião, Ciro conversou com seus colaboradores da área econômica para discutir o teor de seu pronunciamento à imprensa. Um rascunho já havia sido preparado por ele na noite anterior durante encontro com Mangabeira e com Benevides Filho.
Segundo a Folha apurou, o presidenciável pretendia, com o relato aos jornalistas, uma manifestação "curta e objetiva", que evitasse distorções de conteúdo. Uma reunião de avaliação do encontro estava prevista para ontem à noite, no Rio de Janeiro.
De acordo com a assessoria do presidenciável, Ciro considerou o encontro com o presidente "perfeito" e de clima "bom". Avaliou que conseguiu apagar a idéia de que seria o candidato do confronto, como tentaram impor seus adversários. Ao embarcar no jatinho que o levou ao Rio, comentou com assessores: "Ganhei o dia".
OAB e STF
Depois da reunião no Planalto, em almoço com o vice-ministro da Fazenda da Alemanha, Caio Koch Weser, Ciro elogiou FHC pela abertura de diálogo com os candidatos. Em seguida, foi recebido pelo presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Rubens Approbato Machado, e, mais tarde, pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio de Mello.
Ao presidente do STF, disse que sua recente declaração para que o mercado "se lixasse" foi retirada de contexto e que, como administrador, jamais deu demonstrações de atropelo das instituições.
Serra sugere 4 medidas e mudança no preço do pão
Candidato oficial, o tucano José Serra aproveitou para faturar eleitoralmente o encontro que o presidente Fernando Henrique Cardoso teve ontem com os quatro principais presidenciáveis. Na conversa, Serra pediu providências ao governo em relação a assuntos populares, como o preço do pão francês.
De acordo com Serra, o preço do trigo matéria-prima básica do pãozinho está subindo devido à alta do dólar. Como ele acredita que a cotação da moeda norte-americana cairá depois da eleição, o governo pode adotar medidas para impedir um grand e aumento do preço do pão.
"Pedi [a FHC e à equipe econômica] que estudassem uma forma de contrabalançar o aumento do preço do trigo, para que ele não se reflita no preço do pão", disse Serra, após audiência de uma hora e cinco minutos com FHC.
Dos quatro candidatos, Serra foi o único a falar explicitamente em "meu governo", ao considerar "positivo" o acordo que o país fez com o FMI e o empréstimo obtido com os bancos Mundial e Interamericano de Desenvolvimento.
Serra enfatizou que a maior parte dos US$ 37 bilhões, sendo US$ 30 bilhões do FMI, vai ser usado pelo próximo governo, pois só US$ 8 bilhões podem ser utilizados neste ano. "Portanto o meu governo vai dispor de um financiamento a taxa de juros muito baixa, bastante conveniente para o Brasil, para que a gente possa executar a nossa estratégia de crescimento da produção e do emprego."
A audiência de Serra com FHC começou com 35 minutos de atraso a conversa de Lula com o presidente se estendeu além da hora prevista. O tucano foi acompanhado dos presidentes do PSDB, José Aníbal (SP), e do PMDB, Michel Temer (SP).
Eram 15h35. FHC, os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Euclides Scalco (Secretaria Geral) e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, pareciam cansados. Ainda não haviam almoçado e pediram sanduíches. Aníbal perguntou para Armínio: "Como foi?". Referia-se às reuniões anteriores com Ciro Gomes, Luiz Inácio Lula da Silva e Anthony Garotinho. Armínio foi monossilábico: "Foi bom!".
Serra começou a conversa perguntando sobre a taxa de juros do empréstimo do FMI. É, na média, de 5,27% ao ano, bastante inferior à taxa cobrada internacionalmente, segundo Serra. Além disso, dois terços do empréstimo têm prazo de cinco anos para começar a ser pagos. Terminada a conversa sobre o FMI, Serra fez quatro propostas ao governo. A primeira delas é encontrar uma maneira de contrabalançar o efeito da alta do dólar sobre o preço do pão.
A segunda é a ampliação do prazo para que cerca de 80 mil empresas possam refinanciar suas dívidas por meio do Refis. Parte da terceira já foi anunciada pelo BC: a utilização de parte das reservas internacionais para financiar os exportadores. Serra acha que o dinheiro obtido do Banco Mundial e do BID também pode ser utilizado para esse fim.
Serra apoiou também a mudança no PIS (Programa de Integração Social) em tramitação no Congresso. Após 16 minutos de conversa, voltou mencionar seu governo, desta vez tomando o cuidado de condicioná-lo à sua eleição. Do Planalto, Serra foi à embaixada da Alemanha. Depois, voltou para o gabinete de FHC.
Lula apresenta a FHC propostas anticrise
Candidato petista defende que governo atue para "restabelecer linhas de financiamento" para empresas privadas
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o encontro de ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso para recitar uma lista de propostas com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade externa do país, dentro da estratégia de campanha de se apresentar como candidato propositivo e que não está interessado no caos econômico no país.
Em pronunciamento de 15 minutos após a reunião, sem direito a perguntas, Lula leu aos jornalistas uma carta que entregou a FHC recheada de medidas em prol do capital, como a desoneração das exportações, e dos trabalhadores, como o controle do preço de produtos de consumo popular.
O petista sugeriu, entre outros pontos, uma "ofensiva diplomática" para aumentar as exportações. Também pediu que o governo faça gestões nos bancos privados internacionais e bancos centrais dos EUA e Europa, para "restabelecer as linhas de financiamento" a empresas privadas. Esta seria a receita emergencial para reduzir a vulnerabilidade.
"Diante das turbulências financeiras das últimas semanas, torna-se necessário agir de imediato. Não é possível esperar até que o próximo presidente tome posse em primeiro de janeiro de 2003, sob pena de vermos ampliados a inadimplência das empresas brasileiras, o desemprego e a recessão", disse Lula na carta, que leu em um salão no segundo andar do Palácio do Planalto.
Sobre o acordo com o Fundo Monetário Internacional, que recebeu aval do partido, Lula adotou desta vez tom mais crítico. Para ele, o pacote não prevê, no curto prazo, "aporte financeiro significativo", situação que "constrangeria perigosamente a gestão futura da economia". Mas não deixou de prometer novamente, ao gosto do Planalto, honrar "contratos e controlar a inflação, com o rigor fiscal necessário".
Plataformas e caças
Acompanharam o presidenciável na reunião de uma hora e sete minutos de duração o presidente nacional do PT, José Dirceu, o deputado Aloizio Mercadante e o coordenador do programa de governo, Antônio Palocci.
Como medidas para estimular a produção, Lula repetiu o que já vem dizendo em discursos de campanha e palestras a empresários. Pediu aprovação de projeto que acaba com o efeito cascata na cobrança de contribuições sociais e a desoneração de exportações.
Lula voltou a citar exemplos que tem explorado para acusar o governo de não valorizar a indústria nacional. Em tom cordial, "sugeriu" que seja garantida a construção de três novas plataformas para a Petrobras no Brasil. FHC expressou dúvidas sobre a capacidade da indústria nacional de fazer a obra.
Pediu também que o governo "leve em consideração os interesses nacionais" no processo em curso de aquisição de novos caças para a Força Aérea Brasileira.
O tom da conversa foi cordial. O presidente fez inicialmente uma exposição sobre o acordo com o Fundo, em que se mostrou satisfeito com as notas de apoio divulgadas pelo PT, dizendo inclusive que sua equipe econômica as tem exibido a investidores e banqueiros internacionais.
Em seguida, os dois lados passaram para a análise da situação econômica, quando o PT apresentou suas propostas. Já o presidente, segundo a Folha apurou, quis deixar clara a responsabilidade que cabia ao partido caso o PT assuma o poder.
FHC parabenizou Lula por recentes declarações de que "o Brasil é maior que a crise", mas cobrou dele menção a aspectos favoráveis do atual momento, como o aumento na produção de petróleo e na colheita de grãos, dizendo que a safra pode chegar a 100 milhões de toneladas neste ano. Lula concordou que os pontos positivos do país têm de ser enaltecidos.
Dupla preocupação
Ao passo que procurou passar uma imagem de moderação e responsabilidade, por avaliar que é importante eleitoralmente, o PT também buscou ontem demarcar seu território de oposição, que vê ameaçado pela retórica inflamada de Ciro Gomes (PPS).
Esta preocupação, de ser propositivo e crítico ao mesmo tempo, norteou a redação da carta ao presidente, elaborada no fim de semana por uma equipe que incluiu Lula, Dirceu, Palocci, Mercadante e o economista Guido Mantega, entre outros.
Ao mesmo tempo que a nota mostra um Lula responsável, que defende redução "progressiva e sustentada dos juros", deixa clara a intenção de "mudar a política econômica desde o primeiro dia".
Após a lista de medidas favoráveis ao capital, Lula se preocupou, na última das quatro páginas, em fazer a defesa da população de baixa renda. "A população pobre vê com angústia o aumento do desemprego e a possibilidade de que os preços subam."
O petista pediu "ações rápidas para defender a economia popular". "O governo deve assegurar que não haja abuso nos preços de produtos de consumo de massa. Além do gás de cozinha, o pão e os alimentos essenciais devem ser protegidos", diz a carta a FHC.
Quase no fim da nota, o petista sugere também a ampliação do seguro-desemprego "devido à possibilidade de aprofundamento do quadro recessivo".
Encontros tiveram apenas efeito simbólico
Os encontros do presidente Fernando Henrique Cardoso com o s quatro candidatos à sua sucessão não alteraram absolutamente nada na cena político-econômica nacional.
Por isso foram um sucesso. As conversas tiveram o único efeito que delas se esperava: o efeito simbólico.
Produziram-se reuniões para estrangeiro ver. Especialmente os estrangeiros que compõem a direção do FMI.
Eles se reúnem no mês que vem para sacramentar o acordo, por ora apenas apalavrado, que dá ao governo brasileiro um tônico de US$ 30 bilhões para arrostar a crise.
Brasília prometera a Washington que o próximo presidente, fosse quem fosse, não rasgaria o acordo.
Fiava-se em acertos costurados por Armínio Fraga, presidente do Banco Central, com os presidenciáveis e suas assessorias.
Porém, declarações dúbias dos candidatos, sobretudo de Ciro Gomes, forçaram FHC a antecipar, muito a contragosto, uma transição que esperava deflagrar em novembro.
Dadas as circunstâncias, FHC fez do limão limonada, como se diz.
Ao receber oposicionistas no Planalto, reconheceu-lhes as chances de êxito eleitoral.
Mas lustrou o indesejável com um discurso de contornos históricos. "Não nos move o interesse eleitoral, mas a preocupação com o país", afirma.
Os encontros de ontem só foram possíveis porque FHC dividiu os dividendos da iniciativa com os presidenciáveis. Permitiu que fizessem do Planalto um palanque. Exceto pelo candidato oficial José Serra, único perdedor no jogo dos símbolos, nenhum dos demais perdeu nada. E alguns saíram no lucro.
Lula pôde reforçar a imagem de crítico com propostas. Para evitar escorregões, leu texto redigido previamente.
Medindo cada palavra, Ciro posou de responsável. No essencial, todos puseram-se de acordo em relação a pontos que o governo considera básicos: vão honrar contratos e agirão com responsabilidade fiscal.
Anthony Garotinho piou fino entre quatro paredes e esbravejou na saída. Mas ele só estava ali para compor o quadro. Vistas pelo ângulo das pesquisas eleitorais, suas bravatas soam como palavras ao vento.
De essencial, a simbologia de Brasília informa: a) o próximo governo irá mudar a economia; b) manietado pelas circunstâncias e pelo acordo com o FMI, a mudança será bem menos ambiciosa do que a que vem sendo prometida sobre o palanque.
Lula é recebido com tratamento especial
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o único dos quatro candidatos ao Palácio do Planalto a merecer uma deferência especial do presidente Fernando Henrique Cardoso: após a reunião com assessores, os dois conversaram a sós, e amistosamente, numa sala ao lado do gabinete presidencial.
FHC foi quem chamou Lula para a conversa, que durou cerca de 10 minutos, e lhe disse que achava "muito boas para o país" as demonstrações de "maturidade" que o petista vem dando ao longo da campanha.
Lula elogiou a iniciativa do presidente de se reunir com a oposição e pediu "carinho" no tratamento do governo federal para as dívidas de Minas e para o ex-presidente Itamar Franco. FHC prometeu boa vontade.
Conforme a Folha apurou, o petista recebeu uma sinalização de FHC de que será seu candidato no segundo turno, caso o tucano José Serra não chegue lá.
A deferência de FHC a Lula ocorreu justamente na véspera do início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV e quando o petista se distancia na dianteira das pesquisas.
Segundo pesquisa Datafolha publicada no domingo, Lula está com 37%, dez pontos à frente de Ciro Gomes (PPS), segundo colocado. Serra, com 13%, está tecnicamente empatado com Anthony Garotinho (PSB), que tem 12%.
Apoio ao FMI
Antes de receber os candidatos, FHC fez uma última rodada de reuniões com ministros e assessores, quando comentaram o fato de 40% dos entrevistados do Datafolha se manifestarem a favor do acordo com o FMI. Julgavam que o resultado poderia favorecer o clima dos encontros com os oposicionistas. A pesquisa não foi discutida com os candidatos.
A Folha apurou que FHC foi "cordial" com Ciro, com quem tem relacionamento difícil, mas foi mais do que isso, "amistoso" mesmo, com Lula. Os dois foram descritos por auxiliares de FHC como "velhos amigos".
O governo acompanhou a movimentação do mercado financeiro, que respondeu bem, segundo a avaliação da equipe de FHC. O dólar caiu um pouco e o risco-país também.
O ministro Pedro Malan (Fazenda), que participou dos encontros, elogiou para Ciro Gomes a escolha do economista José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Princeton (EUA), para integrar seu time de campanha.
Postura de estadista
Apesar do clima de seu encontro com o presidente ter sido mais sóbrio do que o de Lula, Ciro disse ao vice-ministro da Fazenda alemão, Caio Koch-Weser, em almoço na Embaixada da Alemanha, que FHC tinha tido "uma postura de estadista".
O governo julgou "equilibrada" a declaração de Ciro, ainda no palácio, criticando a política econômica mas admitindo a inevitabilidade do acordo com o FMI. Ele é considerado o candidato que, hoje, mais assusta o mercado.
Quanto a Anthony Garotinho (PSB): apesar de ele ter sido duro em suas manifestações públicas posteriores, durante o encontro ele ouviu e não contestou os termos do acordo com o FMI.
Candidatos apóiam ida ao FMI, mas condenam modelo de FHC
A 47 dias do primeiro turno das eleições, o presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu dos líderes da disputa ao Planalto -Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS)- o compromisso de que vão honrar contratos e a principal meta do acordo com o FMI, o superávit primário de 3,75% do PIB.
Ao final de conversas em separado com cada um dos quatro principais presidenciáveis, que inauguram uma transição inédita na história do país, ficou claro, porém, que o modelo conduzido por FHC nos últimos nove anos dificilmente resistirá intacto depois de janeiro.
As atenções maiores de FHC e equipe estavam voltadas para os candidatos do PT e do PPS. O primeiro, propositivo, levou uma pauta de sugestões ao presidente. O segundo reiterou as críticas ao governo, mas dividiu responsabilidades, atribuindo parte da crise às "incompreensões de setores do mercado internacional". Foi contido no tom e agradou ao Planalto.
Candidato oficial, o tucano José Serra repetiu que o acordo não representa sacrifício adicional ao país e dá segurança econômica ao futuro presidente. Aproveitou para pedir providências a FHC sobre assuntos de apelo popular, como preço do pão francês.
Anthony Garotinho (PSB) destoou. Lamentou a "trágica necessidade do empréstimo" e acusou uma "tentativa de desmoralizar o processo eleitoral".
Artigos
A fogueira e as últimas cartas
Clóvis Rossi
MONTEVIDÉU - O governo Fernando Henrique Cardoso dá por jogadas todas as cartas possíveis para evitar o alastramento do incêndio financeiro que ameaçou o país (ou ameaça ainda, vai se saber) e, por extensão, a biografia do presidente.
As conversas de ontem com os candidatos foram "muito boas, até com o Garotinho", avaliava para a Folha um dos presentes sob condição de que seu nome não fosse citado.
É verdade que Anthony Garotinho, depois, emitiu nota que o Planalto considerou exagerada, mas, como se trata de um candidato com aparentemente poucas chances, não será tomado pelos mercados como um fator para mais especulação.
Já Ciro Gomes, que era, enfim, a fera a ser contida nessas audiências, foi "respeitoso" e chegou a dizer que sabia do compromisso de FHC com o país, sempre segundo o relato de quem participou de tudo.
Ciro pediu o texto completo do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para, de posse dele, emitir uma nova nota, comentando-o. Mas, no Palácio do Planalto, a aposta é a de que ele não contribuirá para o incêndio com algum destempero verbal.
De lo nge, é difícil saber até que ponto a avaliação é correta, mas a isca jogada por FHC foi portentosa: entre FMI e demais organismos financeiros multilaterais serão US$ 37 bilhões à disposição do país, dos quais US$ 30 bilhões ficarão para o próximo governo usar (e pagar).
Os juros sobre essa pilha de dinheiro ficarão entre 4,5% e 5% ao ano, o que é "um belo nível", afirma-se na Presidência.
Agora vem a cartada final: o "road show" que Pedro Malan e Armínio Fraga empreenderão pela Europa e pelos EUA a partir da próxima semana para tentar convencer os banqueiros a restabelecer as linhas de crédito para o Brasil.
Em fevereiro de 99, Armínio e Malan fizeram périplo semelhante. Repeti-lo apenas três anos e três acordos com o FMI depois diz muito sobre a fragilidade da economia tupiniquim legada ao futuro presidente.
Colunistas
PAINEL
Abraços à Arena
Lula conversou ontem de manhã por telefone com José Sarney (PMDB). O ex-presidente confirmou que apoiará o petista na sucessão e o convidou a ir ao MA na semana que vem, quando pretende organizar um evento para anunciar a sua decisão.
Palavra de cacique
Sarney disse a Lula que está "insistindo" para que toda sua família o apóie. Roseana, que conversou por telefone com José Dirceu, já estaria "quase convencida". O presidenciável agradeceu e prometeu arranjar uma data para ir ao Maranhão.
Agora é bom
As relações entre Lula e Sarney nem sempre foram amistosas. Em 86, Lula dizia que a administração do então presidente era "medíocre". No ano seguinte, afirmou que "se disputasse uma eleição, Sarney não teria votos para encher um penico".
Otimismo petista
O PT considera que Lula colocou FHC em uma "sinuca" ao apresentar na reunião propostas populares, como o controle do preço de alimentos básicos e o aumento do seguro-desemprego. Se FHC acatá-las, é gol do PT. Se não, o presidente passa a imagem de "intransigência".
Pavio longo
Para o PSDB, o encontro de FHC com os presidenciáveis não atingiu as expectativas de Serra - não ocorreu nada que pudesse prejudicar Ciro nas pesquisas. O candidato do PPS foi sereno e não se exaltou. A cotação do dólar até baixou ontem.
Artigo em promoção
Ciro Gomes e Pedro Malan têm alguma coisa em comum: os dois foram ao encontro de FHC com gravatas idênticas: azul com listas prateadas.
Onipresença
Jornalistas que trabalham no comitê de Serra acompanharam os pronunciamentos de Ciro e de Lula ontem no Planalto. As declarações foram transmitidas em tempo real ao tucano.
Margem direita
A entrada do economista José Alexandre Scheinkman na equipe de Ciro desagradou aos aliados de esquerda, como Roberto Freire e Brizola. Defensor de idéias como a privatização da segurança pública, Scheinkman deverá dar mais uma guinada à direita no programa de Ciro.
Prêmio eleitoral
A taça do penta conquistada pelo Brasil no Japão está exposta desde ontem no Shopping Iguatemi, em Fortaleza, que pertence à família de Tasso Jereissati (PSDB), candidato ao Senado.
Concorrência pública
Uma licitação de R$ 20 mi no Ministério da Saúde deixou em pé de guerra duas das maiores agências de publicidade no país. A Giovanni FCB acusa a Ogilvy, vencedora da concorrência pública após a primeira colocada ter desistido, de estar em "desacordo ético" com o edital.
A conferir
Segundo o recurso da Giovanni, a licitação veda que a agência a ser contratada trabalhe para outras empresas que estejam "em conflito" com ideais do ministério. A Ogilvy trabalha para uma companhia de cigarro e outra de bebida alcoólica. Procurada, não quis se manifestar.
Camisa 12
No debate de vices na Bandeirantes, sempre que respondia a algo polêmico, Rita Camata (PMDB) se voltava para José Serra (PSDB) e paro o marqueteiro Nelson Biondi, buscando um sinal de aprovação.
Outro lado
O secretário de Fazenda de SP, Fernando Dall'Acqua, diz que o aumento de R$ 1,2 bi nas receitas da gestão Alckmin (PSDB) ocorreu "principalmente" em fontes vinculadas e "particularmente" na saúde e na educação e, assim, "não pode ser redirecionado para outros fins.
Verba extra
Dall'Acqua rebateu estudo da liderança do PT na Assembléia, que apontou o crescimento orçamentário no ano de 2002.
TIROTEIO
Do marqueteiro Nizan Guanaes, sobre Ciro ter atraído para sua campanha o economista "mercadista" José Scheinkman:
- Ciro acusa o Duda Mendonça, mas arrumou Scheinkman como seu marqueteiro.
CONTRAPONTO
Namoro grampeado
Lula fez dias atrás uma caminhada em Suzano (SP), acompanhado da prefeita Marta Suplicy e do candidato ao governo do Estado pelo PT, José Genoino. O trio pedia votos no centro da cidade quando Genoino deparou com uma mulher em um orelhão. Ele resolveu perguntar com quem ela falava.
A moça, sem jeito, disse que era com o namorado.
O deputado respondeu:
- Pois então peça para ele votar no PT.
Constrangida, ela atendeu ao pedido. Do outro lado da linha, o rapaz quis saber a razão. A moça explicou que estava com Lula, Marta e Genoino. O namorado não acreditou.
Genoino não teve dúvida. Pegou o telefone da mão da eleitora e disse, rindo:
- Aqui quem está falando é o Zé Genoino. Estou com a Marta e o Lula para pedir seu voto pelo telefone mesmo...
Editorial
O FMI E A ARGENTINA
Apesar do colapso do sistema de pagamentos e da ruptura dos contratos de dívida interna e externa ocorridos no início do ano, o governo argentino vai promovendo, com grande sacrifício da sociedade, a transição para um novo regime monetário e cambial.
A taxa de câmbio flutuante se estabiliza em torno de 3,55 pesos por dólar. O sistema financeiro apresenta ligeira recuperação de depósitos e de aplicações. A balança comercial apresenta um superávit mensal de US$ 1,5 bilhão. O ritmo de queda da produção industrial diminuiu.
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, encaminhou uma minuta da carta de intenções ao FMI, em que se compromete com uma série de metas para a economia do país: queda do PIB de 11%, taxa de inflação de 64% e superávit fiscal de 0,7% do PIB em 2002. Sinalizou ainda um piso para as reservas internacionais de US$ 9 bilhões e a promessa de liberar, gradativamente, os depósitos bancários bloqueados.
A vice-diretora do Fundo, Anne Krueger, definiu a carta de intenções como "uma peça de otimismo excessivo". Pode até ser verdade, mas está na hora de o Fundo mostrar um mínimo de boa vontade com a sociedade argentina, que já realizou um ajuste de enormes proporções.
Um entendimento com o FMI é importante para o país iniciar as renegociações das dívidas externas -estimadas em US$ 142 bilhões-, e recuperar as linhas de crédito ao comércio exterior. O superávit comercial e a retomada do crescimento da economia e da arrecadação tributária são vitais para o futuro da Argentina. São os passos necessários para que o país possa começar a honrar as dívidas contraídas, recuperar o sistema de crédito e facilitar a transição política no início do ano que vem.
Um acordo do FMI com a Argentina seria relevante também para outros países latino-americanos, sujeitos a uma brutal restrição de crédito internacional. O encaminhamento da crise financeira e cambial no país platino pode ajudar a reduzir a aversão ao risco nos investidores e a retomar as linhas de crédito a exportadores do subcontinente.
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08/20/2002
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