Heráclito critica ministro que participou de "apitaço"



A participação do ministro da Saúde, José Agenor Álvares da Silva, em manifestação de protesto popularmente chamada de "apitaço", organizada nesta quinta-feira (24) por médicos residentes em Juiz de Fora, causou estranheza ao senador Heráclito Fortes (PFL-PI). O "apitaço" aconteceu durante a solenidade de inauguração do Centro de Atenção à Saúde, da Universidade Federal de Juiz de Fora, para reivindicar aumento de salário, melhores condições de ensino, dentre outras coisas.

- O ministro tem o direito de protestar num caso como esse, mas tinha o dever de apresentar solução, porque a caneta da solução desse problema está na mão dele. No entanto, o país teria aplaudido se o ministro da Saúde protestasse contra as sanguessugas que proliferaram no seu ministério. Protestasse de uma maneira bem simples: demitisse os envolvidos - sugeriu.

Heráclito assinalou que, ao contrário, na quarta-feira (23), no Congresso de Santas Casas realizado em Brasília, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, "mandou [como representante] o ex-secretário geral do Ministério da Saúde, que é o sanguessuga segundo, o testa-de-ferro do ex-ministro Humberto Costa".

- Houve uma curiosidade de toda a imprensa, um mal-estar, e o presidente, na última hora, trocou o seu representante; espero que por alguém melhor qualificado ou que, pelo menos, não tenha tido envolvimento com sanguessugas - disse.

Heráclito perguntou ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que presidia a sessão no momento, se ele sabia o nome do ministro da Saúde. Suplicy não soube dizer e respondeu cerca de 15 minutos depois, lembrando que, na qualidade de membro do PT, apóia a reeleição do presidente Lula e o seu governo.

- Posso, em alguns momentos, ter diferenças de opinião que externo com toda a sinceridade e amizade ao presidente, de alguém que, portanto, o apóia - acrescentou.

Heráclito ainda repudiou a ameaça de intervenção na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), feita pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. Para o senador, a intervenção seria tão grave quanto a invasão das dependências de uma agência bancária ou qualquer propriedade sem a devida ordem judicial. De acordo com o senador, o ministro teve interesses contrariados pela agência.

- O paradoxal de tudo isso é que, ontem (quarta-feira), a líder do PT (senadora Ideli Salvatti, SC), nesta tribuna, se vangloriava de que o governo do presidente Lula deu mais lucro às grandes empresas do que o governo passado; que os bancos, no governo atual, ganharam mais do que no governo passado. Como se isso fosse uma grande obra de governo - disse.

Em aparte, o senador José Jorge (PFL-PE) lembrou que, quando era parlamentar da oposição, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, declarou que comeria todas as páginas de papel em que constassem declarações do PT contra o aumento dos lucros dos bancos.



24/08/2006

Agência Senado


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