Hartung propõe comissão especial para acompanhar Alca
O senador questionou o ministro sobre a possibilidade de o Brasil ter cometido um erro, ao ter concordado com a inclusão de uma cláusula no acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC) que dispõe sobre a equalização de crédito, que acabou prejudicando o país no contencioso entre a Embraer e a empresa canadense Bombardier. Segundo ele, essa cláusula restringe a exportação brasileira a produtos com baixo valor agregado e sem tecnologia de ponta.
Celso Lafer reconheceu as deficiências do governo e do próprio Itamaraty diante da complexidade das negociações em torno de blocos econômicos e acordos internacionais.
- Quando se iniciou a Rodada Uruguai da OMC, o Brasil não estava exportando aviões e não se deu conta daquela nota de rodapé - revelou.
O ministro explicou que a Rodada Uruguai, por exemplo, é um conjunto de regras tão volumoso quanto o Código Civil brasileiro e acrescentou que o Brasil vai trabalhar pelas mudanças necessárias.
Lafer disse ainda que tem sido sua intenção, desde o primeiro momento à frente do Ministério, adensar a competência dos quadros diplomáticos na área econômica e buscar uma participação mais ativa do empresariado diante dos aspectos técnicos do comércio exterior.
Em relação ao Mercosul, Lafer revelou que, durante o conflito com o Canadá, em torno do mal da "vaca louca", manteve conversas reservadas e "muito construtivas" com os demais países do bloco latino-americano, onde encontrou "plena simpatia e respaldo". Segundo o ministro, os países do Mercosul são parceiros que têm conhecimento dos riscos que têm pela frente. "Eles teriam nos ajudado se tivéssemos solicitado", assinalou.
Lafer disse também que o Brasil não se pode furtar ao exame dos riscos e das oportunidades ao participar da Alca. "Não podemos ignorar que mais de 50% das nossas exportações, compostas de 70% de produtos manufaturados, são destinadas aos países que formam a Alca", afirmou. Ele ressaltou que a negociação sobre a inclusão do Brasil na Alca deverá obedecer ao interesse nacional, que será definido por uma interação entre o Executivo, o Congresso Nacional e as entidades da sociedade civil organizada.
13/03/2001
Agência Senado
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