Governo quer ampliar produção de leite em 40% em 10 anos
O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou no Diário Oficial da União desta quinta-feira (27), a instituição do Plano Mais Pecuária, um incentivo à pecuária bovina. Ele terá como estratégia aumentar de forma sustentável a produtividade e competitividade da pecuária bovina de leite e de corte, por meio de ações coordenadas, em benefício da sociedade brasileira.
O Plano Mais Pecuária terá projetos e ações desenvolvidos dentro de quatro eixos estruturantes, sendo eles: Genético; Ampliação de Mercado; Incorporação de Tecnologia; e Segurança e Qualidade dos Produtos.
Com atuação direta em outros dois programas, o Mais Leite e o Mais Carne, o Plano Mais Pecuária deverá aumentar a produção e a produtividade da pecuária de leite em 40% ,e a produção brasileira de carne em 40% e a produtividade em 100%.
O Plano será implementado em até 10 anos e seu sistema de gestão será composto pelo Comitê Gestor do Plano Mais Pecuária (CGPMP) e pelo Comitê Executivo do Plano Mais Pecuária.
Leite
A produção brasileira de leite vem crescendo a cada ano. Porém grande parte desse crescimento se deve ao aumento do número de vacas ordenhadas do que ao aumento da produtividade. A produtividade do rebanho nacional cresceu aproximadamente 23% nos últimos 10 anos enquanto a produção total cresceu quase 50% (IBGE, 2013).
Hoje a produção nacional é capaz de fornecer à população brasileira aproximadamente 170 litros de leite/habitante/ano, quantidade inferior aos 210 litros recomendados pelos órgãos de saúde nacionais e internacionais.
Com a estimativa de crescimento da população brasileira até 2023 para 216 milhões de habitantes, o volume de leite produzido deverá ser de 45,3 bilhões de litros/ano. As projeções indicam que em 2023 o País exportará cerca de 150 milhões de litros de leite ao ano.
Diante das possibilidades de crescimento, o objetivo do programa é fazer com que o País se torne um ator no comércio internacional de lácteos e para isso projeta um aumento de dez vezes no total de leite a ser exportado, alcançando a marca de 1,5 bilhão de litros.
A produtividade média do rebanho brasileiro em 2012 foi de 1.417 kg/vaca/ano, e como o foco do programa é o aumento de produtividade, a meta a ser alcançada deve ser de aproximadamente 2.000 kg/vaca/ano, o que totalizaria uma produção de 47 bilhões de litros ao final de 10 anos. Essa produtividade corresponde a um aumento de aproximadamente 40% nos valores de 2012 e praticamente ao dobro do ritmo normal de ganho de produtividade observado nos últimos 10 anos.
O governo também deve investir, articular e apoiar financeiramente ações de marketing do leite no mercado interno e a criação de produtos com indicação geográfica e com sinais distintivos. Além disso, está previsto o lançamento de editais de pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos lácteos com maior valor agregado, como produtos não alergênicos e os funcionais.
Melhoramento genético
Atualmente, cerca de 70% das doses de sêmen comercializadas para gado de leite no Brasil são importadas. Com o fortalecimento dos programas de melhoramento genético, tanto de raças especializadas quanto de raças adaptadas às condições de clima e de manejo que prevalecem no Brasil, espera-se que em 10 anos este percentual seja reduzido para 50% e a inseminação artificial (IA) seja utilizada em 25% do rebanho leiteiro nacional.
O aumento da participação de material genético nacional poderá ocorrer justamente nos rebanhos que hoje não utilizam técnicas como a inseminação artificial já que apenas 10% do rebanho leiteiro utiliza esta importante biotécnica reprodutiva. Além de disponibilizar genética de alta qualidade para o produtor nacional, o crescimento da atividade também promoverá o desenvolvimento de um setor à montante da pecuária, gerando empregos e renda.
Carne
A carne bovina era a mais consumida no Brasil até 2007, quando foi ultrapassada pela carne de frango. Atualmente, o consumo anual médio de carne bovina por habitante é de 37,9 kg. Em 2023, com o aumento da população e de sua renda, estima-se que o País irá consumir 10,8 milhões toneladas (considerando uma população de 216 milhões e um consumo de 50 kg/habitante/ano) e as exportações deverão ser de 2,8 milhões toneladas.
Para isso, a produção brasileira de carne bovina deverá atingir a marca de 13,6 milhões de toneladas em 10 anos. Com o aumento da pressão sobre os recursos naturais, a pecuária bovina não tem outra alternativa a não ser aumentar sua produtividade.
De acordo com os dados mais recentes, o rebanho brasileiro em 2013 foi de 212,160 milhões de cabeças e a área de pastagem, de acordo com o último Censo Agropecuário, foi de 160 milhões de hectares. Esses números indicam uma média de 1,3 bovinos/ha.
Ao dobrar-se essa lotação, passando para 2,6 bovinos/ha, o País poderá produzir as 13,6 milhões de toneladas de carne em uma área de 113,8 milhões de ha. Ou seja, sem a necessidade de expansão da fronteira agrícola, a intensificação proposta permitiria aumentar a produção em 40%, além de liberar 46,2 milhões de ha para outras atividades.
Ampliação de mercado
Hoje a população brasileira é de aproximadamente 201 milhões de habitantes e consome cerca de 7,6 milhões de toneladas de carne bovina, fazendo com que média de consumo seja de 37,9 kg/habitante/ano. A ideia é que em 2023, o consumo interno passe para 50 kg/habitante/ano, um aumento de 35%.
Para se chegar a esse aumento de consumo, o governo deve articular e apoiar financeiramente ações de marketing da carne para consumidores nacionais e iniciativas de desenvolvimento de produtos com indicação geográfica. O governo deve articular ações com Articulação com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Embrapa, além de universidades e Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária, para criação de editais e linhas de pesquisa para desenvolvimento de produtos não alergênicos, funcionais, e cortes diferenciados.
Incorporação de tecnologia
O Brasil apesar de ser um dos maiores produtores e exportadores de carne do mundo ainda apresenta baixo nível tecnológico em sua produção. Retrato disso é a baixa lotação das pastagens e pequeno número de animais confinados ou suplementados abatidos por ano (quando comparados ao abate total) e a detecção de resíduos de medicamentos encontrados durante o monitoramento oficial.
A capacitação de técnicos e produtores permitirá a incorporação de tecnologia ao campo e consequentemente aumentar a produção. Ações assim já são desenvolvidas, devendo ser ampliadas. Sendo assim, cinco mil técnicos serão capacitados (500/ano) e 200 mil produtores e trabalhadores receberão cursos de capacitação (20 mil/ano).
Fonte:
Portal Brasil com informações do Diário Oficial da União
27/02/2014 09:49
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