Grupo de trabalho que discute crise da Varig propõe que estados paguem dívida com a empresa



O grupo de trabalho criado pela Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI) com o objetivo de discutir soluções para a crise financeira da Varig vai pedir que os 25 estados brasileiros que devem à empresa quitem uma dívida de R$ 1,4 bilhão. A decisão foi tomada por senadores, deputados e representantes da Varig e instituições ligadas à empresa em reunião realizada a portas fechadas nesta quinta-feira (25). Os governadores e secretários estaduais de Fazenda que estavam convidados para a discussão não compareceram.

Segundo o senador Paulo Paim (PT-RS), com a quitação da dívida dos estados, a Varig teria dinheiro em caixa que lhe daria um lastro financeiro para obter empréstimo emergencial de US$ 50 milhões junto ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Os recursos seriam necessários para a companhia poder continuar operando até o leilão da empresa, previsto para ocorrer no início de julho.

- Vou conversar com cada um dos coordenadores de bancada dos estados devedores e, se necessário, ligarei pessoalmente para cada um dos estados, com esse objetivo - afirmou Paim, ao lembrar que é preciso seguir o exemplo do Rio de Janeiro, que já quitou sua dívida com um deságio de 25%.

Entre as unidades da Federação que mais devem à Varig, segundo o senador gaúcho, estão São Paulo (R$ 410 milhões), Amazonas (R$ 119 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 107 milhões), Distrito Federal (R$ 104 milhões) e Paraná (R$ 83 milhões). O parlamentar afirmou ainda, em entrevista à Agência Senado, que o pagamento poderia ser feito com um deságio de 25% a 30% ou até mesmo em papéis negociados no mercado para que a Varig pudesse conseguir o empréstimo emergencial.

Estados Unidos

Também a dívida da Varig com empresas norte-americanas de leasing de aeronaves foi discutida na reunião. Para o senador Jefferson Péres (PDT-AM), a situação é grave e requer uma intervenção do governo brasileiro junto às autoridades americanas.

- A participação do governo federal, agora, é vital. Se ele não intervier, pelo menos para tentar convencer a justiça americana, até o dia 31 deste mês, a prorrogar o prazo para pagamento da dívida, a Varig acaba - enfatizou Jefferson Péres, para quem a justiça americana poderá arrestar as aeronaves da empresa se a dívida não for quitada dentro do prazo.

Segundo Jefferson, caso os estados quitem suas dívidas ou as reconheçam oficialmente, não só a obtenção do empréstimo fica mais fácil, mas também será mais fácil convencer a justiça americana a prorrogar o prazo para pagamento dos débitos junto às empresas daquele país.

De acordo com o comandante Márcio Marsillac, coordenador da associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), um dos credores da Varig, o momento é próprio para implementar ações a fim de que a Varig possa sobreviver até o leilão.

- Neste momento, o que precisamos é de um somatório de ações tanto dos governos estaduais quanto da União e também dos trabalhadores e demais atores envolvidos neste processo para colocar a Varig em condições de estar em pé e bem para o leilão que vai ocorrer entre trinta e sessenta dias - afirmou Marsillac.

O representante da TGV esclareceu ainda que no dia 31 de maio não vence o prazo para que a Varig quite suas dívidas com as empresas americanas, mas sim para que a justiça americana, que realiza uma reunião sobre o caso Varig nesta data, obtenha informações sobre o andamento do processo a fim de prosseguir com a liminar que mantém as aeronaves em funcionamento. Segundo Marsillac, a Varig Operacional Integral será negociada no leilão por um preço mínimo de US$ 860 milhões, enquanto que a unidade operacional doméstica por um valor mínimo de US$ 700 milhões. A dívida total da Varig, atualizada, chega a R$ 9 bilhões.

A próxima reunião do grupo de trabalho da CI ficou marcada para a segunda-feira (29), às 14h.



25/05/2006

Agência Senado


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