Inclusão de Sociologia e Filosofia no ensino médio volta à Comissão de Educação



Intensa discussão precedeu nesta quarta-feira (dia 13) a decisão do Plenário de devolver a um exame mais profundo da Comissão de Educação (CE) o projeto que inclui Filosofia e Sociologia entre as disciplinas obrigatórias do currículo do ensino médio brasileiro.

De autoria do deputado Padre Roque (PT-PR), o projeto foi apresentado sob o argumento de que o conteúdo dessas matérias não será adequadamente ensinado se for diluído noutras disciplinas e ensinado por professores sem a necessária formação.

Inúmeros senadores se manifestaram em plenário favoráveis à obrigatoriedade dessas duas matérias no currículo do ensino médio. "Vejo no projeto uma idéia feliz", afirmou o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), observando que no mundo todo prospera a idéia de ensinar-se Filosofia até às crianças, para propiciar-lhes o desenvolvimento de uma consciência crítica da realidade.

A senadora Marina Silva (PT-AC) disse que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação cometeu uma injustiça ao excluir a Filosofia e a Sociologia do ensino médio brasileiro. Ela defendeu a tese de que o ser humano não pode limitar-se a seguir o curso da história, devendo considerar-se agente da história. E disse que essa capacidade de reflexão é propiciada exatamente pelas disciplinas de cunho humanístico.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou que a maior defesa que esse projeto podia ter era a presença em plenário da senadora Marina Silva que, alfabetizada aos 16 anos, chegou ao Senado com um raciocínio dialético preciso e inteligente, impossível de ser obtido sem o estudo dessas disciplinas.

Os senadores Roberto Saturnino (PSB-RJ), Emilia Fernandes (PT-RS), Casildo Maldaner (PMDB-SC), Ademir Andrade (PPS-PA) e Pedro Simon (PMDB-RS) também defenderam a aprovação do projeto. Saturnino disse que a Filosofia propicia, entre outras compreensões, o pensar sobre os destinos da humanidade e sobre a ética. "A ética é um capítulo da Filosofia que vale por si mesma", ensinou o parlamentar.

Já o líder do governo, Romero Jucá (PSDB-RR) alegou que a matéria não poderia ser aprovada porque feria o espírito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que permite aos colégios desenvolverem projetos pedagógicos incluindo ou não essas disciplinas. Foi do senador Pedro Simon a idéia de fazer a matéria voltar à Comissão de Educação, para ser mais profundamente discutida.

13/06/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Plenário vota inclusão de Filosofia e Sociologia no currículo do ensino médio

Aprovada a inclusão de Filosofia e Sociologia no currículo do ensino de nível médio

Saturnino protesta contra veto de FHC a inclusão de Sociologia e Filosofia no ensino médio

Filosofia e Sociologia voltam ao ensino médio

Senado inclui Sociologia e Filosofia no currículo do ensino médio

Adiada votação do projeto que inclui Filosofia e Sociologia no ensino médio