Heráclito pede recursos para a conservação de obras de arte adquiridas pelo país no século passado



O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) apelou ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, para que atente à situação de abandono de diversas obras de arte nacionais e internacionais adquiridas na primeira metade do século passado por brasileiros preocupados com a formação de um acervo cultural no país. Ele contou que grande parte dessas obras está aguardando, em depósitos sem condições apropriadas de conservação, decisões judiciais sobre questões de herança, falência ou sonegação fiscal.

Ele citou, inclusive, a minissérie televisiva de época, intitulada Um só coração, em que foram retratados esses eventos e os personagens da Semana de Arte Moderna de 1922.

- Além de podermos ver a expressão da arte brasileira, é possível ver nesse trabalho a luta de brasileiros que conseguiram trazer para o nosso país obras orçadas hoje em mais de US$ 1 bilhão - informou Heráclito, manifestando sua preocupação com o risco de perda desse acervo.

Heráclito observou que "esses tesouros", muitos de artistas renomados em todo o mundo, se encontram sem condição de proteção. A solução para a conservação, sugeriu o senador, está em que o ministro da pasta solicite mais verbas para o setor cultural. Ele recomenda que o caminho seja a localização, catalogação e transferência para museus nacionais dessas obras de arte.

Em sua opinião, as iniciativas devem incluir, inclusive, a realização de leilões das obras em litígios judiciais e a tentativa do governo de arrematá-las. O parlamentar também quer que o Senado procure ter acesso aos depósitos em que essas obras estão para que os senadores possam ter noção de seu estado de conservação.

O senador anunciou ainda que está preparando um projeto de lei destinado a regularizar o destino desse acervo, para que ele possa ser usado de maneira pedagógica e como estímulo às gerações futuras, em exposições ambulantes pelo Brasil.

- Quando a burocracia quer, ela resolve. Isso é uma questão de decisão e nós não podemos deixar que um patrimônio de valor quase incalculável seja jogado pelo ralo - observou Heráclito Fortes.



28/04/2004

Agência Senado


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