Heloísa protesta contra investigação de Francenildo por lavagem de dinheiro



A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) protestou nesta quinta-feira (23) contra a investigação que a Polícia Federal está fazendo para apurar a possibilidade de o caseiro Francenildo dos Santos Costa ter feito lavagem de dinheiro. Nildo, como é mais conhecido, teve seu sigilo bancário quebrado informalmente na Caixa Econômica Federal depois de ter dado entrevistas e depoimentos nos quais disse que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, esteve diversas vezes numa mansão em Brasília onde supostamente eram repartidos recursos ilegais e tramados negócios em prejuízo do país.

A parlamentar disse suspeitar que o governo está usando essa investigação como uma forma de amedrontar e desmoralizar o caseiro, por ter ousado contestar um "ministro de Estado poderosíssimo". Sustentou essa suspeita no fato de a investigação ter nascido de um procedimento da Caixa, realizado na sexta-feira, dia 17, às 19h10, quando foi registrada no Sistema Integrado do Banco Central (Sisbacen) a informação de que o caseiro fizera movimentações incompatíveis com a sua renda. Na segunda-feira, 20, essa informação seguiu para o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que iniciou a investigação e acionou a Polícia Federal. OCoaf, vinculado ao Ministério da Fazenda,tem como objetivo disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar ocorrências suspeitas de atividade ilícitas relacionada à lavagem de dinheiro.

Tendo em mãos os extratos bancários cedidos a ela pelo próprio caseiro, a senadora do PSOL observou que as movimentações "incompatíveis com a renda" de Francenildo foram realizadas em entre 6 de janeiro e 15 de fevereiro, sem que a Caixa tivesse tomado qualquer providência, só vindo a fazê-lo às vésperas da publicação pela imprensa da informação de que ele recebera depósitos em valor aproximado de R$ 25 mil, como a sugerir que teria sido "comprado" para depor contra o ministro na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos.

- A Caixa terá de explicar isso muito bem explicado - disse a senadora que qualificou o governo Luiz Inácio Lula da Silva como "governo de bandidos".

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu que, antes que se acuse Palocci, o episódio seja devidamente esclarecido, inclusive se Francenildo recebeu mesmo o dinheiro de seu suposto pai, como afirma.

Em outro aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) sugeriu que Francenildo seja ouvido por uma comissão suprapartidária e integrada também por representantes da sociedade civil.

O senador José Agripino (PFL-RN) apoiou o pronunciamento de Heloísa Helena e pediu que o debate mude de figuras menos importantes, como o presidente da Caixa, Jorge Matoso, para Palocci, que estaria escondido no Palácio do Planalto sob a proteção de Lula, e o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e amigo de Lula, Paulo Okamoto, cujos sigilos bancário e fiscal o governo tenta manter.

O senador Alvaro Dias disse ter recebido do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, a informação de que Francenildo está sendo investigado e que isso "é natural". Terá inclusive seu sigilo telefônico quebrado. O discurso da senadora também foi apoiado pelos senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e Arthur Virgílio (PSDB-AM).



23/03/2006

Agência Senado


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