Ideli vê "injustiça social insustentável" na concentração de terras



A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que os grandes proprietários de terra no país tentam esconder -o crime absurdo de não permitir que, no país com a maior área agricultável do planeta, uma família não consiga terra para plantar-. A parlamentar disse ser -uma injustiça social insustentável, inconcebível e inadmissível- o fato de 1% dos proprietários no Brasil deterem 50% das terras.

A senadora lamentou a grande reação ao ato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que colocou na cabeça um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante solenidade no Palácio do Planalto. Para ela, mais importante do que falar dos bonés é falar das cabeças que as usam.

A representante catarinense afirmou que o atual governo não só está dando apoio e condições para a continuidade do agronegócio no Brasil como também está privilegiando a agricultura familiar e criando as condições para que a reforma agrária seja feita no país, no mais absoluto respeito à lei. Ela afirmou ter sido uma -leitora atenta- dos romances de Jorge Amado, autor que -deixou claro- como se deu o processo de acumulação de terras no Brasil. Segundo a parlamentar, o lema dos sem-terra - -ocupar, resistir, produzir- - foi antes o lema dos que hoje são os grandes proprietários de terra, mas que na verdade as adquiriram por ocupação e por grilagem.

Ideli lamentou a declaração do presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Garcia, que, segundo a imprensa, teria dito que o MST não quer a reforma agrária, mas tomar o poder para instaurar um novo regime.

Em aparte, o senador Demostenes Torres (PFL-GO) afirmou que o MST merece respeito, mas observou que seus métodos de atuação, que ele reprova, assemelham-se aos utilizados pelos fazendeiros na década de 80. O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) afirmou que o MST assusta hoje como as Ligas Camponesas assustavam na década de 60. A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) disse que não fazer a reforma agrária -é a maior burrice do mundo-, enquanto a senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) afirmou que o MST surgiu -pela omissão e falta de perspectiva de se fazer a reforma agrária no país-.



09/07/2003

Agência Senado


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