HELOÍSA HELENA DESAFIA LÍDER DO GOVERNO



A senadora Heloísa Helena (PT-AL) desafiou ontem (dia 19) quarta-feira o líder do governo na Câmara dos Deputados, Artur Virgílio (PSDB-AM), a trazer amanhã (dia 20) ao Congresso Nacional, o ex-tesoureiro da campanha pela reeleição de Fernando Henrique Cardoso e ex-secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge, para prestar esclarecimentos sobre a sua relação com o ex-juiz foragido Nicolau dos Santos e sua participação na liberação de recursos públicos para a construção do fórum trabalhista do Tribunal Regional de São Paulo. Em contrapartida, a senadora garantiu que o deputado João Coser (PT-ES), que foi sub-relator do Poder Judiciário na Comissão Mista de Orçamento, também estará presente amanhã para prestar esclarecimentos sobre sua participação na aprovação de recursos para a obra do TRT-SP. "Quem for podre, que se quebre", afirmou a senadora.
Respondendo a Artur Virgílio, Heloísa Helena disse que o debate em torno da convocação de Eduardo Jorge não está sendo feito unicamente pelo ponto de vista ideológico. "Se tivéssemos um Congresso Nacional que cumprisse suas atribuições constitucionais, o presidente da República já estaria respondendo por crime de responsabilidade. O presidente Fernando Henrique comete, todos os dias, crime de lesa-pátria ao se ajoelhar diante do Fundo Monetário Internacional", ressaltou a senadora.
- A Constituição não protege saqueadores de cofres públicos, o tráfico de influência ou os corruptos. O tom ameaçador do deputado Artur Virgílio em relação à oposição, não nos constrange ou nos faz tremer as pernas. Ao contrário, vamos dar o máximo da nossa capacidade de luta e de trabalho para enfrentar o rolo compressor da base governista - disse Heloísa Helena.
A senadora assinalou ainda que muitos parlamentares da base governista não são promíscuos, agem com independência e não se ajoelham diante de ameaças. Para Heloísa Helena, no momento em que as diferenças são exacerbadas, surge uma boa oportunidade "para investigar também a fraude da Fundação do presidente do PSDB (senador Teotônio Vilela - com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)".
- Não queremos o lixo debaixo do tapete; não queremos o silêncio covarde - disse a senadora, para quem o que ameaça a democracia brasileira é a fragilidade das instituições e não a reação política e legítima da oposição.

20/07/2000

Agência Senado


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