Heloísa recebe o apoio de 35 senadores em sua despedida do Senado
A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) recebeu o apoio e a solidariedade de um grande número de senadores - 35 apartes - em sua despedida nesta quarta-feira (13), da tribuna do Senado. Por ter concorrido à eleição para presidente da República e ficado sem mandato eletivo, ela disse que vai voltar para Alagoas, onde pretende lecionar na Universidade Federal do estado. A senadora mal conseguiu fazer um pronunciamento formal, uma vez que, muito emocionada, chorou durante quase três horas diante de apartes elogiosos que lhe fizeram seus pares, a maioria lamentando sua saída do Senado e enaltecendo sua coragem e determinação.
A senadora só conseguiu se pronunciar ao final do seu tempo de discurso. E usou sua retórica para criticar "os mercenários bárbaros, contra quem lutei durante quase toda minha vida política, enfrentando o ódio e até ameaças de morte".
- Eu, às vezes, não acreditava que iria ter forças para enfrentar. Mas o amor pela humanidade me motivou - disse, referindo-se à campanha política para a presidente da República.
Heloísa começou seu discurso agradecendo aos senadores e aos funcionários do seu gabinete e aos demais servidores do Senado pela colaboração e pela convivência, quando começou a chorar. Foi aparteada pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM), que fez sua intervenção de pé, "para participar de uma despedida que nunca me comoveu tanto", conforme fez questão de frisar. Em seguida foi o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) que, ressaltando sua admiração pela senadora, disse que "ela foi capaz de se imolar por suas convicções".
Outros senadores, como Romeu Tuma (PFL-SP), lembraram as adversidades que Heloísa enfrentou na sua trajetória no Senado. Para Tuma, a senadora "honrou a campanha presidencial". O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) destacou a convivência que tiveram na bancada do PT e elogiou o PSOL, partido fundado pela senadora.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), assinalou que, logo que conheceu a senadora, percebeu que nos seus momentos mais exaltados "havia a mais profundaindignação". Para Magno Malta (PL-ES) ela "encarnou a luta pelos menos favorecidos, votando contra leis injustas". A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) disse que Heloísa "leva o respeito de todas as mulheres, inclusive daquelas que trabalharam com ela no Senado ".
João Batista Motta (PSDB-ES) comentou sobre a calça jeans e a blusa branca, costumeira indumentária da senadora, que, segundo ele, "o Brasil jamais esquecerá". A senadora Patrícia Saboya (PSB-CE) leu trechos da música Índios do compositor Renato Russo, que fala sobre a utopia de um mundo melhor; e o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) classificou Heloísa como "a defensora dos filhos da pobreza". Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) considerou que Heloísa tem um conjunto de qualidades e capacidade política "que explicam o fenômeno que foi no Senado".
O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) enalteceu a coerência ideológica de esquerda da senadora. Já o senador Mão Santa (PMDB-PI) comparou Heloísa às grandes mulheres virtuosas citadas na Bíblia e elogiou o combate da senadora "à política que favorece os banqueiros".
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos últimos aparteantes, sugeriu que Heloísa continue sua luta política percorrendo o Brasil. Ele disse que ela "demonstra a ansiedade do povo brasileiro em ter confiança em alguém". O senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse que "Heloísa tem uma folha de serviços prestados à democracia e à decência".
Os senadores Heráclito Fortes (PFL-PI), José Agripino (PFL-RN), Sérgio Arns (PT-PR), Osmar Dias (PDT-PR), Ney Suassuna (PMDB-PB), Augusto Botelho (PT-AP), Válter Pereira (PMDB-MS), Romero Jucá (PMDB-RR), Efraim Moraes (PFL-PB), Almeida Lima (PMDB-SE), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Alberto Silva (PMDB-PI), Wellington Salgado (PMDB-MG), Paulo Paim (PT-RS), José Jorge (PFL-PE), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Antero de Barros (PSDB-MT) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) também manifestaram solidariedade à senadora que se despedia.
Falaram ainda os senadoresMozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e José Maranhão (PMDB-PB), lamentando a ausência da senadora na próxima legislatura. Ao final, o presidente Renan Calheiros disse que, além de a admiração pela senadora ser uma unanimidade entre os senadores, "o Senado nunca mais será o mesmo depois de sua passagem pela Casa".
13/12/2006
Agência Senado
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