Ibre diz que inflação não será controlada com facilidade



O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) divulgou nesta quinta-feira (19) o seu “Boletim Macro”. De acordo com o estudo, a inflação continua crescendo no País, está atingindo mais produtos e de forma mais persistente. Para os economistas do instituto, não é possível fazer projeções sobre a trajetória da inflação com certeza, mas o cenário indica que a taxa deve fechar o ano bem próxima do teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5%.

Segundo o estudo, a escalada da inflação é reflexo do aquecimento da economia em níveis ainda altos no primeiro trimestre do ano. O boletim aponta que o indicador de atividade econômica vem registrando a retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), impulsionada pela recuperação da indústria e pela absorção doméstica, que considera consumo e investimentos. O boletim apresenta uma projeção de crescimento de 1,4% do PIB no primeiro trimestre do ano.

Para o economista Régis Bonelli, coordenador geral do levantamento, diante desse cenário, a taxa básica de juros (Selic), estipulada mensalmente pelo Banco Central, deve continuar sendo reajustada para cima até que o quadro inflacionário seja domado. “Nós estamos ainda com uma economia muito acelerada, quando esperávamos um pouco menos, e isso tem implicação para a inflação, que continua acelerando. Isso significa que as medidas que vêm sendo tomadas desde dezembro, como aumento da taxa de juros, estão surtindo efeito, mas um pouco mais lentamente ou de forma não tão eficaz quanto a gente esperaria”, explicou.

Os economistas do Ibre alertam que a Selic tem um impacto maior sobre a indústria pelo canal do crédito. A elevação da taxa torna os empréstimos mais difíceis e os bancos mais rigorosos. Essa situação deveria desaquecer o nível da atividade econômica, o que não está acontecendo na velocidade que os analistas previram.

Segundo a análise do instituto, a inflação não tem mais apenas um ou outro setor como principal vilão, como foram os alimentos, até o ano passado. Nos últimos 12 meses, o número de itens que estão registrando aumento de preços é cada vez maior e o mais preocupante, é que muitos desses itens fazem parte do grupo de serviços, livres ou administrados pelo governo, como as tarifas de energia elétrica.

O economista do Ibre, André Vaz, explica que os preços dos serviços são os menos sensíveis à variação da taxa Selic, ou seja, respondem com menor intensidade e mais lentamente às medidas adotadas pelo governo para controlar a inflação. “Você pode subir a taxa de juros, mas, dado que o mercado de trabalho está aquecido, isso pode pressionar custos desse mesmo segmento. Ou seja, serviços livres seguem pressionados e apresentam aumento médio de 9% nos últimos 12 meses. Pra frente, a gente prevê um pouco mais de resistência desse conjunto de preços. E temos também preços administrados em alta. Nossa conta de luz, de água e de telefone vão ter aumentos maiores que em 2010 e isso também é uma nova fonte de pressão para a inflação”, explicou André Vaz.


Exportações

De acordo com o “Boletim Macro”, a queda de preços de alguns produtos básicos (commodities) no mercado internacional, como petróleo e grãos, não deve comprometer a meta brasileira de atingir US$ 245 bilhões com exportações em 2011.

Segundo a economista Lia Valls, as exportações brasileiras estão cada vez mais pautadas nas commodities que, atualmente, respondem por quase 45% de tudo o que é vendido para outros países. Mas, como o Brasil tem uma pauta bastante diversificada, acaba ficando menos vulnerável às oscilações de preço de um ou outro item.

“O comportamento do preço das commodities é muito importante. E, no cenário internacional, mesmo que não haja mais aumento, elas estão num nível bastante elevado, o que garante nossas exportações. Além disso, o mercado chinês continua demandando muito e é nosso principal destino”, explicou a economista.

Para o estudo, a valorização real da taxa de câmbio continuou em abril, prejudicando ainda mais os exportadores. Mas o crescimento econômico dos países da América do Sul, principais compradores dos produtos brasileiros com maior valor agregado, deve manter as exportações em alta. "Até o momento, as previsões [sobre a economia dos países sul-americanos] foram todas revisadas, de crescimento maior do que se esperava”.

Em relação ao saldo comercial, o Ibre prevê resultado de US$ 22 bilhões em 2011, US$ 3 bilhões acima da última previsão feita pelo instituto, de US$ 19 bilhões.


Fonte:
Agência Brasil



19/05/2011 19:45


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