Heráclito quer investigação nos grandes bancos
O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) disse que concordava com a depoente Ruth Whately Bandeira de Almeida, quando ela afirmou que a CPI precisava dedicar mais atenção aos grandes bancos que operavam contas CC-5 em Foz do Iguaçu, como o Bemge, o Banco do Brasil, o Banestado e o Itaú, por exemplo. -Estamos há 20 dias centrando fogo apenas no Araucária, quando o objetivo da CPI é apurar quem remeteu dinheiro para o exterior de forma ilegal e quais os bancos que participaram do esquema-, disse o senador.
Heráclito ironizou o delegado Paulo Castilho: -O ilustre misto de delegado, repórter e assessor Castilho deveria estar aqui e ouvir isso, mas acredito que ele esteja agora assistindo ao seu noticiário de tevê favorito-, disse, referindo-se ao Jornal da Record, de Bóris Casoy, que apresentou gravações exclusivas de conversas telefônicas da mesa de câmbio do Banco Araucária. O senador disse que trechos curtos de conversa não revelam nada, apenas a transcrição de todo um dia de operações, da abertura do mercado ao fechamento.
- O fato de haver diálogos com palavrões ou brincadeiras não revela intimidade. Isso é comum nas mesas de câmbio, como forma de aliviar tensões. Temos que ouvir a transcrição de todo um dia de operações - disse Heráclito. O senador Flávio Arns (PT-PR) sugeriu que a depoente auxiliasse, de maneira informal, os trabalhos da CPI, como forma de se aproveitar o grande conhecimento que ela tem do mercado de câmbio e das operações com contas CC-5.
A relatora ad hoc Ideli Salvatti protestou contra o fato de que a depoente recebeu transcrições das fitas gravadas, o que teria permitido a ela se preparar de forma adequada para não se comprometer ou cometer incoerências ou contradições.
A depoente confirmou que o Banco Araucária recebeu autorização do Banco Central para operar contas CC-5 em Foz do Iguaçu, e receber quantias acima de R$ 10 mil em dinheiro e sem origem ou depositante identificados, sem ter agência em Foz. -O dinheiro vinha de avião até Curitiba, onde recebíamos os reais-, explicou Ruth. Só três meses depois o banco abriu uma agência em Foz do Iguaçu. A autorização para o Araucária operar só em Curitiba com contas CC-5 e receber reais vindos de Ciudad del Este, no Paraguai, foi assinada por José Maria Ferreira de Carvalho, não época chefe do Departamento de Câmbio do Banco Central.
19/08/2003
Agência Senado
Artigos Relacionados
Ex-diretora do Araucária diz que investigação tem que acontecer sobre os grandes bancos
Taques quer responsabilizar bancos que não enviarem dados solicitados em investigação
Heráclito quer rapidez em investigação sobre denúncia de corrupção no governo do Piauí
CPI COMEÇA A INVESTIGAR SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS DE GRANDES BANCOS
Economistas de grandes bancos debatem perspectivas do desenvolvimento do país na CAE
CCJ vota projeto que atribui à PF investigação de assaltos a bancos