Heráclito pede neutralidade do Brasil no caso de Honduras e aponta irresponsabilidade no abrigo a Zelaya



O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) voltou a criticar, em Plenário, nesta quarta-feira (30), o envolvimento do Brasil na crise institucional de Honduras, ao abrigar o presidente deposto do país, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Para Heráclito, o Brasil sabia das intenções de Zelaya de voltar a Honduras, uma vez que ele havia pedido um avião ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o negou, conforme afirmação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em audiência pública realizada ontem na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Heráclito ressaltou que o Brasil deve dar asilo a quem esteja sem nenhuma segurança em seu país. No caso de Zelaya, ressaltou, o presidente deposto voltou ao país e da Embaixada do Brasil tenta retomar o poder.

- Não cabe ao Governo brasileiro decidir as questões internas de Honduras. Por que o senhor Zelaya não procurou a Embaixada americana? Por que não se hospedou no prédio da OEA que existe em Honduras? - indagou Heráclito.

Ele observou que "asilo político" é dado a quem está no país e por circunstâncias políticas corre risco de vida.

- O senador Mercadante diz aqui: "Todos os países aplaudem o Brasil". Claro! Tiraram, de todos os países os que podiam ser vítimas dessa hospedagem infeliz e insatisfatória, essa responsabilidade ou essa possibilidade. Nós temos uma política internacional dúbia que permite esse tipo de oferecimento [de hospedagem na embaixada]. Nós temos de levar essa questão de maneira mais séria - afirmou Heráclito, para quem há necessidade de o país nomear um embaixador plenipotenciário para lidar com a situação em Honduras.

Heráclito disse que a última vez que o Brasil se envolveu numa questão diplomática foi no final da década de 1960, quando participou de uma manobra militar americana na República Dominicana e acabou participando da tomada de uma cidade e em questões internas daquele país. Essa situação, disse Heráclito, gerou ressentimento do povo dominicano em relação ao Brasil.

- Nada mais oportuno de que o Brasil assuma posição de neutralidade. Não devemos nos intrometer nas questões internas de um país vizinho. Temos que respeitar a soberania de cada país - recomendou Heráclito.

Para ele, falta coordenação para o governo brasileiro.

- O Brasil entrou numa fria porque não temos uma política externa unificada. Temos o ministro das Relações Exteriores que faz política externa para um lado e o assessor da Presidência da República que desfaz pelo outro - lamentou, referindo-se a suposta ingerência de Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na política externa brasileira. 

Fortes, para quem o Brasil "entrou numa fria" ao tornar-se "caudatário de Hugo Chávez", presidente da Venezuela.

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) classificou como irresponsável a decisão do governo brasileiro de abrigar o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada brasileira.

- Tiraram de todos os países os que podiam ser vítima dessa hospedagem infeliz e insatisfatória, a responsabilidade ou a possibilidade. O grande hospedeiro, hoje, quem é? É o Brasil! Por que o Brasil? Porque nós temos uma política internacional dúbia que permite esse tipo de oferecimento - criticou o senador, nesta quarta-feira (30).

Para o parlamentar, não se trata de dar apoio ao governo golpista e nem se questiona o simples fato de o governo ter abrigado Zelaya na embaixada, mas a ingerência do Brasil na política interna de outro país, na medida em que o presidente deposto utiliza a embaixada como palanque político.

Da mesma forma, Heráclito Fortes questionou as declarações do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao prestar esclarecimentos sobre o assunto na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional(CRE), em que o ministro afirmou ter negado o empréstimo de um avião a Zelaya em julho. Heráclito avalia que o pedido não teria sido feito, se não houvesse uma expectativa de resposta favorável e sem que tivesse sido criado um ambiente de confiança para tal.

- O Brasil entrou numa fria porque não temos uma política externa unificada. Temos o ministro das Relações Exteriores que faz política externa para um lado e o assessor da Presidência da República que desfaz pelo outro - lamentou, referindo-se a suposta ingerência de Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na política externa brasileira.

O representante pelo Piauí criticou a situação de Zelaya na embaixada brasileira que não se caracteriza como asilado político, que, segundo ele, é dado a quem está no país e por circunstâncias políticas corre risco de morte, como foi o caso de inúmeros brasileiros que, exilados durante o período da ditadura militar, pediram asilo nas embaixadas do Chile e do México.

Heráclito Fortes classificou como "irresponsabilidade brasileira" o fato de a embaixada não estar sob a responsabilidade de um embaixador, mas de um funcionário de segundo escalão.

Finalizou seu pronunciamento, dizendo que a situação atual de Honduras é grave e que o Brasil deveria estar dando uma demonstração de ser um país que defende a paz.



30/09/2009

Agência Senado


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