Ideli é contra "personalizar" crise do Senado



A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) discordou, nesta terça-feira (30), da estratégia de responsabilizar senadores ou partidos, individualmente, pelas irregularidades cometidas no Senado nos últimos 15 anos. Segundo ela, as denúncias de corrupção e concessão de privilégios devem ser objeto de uma profunda investigação para que se descubra de quem foi a culpa.

- Não é nada recente, não é nada novo. É tudo muito antigo e tudo a muitas mãos, porque nada chega ao ponto que está para produzir este tipo de manchete, cada uma mais cabeluda, pior do que a outra, se não tivesse tido a participação de muitos, de muitas, de muitas mãos. Por isso é que eu fico um pouco incomodada quando vejo a tendência a personalizar um problema que é da estrutura deste poder - analisou Ideli.

A parlamentar reagiu contra a estratégia que ela chamou de "tira, tira, tira", referindo-se a propostas para que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) renuncie ou se licencie do cargo. Para a senadora, a renúncia ou a licença poderá não provocar mudanças, mas apenas aliviar a pressão que hoje é exercida pela imprensa e pela opinião pública. Ideli mencionou uma série de exemplos de matérias jornalísticas e outros tipos de manifestação negativa em relação ao Senado.

A bancada do PT marcou reunião para as 19h desta terça, de modo que os parlamentares pudessem refletir sobre o assunto ao longo do dia.

- Para nós do PT é muito importante que aconteçam as mudanças, as ações, as investigações. Mas vou defender na bancada que nenhuma medida possa ser adotada contra qualquer um dos senadores. Quero aqui deixar consignado que sou terminantemente contra qualquer providência que personalize ou tente imputar culpa a um único parlamentar; até pelo respeito que todos nós devemos ter para com cada um que aqui chegou, com os votos da população, representando cada um o seu estado - declarou a senadora.

Ideli também pediu calma, a fim de que as investigações tenham o tempo necessário para a apresentação de resultados. Muitas vezes, lembrou, alguém é acusado, e depois se descobre que era inocente. Outra preocupação de Ideli é com a paralisação do Senado, que praticamente só tem tratado da crise quando há muitas matérias para serem debatidas e votadas. Ela citou, como exemplo, o projeto de regulamentação da profissão de motoboy, que mereceria ser refletido no tocante às garantias de segurança.

Conforme a parlamentar do PT, estão aguardando igualmente a atenção da Casa as questões dos aposentados; dos juros exorbitantes dos cartões de crédito; da reserva de vagas para alunos que tenham frequentado escola pública; e do não repasse dos cortes de impostos para os juros cobrados de setores afetados pela crise econômica.



30/06/2009

Agência Senado


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