Heráclito compara caso dos boxeadores cubanos aos episódios "Olga Benário" e "Lílian Celiberti"



O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) afirmou que a atuação do governo Luiz Inácio Lula da Silva no episódio de repatriação dos boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que desertaram da delegação de Cuba durante os Jogos Pan- americanos Rio-2007, é comparável à do governo Getúlio Vargas, na década de 1930, com a entrega da comunista alemã Olga Benário às forças de Hitler e do governo Ernesto Geisel na permissão para o seqüestro do casal Universindo Díaz e Lílian Celiberti e seus dois filhos, Camilo e Francesca, por um comando militar uruguaio no Rio Grande do Sul.

- Os três episódios não diferem em nada. A maior tortura que os boxeadores cubanos sofrem é não terem mais permissão para praticar o esporte e jamais poderem deixar de novo a ilha [de Cuba] -, comentou.

Heráclito pediu a transcrição nos Anais do Senado da entrevista do jornalista Luiz Cláudio Cunha, que chefiava a sucursal da revista Veja em Porto Alegre (RS) e cobriu o seqüestros do casal uruguaio na década de 1970, ao blog do jornalista gaúcho Políbio Braga. Na entrevista, Luiz Cláudio Cunha afirma que "o governo Lula conseguiu fazer pior do que os generais da ditadura brasileira". Ao contrário daquele tempo, quando o Brasil e o Uruguai eram governados por militares, o entrevistado argumenta que o país vive hoje uma democracia, o que tornaria difícil imaginar a troca de favores entre os governos do Brasil e de Cuba, controlado há quase 50 anos por Fidel Castro, "à custa dos direitos individuais dos pugilistas".

Além de também pedir o envio de cópia da entrevista ao ministro da Justiça, Tarso Genro, o senador pelo Piauí apresentou requerimento de informações sobre documento apresentado pela líder do Bloco de Apoio ao Governo, Ideli Salvatti, sobre uma declaração favorável da ONU (Organização das Nações Unidas) quanto à legalidade e legitimidade da atuação do governo brasileiro no caso dos boxeadores. Heráclito quer, ainda, esclarecimentos do atual governo sobre uma eventual escala em território brasileiro de avião venezuelano que teria transportado US$ 850 mil entre Caracas e Buenos Aires, na Argentina.

Em aparte, o senador José Agripino (DEM-RN) afirmou que o governo brasileiro participou de uma farsa mandando a Polícia Federal prender e deportar pessoas que teriam se entregado por pressão do governo cubano sobre seus familiares. Ao contrário de Heráclito, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) discordou da comparação entre os três episódios, argumentando que os boxeadores não foram mortos, como Olga Benário, nem relataram ter sofrido tortura, como o casal uruguaio. Suplicy também propôs viagem dos senadores a Cuba para ver a situação dos pugilistas e apelar pela revisão da medida tomada contra eles por Fidel Castro.



27/08/2007

Agência Senado


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