Hélio Costa sugeriu MP para agilizar votação sobre células tronco
O senador Hélio Costa (PMDB-MG) sugeriu que o governo apresente medida provisória sobre o tema, para agilizar a votação da matéria, durante audiência pública que debateu o uso de células tronco na pesquisa contra doenças genéticas, realizada pelas Comissões de Educação (CE) e Assuntos Sociais (CAS) nesta quarta-feira (2). Costa afirmou ser católico, mas disse que se viu convencido pelos expositores a se tornar favorável à pesquisa com células tronco.
O senador Augusto Botelho (PDT-RR) disse não ver motivo para tanta polêmica, pois acredita ser a pesquisa com células tronco semelhante ao transplante de órgãos, uma vez que se usa parte de um ser vivo para salvar outro. E o transplante já é autorizado pela legislação nacional, observou.
O senador Flávio Arns (PT-PR) é favorável à votação separada da regulamentação do uso de transgênicos e da pesquisa com células tronco. Ele defendeu que a vida humana seja respeitada em qualquer período. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse duvidar que -alguém que tenha contato com crianças com problemas genéticos, que só possam ser resolvidos com esse investimento científico, seja de que religião for, pode ter qualquer dúvida sobre o caráter ético da pesquisa científica com células tronco-.
O senador está preparando uma emenda ao projeto vindo da Câmara. A emenda autoriza o uso das células tronco para pesquisa no Brasil, diferente do texto vindo da Câmara, que proíbe esse tipo de pesquisa.
O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou ter certeza da justeza da permissão da pesquisa.
- A opção é entre o lixo (para os embriões) e fazer pesquisa para salvar a vida de crianças. Na verdade, se trata de dizer não ao atraso científico - afirmou. Virgílio acha que não é justo fazer que os cientistas brasileiros fiquem no atraso quando tantos países no mundo estão fazendo pesquisas com células tronco. -Não quero que os bebês que nasçam no Brasil tenham menos possibilidades porque aqui vivemos sob preconceitos-, disse.
O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) afirmou que a permissão da pesquisa será uma boa oportunidade para o Brasil se mostrar um país maduro e lembrou a importância de tratar com responsabilidade a matéria. O senador José Agripino (PFL-RN) afirmou que já tomou decisões políticas contra orientação da igreja, apesar de ser católico, por considerar o caminho certo. Por exemplo, já incentivou o controle da natalidade quando foi governador do Rio Grande do Norte. Afirmou ser favorável à pesquisa com células tronco e comentou o congelamento do cordão umbilical de bebês, prática que começa a ser adotada no mundo para futura cura de possíveis doenças.
A senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) afirmou ser possível tomar decisões importantes respeitando as crenças pessoais e sem ferir princípios. Questionou que doenças poderão ser curadas com a pesquisa com células tronco. O professor da Faculdade de Medicina e diretor do Hemocentro da USP, Marco Antônio Zago, afirmou que apenas a pesquisa efetiva poderá esclarecer os limites e possibilidades de cura.
02/06/2004
Agência Senado
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