HELOÍSA: EM PORTO SEGURO, GOVERNO FOI COERENTE COM TRUCULÊNCIA HISTÓRICA DAS ELITES



Na Bahia, mas sem participar das festividades oficiais em torno dos 500 anos do Descobrimento, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) disse que pôde ver com os próprios olhos "a baderna promovida pelo governo federal e pelo governo da Bahia em Coroa Vermelha de Cabrália". Na sua opinião, as cenas que presenciou - negros arrastados pelos cabelos, índios velhos perseguidos mato adentro por policiais militares a cavalo - repetiram a truculência, a intolerância e a incapacidade histórica que as elites brasileiras sempre tiveram de conviver com a divergência. "Nunca vi tanta coerência junto", enfatizou.
Ao solidarizar-se com os movimentos que participaram dos eventos paralelos "com uma passividade impressionante", Heloísa Helena afirmou que, para garantir a segurança oficial, rasgou-se a legislação vigente, instalou-se um verdadeiro estado de sítio e desrespeitou-se o Estado de Direito. Os direitos de ir e vir e de livre manifestação de opinião teriam sido violados, a seu ver.
Roberto Requião (PMDB-PR) aparteou a senadora para dizer que a senha para a violência que se abateu sobre índios e negros foi dada pelo próprio presidente da República, quando referiu-se "à baderna do Movimento Sem Terra", e pelo "novo Newton Cruz do governo, que atende pelo nome de Alberto Cardoso", disse, referindo-se ao secretário de Segurança Institucional da Presidência da República.
Em concordância com Heloísa Helena quanto à opinião de que a grande baliza para a solução de conflitos sociais deve ser a lei, Geraldo Melo (PSDB-RN) frisou, no entanto, que isso deve ocorrer também para a oposição. Além disso, a Constituição também define quem são as autoridades do país, as obrigações dos cidadãos em relação a elas e o direito de propriedade, de modo que "o caminho para se resolver o litígio não é a invasão nem a tomada à força. Nessa hora, a lei também devia ser nossa baliza", enfatizou. O senador lembrou que, na semana passada, ao receber uma comissão de índios, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, foi ameaçado por um índio que, em entrevista à imprensa, declarou que estava disposto a atirar mesmo uma flecha no senador. "Isso simboliza o excesso que existe também no outro lado", mesmo porque, se a lei é baliza, nenhum brasileiro está autorizado a fazer justiça pelas próprias mãos, disse.

24/04/2000

Agência Senado


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