Mão Santa critica injustiça social histórica e imobilismo do governo



O senador Mão Santa (PMDB-PI) alertou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para os sinais que vêm das pesquisas e que indicam uma queda na popularidade do governo. Para isso, usou o documento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que mostra o desempenho econômico e social do Brasil ao longo do século 20.

Mão Santa citou os números que mostram que a população brasileira cresceu dez vezes em cem anos, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 110 vezes.

- Mas a injustiça social cresceu mil vezes, e o Brasil continua deitado em berço esplêndido - esplêndido, mas injusto e cruel - disse.

Mão Santa dirigiu-se à senadora Heloísa Helena, pedindo que a parlamentar entregasse o documento pessoalmente ao presidente Lula, -que depois de nove meses de governo parece ignorar a situação da população brasileira-, afirmou.

Segundo Mão Santa, não é aceitável o argumento de que o governo tem apenas nove meses.

- É tempo bastante para se mudar alguma coisa. Napoleão Bonaparte, em apenas nove meses, criou tanta confusão que até hoje o mundo sente os efeitos do que ele fez - afirmou.

O senador disse que tem autoridade para falar porque é oriundo do PMDB verdadeiro, o de -Ulysses encantado no fundo do mar e o de Teotônio Vilela com câncer-. Ao lembrar que enfrentou -as baionetas da ditadura-, ele alertou o governo:

- Muita coisa tem freio: automóvel tem freio; ônibus tem freio; carro de boi tem freio, e até em homem se bota freio, mulher bota freio no marido, dona Adalgisa [esposa do senador] que o diga. Mas queda de popularidade de governo não tem freio. Há coisas que não se podem esconder, não há Duda Mendonça que esconda, como não escondeu o DIP [Departamento de Imprensa e Propaganda] de Getúlio Vargas, o Duda Mendonça da época, ou Goebbels durante o nazismo alemão - disse Mão Santa.

O senador foi aparteado antes de mesmo de iniciar o discurso, tão longo concluiu a frase -senhoras e senhores senadores-, pelos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que o elogiaram pela assiduidade e dedicação ao Senado.



01/10/2003

Agência Senado


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