Líder do PSDB desafia o governo a discutir temas com a oposição
Afirmando que o PSDB saiu vitorioso das eleições municipais, o líder do partido no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), frisou que, agora que se encerraram, "é preciso voltar à velha cantilena". O senador desafiou o governo, em discurso pronunciado nesta quarta-feira (3), a sentar com a oposição para discutir as reformas estruturais de que o país necessita.
Arthur Virgílio chamou o governo a discutir com a oposição as parcerias público privadas (PPPs) a fim de que o Senado possa votar, com urgência, algo que sirva ao país, "desde que não abra espaço para negociata e para burla à Lei de Responsabilidade Fiscal". O governo também precisa discutir com a oposição, disse o senador, a autonomia do Banco Central e o estabelecimento de marcos regulatórios capazes de atrair o capital estrangeiro. Em sua opinião, a proposta que se encontra na Câmara dos Deputados sobre esta matéria deve ser reformada. Ele incluiu ainda entre as prioridades a aprovação da Lei de Falências, da reforma tributária - de acordo com o que foi acertado no Senado - e da Lei de Biossegurança.
O líder do PSDB disse que o governo precisa sair do imobilismo, parar de editar medidas provisórias e discutir com a oposição as reformas estruturais que servirão para sustentar o crescimento ao longo do tempo.
- Se o presidente Lula pretende o bem do Brasil, tem que criar um clima de acordo nacional para se votarem essas reformas sem a prepotência do salto 15 - disse Arthur Virgílio, acrescentando que o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, "precisa recolher sua arrogância, parar com suas ameaças ao Congresso e com seu linguajar de esquina, que não compõe com a compostura de quem tem que lidar com um Congresso independente como o nosso".
Em aparte, o senador Tião Viana (PT-SC) se disse feliz em ver Arthur Virgilio manifestar uma disposição com a agenda nacional. Para Heráclito Fortes (PFL-PI), o PT tem consciência de que não tem capacidade de governar sem a participação do PSDB, PFL e outros partidos. Já o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) considera que, a partir de agora, o governo terá de ter a humildade de reconhecer o papel da oposição.
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO), relator das PPPs, informou que muitos pontos divergentes do projeto já foram solucionados e acredita que dá para aprovar o projeto ainda neste ano. Na opinião do senador José Agripino (PFL-RN), o resultado das eleições mostra que o leitor se voltou para o centro. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) lembrou que o que está faltando para o crescimento é o ambiente propício para o investimento. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse que muitas vezes achou que Arthur exagerava em seus discursos, mas hoje se penitenciava pela posição assumida.
03/11/2004
Agência Senado
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