Injustiça social definirá eleição



Injustiça social definirá eleição Investimentos em políticas sociais constituem interesse prioritário do brasileiro que vai eleger o próximo presidente da República, revela pesquisa do Instituto Vox Populi. A questão econômica passou a tema secundário, tendo tomado a dianteira, no "ranking" das preferências do eleitor, combate à criminalidade e à corrupção. A pouca eficácia do atual Governo nesses setores explicaria em parte a reprovação de Fernando Henrique Cardoso: 47% das pessoas ouvidas na enquete consideraram a sua atuação ruim ou péssima. A inflação já é vista como um fantasma do passado. Apenas 7% dos entrevistados se preocupam com o controle da inflação e a estabilidade dos preços. A assistência à população de baixa renda e os investimentos sociais devem ser a prioridade do próximo governante, segundo 36% das respostas. Os projetos do Governo Fernando Henrique Cardoso que contam com o maior apoio do eleitorado são os dos medicamentos genéricos (71% de aprovação) e o do provão, feito para avaliar a qualidade dos cursos superiores (54%). Para 35% dos entrevistados a política de reforma agrária deve ser mantida. O que menos agrada à população é a privatização de empresas públicas. Segundo a opinião de 42% das pessoas ouvidas, o programa devia ser abandonado pelo próximo presidente. (pág. 1 e 24) * Não só os Estados Unidos mas todo o Ocidente não serão os mesmos depois dos atentados de terça-feira passada, diz o lingüista e pensador americano Noam Chomsky em entrevista ao "Jornal do Brasil". Segundo ele, as ações terroristas contra Nova Iorque e Washington representam um "divisor de águas" para o mundo ocidental. "Se olharmos para a História americana, esta é a primeira vez, desde a guerra de 1812, ou seja, em quase 200 anos, que território nacional foi atacado", afirma. A hegemonia de países europeus também estaria ameaçada, já que coube a eles, tradicionalmente, o papel de agressores. Nenhuma nação européia, durante toda a História, foi atacada como aconteceu com os Estados Unidos, por países do Terceiro Mundo. "Esta é a primeira vez que a História toma outra direção: as grandes potências guerreiras são as vítimas e não os perpetradores. É uma mudança gigantesca", afirma Chomsky. (pág. 1 e 14) * A próxima eleição não será nem marcada pela disposição da maioria de correr riscos elevados, com candidatos de última hora, nem pela superveniência de um fenômeno eleitoral do impacto do Real. Parece razoável supor que conseguimos visualizar melhor as eleições de 2002. E o que vemos hoje? Lula cresceu, mas ainda tem problemas; houve um aumento da insatisfação e do desejo de mudança do eleitorado; o Governo provavelmente estará melhor; o preenchimento do espaço entre Lula e a candidatura do Governo deve ser pensado no cenário real da sociedade brasileira. Congestionar a esquerda e superofertar candidaturas de um oposicionismo exacerbado não é, certamente, o caminho para faze-lo. (pág. 1 e 24) * Estigmatizadas como centros de pobreza e violência, as favelas do Rio se tornaram vitrines de projetos de combate à miséria. Só na Rocinha, 150 mil moradores têm à disposição pelo menos 45 programas sociais, dos mais diversos tipos. Do outro lado, no asfalto, o quadro é o oposto: em vários bairros, quem está no status da legalidade paga Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), condomínio, taxas e todas as contas, mas não tem creche comunitária, vila olímpica, grupo de teatro - nenhum símbolo de inclusão social. (pág. 1 e 27) * Os "jihadis" (combatentes da guerra santa) ou "os homens de Bin Laden", como também são conhecidos no Afeganistão, desfrutam de total impunidade no país dos talibãs. Comem em restaurantes caros, armados de facões e pistolas, dão calote no aluguel, insultam estrangeiros e até matam desafetos em plena rua. "Eles estão constantemente nos observando. Dão a impressão de que nos consideram reféns em potencial", diz um funcionário da ONU em Cabul. (pág. 1 e 4) * Todas as equipes de resgate dividem o mesmo sonho: encontrar um sobrevivente entre as toneladas de escombros do World Trade Center. Nos murais espalhados pelas ruas de Nova Iorque, rostos e mais rostos impõem a presença dos desaparecidos. Cada um é cada um, com nome e telefone para contato. Esta é a real dimensão da tragédia desencadeada na terça-feira. Todo o resto - a investigação, a autoria, os custos, a retaliação - é mero subproduto. (pág. 1 e 3) Editorial "Inimigos ocultos" Quando os terroristas atacaram as torres gêmeas e o Pentágono, terça-feira, o presidente Bush, que estava na Flórida, foi imediatamente levado para a base da Força Aérea de Louisiana, onde, enquanto alguns acontecimentos se desenrolavam, manteve o comando e controle da situação. Viu-se como, em caso de emergência nacional e militar, o binômio "comando e controle" é fundamental e vem em primeiro lugar. (...) Recentemente, o ministro brasileiro da Defesa, Geraldo Quintão, expressou o conceito de que "as fronteiras brasileiras têm de ser preservadas porque isso significa a soberania nacional". (...) O próprio ministro, diante do episódio terrorista nos EUA, acompanhado com perplexidade, pela televisão, no mundo, manifestou a crença de que se deve promover completa mudança nas políticas de defesa dos demais países. Segundo ele, ficou evidenciada a absoluta ineficácia da defesa das nações frente a inimigos ocultos, como os terroristas "que não agem com a razão". (...) (pág. 12) Colunistas Coisas da Política - Dora Kramer Por toda parte, em todas as conversas, a única certeza que as pessoas conseguem expressar desde os atentados terroristas que ainda nos deixam a todos desconcertados é a de que o mundo vai mudar. Mas até agora ninguém é capaz de produzir, com chance de acerto, um único pensamento a respeito do rumo que a humanidade irá tomar: será o da guerra total ou, afinal, o da paz? Dada a comprovação da inutilidade dos artefatos tecnológicos e de que para a destruição do ser humano basta o próprio homem e sua circunstância de inversão do valor da vida que dá à morte o sentido da salvação, é possível que o caminho seja o do diálogo. (...) (pág. 2) Informe JB - Ricardo Boechat Em seu discurso de despedida da presidência do Senado, terça-feira, Jader Barbalho prometeu afundar na lama atirando em seus algozes. Boa parte da artilharia ele dedicará ao senador Pedro Simon. De quem, merecidamente, apanhou muito. * Para o baiano Antonio Carlos Magalhães, José Sarney se esquivará de concorrer à presidência do Senado: "Não se pode esperar gestos audaciosos como esse de alguém que se abstém de votar até em sessões secretas". (pág. 6) Topo da página

09/16/2001


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