Ideli quer "país em pé de guerra" para mudar acordo com o FMI
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) propôs nesta segunda-feira (21) ampla mobilização para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) revogue cláusulas do acordo com o Brasil e melhore as possibilidades de investimentos públicos em infra-estrutura. De acordo com a senadora, uma das cláusulas determina que investimentos de instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sejam lançadas como despesa, elevando o déficit público.
Outra restrição, segundo ela mais grave, diz respeito ao limite de endividamento de prefeituras, que estão com dificuldades para fazer empréstimos na Caixa Econômica Federal. A CEF tem hoje R$ 2 bilhões para serem emprestados, mas só pode fazer contratos no valor total de R$ 600 milhões. Mais de 2 mil prefeituras estariam impedidas de obter recursos da Caixa.
Para Ideli, a mudança do acordo com o fundo, que começa a ser renegociado em setembro, é fundamental para que o governo possa viabilizar o plano de investimento discutido na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 12 ministros, presidentes de bancos oficiais e de estatais e representantes de fundos de pensão. Esse plano seria uma das peças mais importantes na estratégia do governo de fazer o país voltar a crescer. O governo Fernando Henrique teria descuidado dessa tarefa.
Ao relacionar obras no valor de R$ 400 bilhões em setores como transportes ferroviários e rodoviários, transposição de águas entre bacias hidrográficas, portos, termelétricas e exploração de petróleo, a senadora observou que é preciso encontrar formas de financiar os projetos. Como há escassez de capitais no mundo e a poupança interna brasileira é pequena, seria necessário fazer esforços em muitas frentes, já que o objetivo é alcançar no quadriênio investimentos da ordem de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
- Precisamos mobilizar o país, colocá-lo em pé de guerra, começando pelo Senado, para mostrar à missão do FMI que esses pontos do acordo têm de ser mudados - disse. Segundo ela, as duas cláusulas foram estabelecidas na gestão do falecido Dílson Funaro no Ministério da Fazenda (1986-87).
Em aparte, o senador Roberto Saturnino (PT-RJ) disse que o plano mostra a diferença entre os governos Lula e Fernando Henrique e que os investimentos em infra-estrutura vão tornar o Brasil mais atraente ao capital internacional. O senador João Capiberibe (PSB-AP) pregou a quebra do modelo de investimentos, de modo que o campo receba as benfeitorias e diminua o inchaço das grandes cidades. Para o senador Mão Santa (PMDB-PI), o discurso de Ideli Salvatti -deu novas asas à esperança que venceu o medo-.
21/07/2003
Agência Senado
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