Insatisfeito com trapalhadas, Serra intervém na campanha









Insatisfeito com trapalhadas, Serra intervém na campanha
Presidente do partido poderá ser um dos coordenadores

Insatisfeito com os desencontros e trapalhadas ocorridos em sua campanha, o candidato do governo à Presidência, José Serra, colocou o secretário de Comunicação, João Roberto Vieira da Costa, no comitê eleitoral para imprimir sua marca.

João Roberto, além de ser um interlocutor de confiança de Serra, trabalha na mesma sintonia e ritmo do candidato tucano.

Outras mudanças de porte ainda podem ocorrer. Atualmente, o PSDB discute dar um papel "mais importante" na campanha para o deputado José Aníbal (SP), presidente da sigla. Ele poderia, por exemplo, ser o coordenador de mobilização, percorrendo o país para instalar comitês. O problema seria coordenar a função com sua candidatura ao Senado.

A intenção de Serra é acelerar a campanha a partir de agora. Com João Roberto na retaguarda, Serra espera não ser mais surpreendido com fatos corriqueiros que acabam por se transformar em crise política. Exemplo típico foi a passagem do candidato por Barreiras (BA), no sábado passado. Os líderes peemedebistas da Bahia, que estão coligados ao PMDB, não foram avisados da viagem a tempo. Erro primário da assessoria.
Serra havia pedido para o assessor Teodomiro Braga um "paper" com as informações básicas do município e da região. Pouco antes de embarcar para a Bahia, soube que Geddel Vieira Lima, baiano e líder do PMDB na Câmara, não fora avisado da viagem. Ficou furioso: o "paper" pedido ficara pronto, mas as outras áreas do comitê não tiveram a iniciativa de ligar para Geddel.

Iniciativa é palavra-chave nas confusões da campanha de Serra. Alguns assessores acham que o candidato é centralizador demais e evitam e temem fazer alguma coisa antes de consultá-lo.

É possível. Mas Serra nem sabia na noite da última terça-feira que, amanhã, serão colocados nas ruas de 30 cidades 2.100 outdoors de sua campanha. Um assessor, no entanto, conta que Serra teve o cuidado de antes ver e aprovar as fotos e legendas dos outdoors.

O bate-cabeças na campanha não tardou a incomodar a candidata a vice-presidente, Rita Camata (PMDB-ES). Sempre na área de imprensa. Logo em uma de suas primeiras entrevistas, um assessor policiava suas respostas.

Recentemente, outro assessor ficou de passar sua posição (a favor) sobre a intervenção federal no Espírito Santo ao colunista de um grande jornal. Saiu publicado exatamente o contrário.

Serra detestou o prédio do comitê eleitoral de Brasília desde a inauguração, quando foi recepcionado com um protesto de agentes sanitários de saúde. Pensou em nunca mais voltar. Voltou anteontem para uma reunião com líderes dos partidos que o apóiam. Entrou e saiu pela porta da frente, ignorando uma saída estratégica pelos fundos, providenciada depois da inauguração.

Aborrecimento
A convocação de João Roberto para a campanha deixou aborrecido o coordenador político Pimenta da Veiga (MG), que foi designado para a função numa acomodação das forças internas do PSDB. Serra tratou de avisar que ele não perderá prestígio e ficará na mesma função. João Roberto irá para o comitê como coordenador de comunicações. Uma questão de título. Ele é o interlocutor de Serra na campanha.

Quando ele foi para a Secretaria de Comunicação de Governo, em dezembro de 2000, a voz geral era de que se tratava de uma "indicação do Serra". Agora, com sua ida para a campanha, houve quem considerasse o ato uma intervenção do presidente Fernando Henrique Cardoso. Nem uma coisa nem outra. João Roberto, 38, formado em administração pública, estava no Ministério da Saúde desde janeiro de 1997, na Secretaria de Comunicação Social, quando conheceu Serra. A partir daí desenvolveram forte amizade.

Em dezembro de 2001, João Roberto foi para a Secretaria de Comunicação de Governo, indicado por seu antecessor no cargo, Andrea Matarazzo, e pelo publicitário Nizan Guanaes, atual responsável pela campanha de Serra.


Petebistas contrariam Ciro e mantêm apoio a Collor
Decisão saiu de reunião da cúpula com representantes do PTB-AL

Depois de ter assumido o compromisso com o presidenciável Ciro Gomes (PPS) de que romperia sua aliança com Fernando Collor de Mello (PRTB), o PTB recuou e anunciou ontem que manterá seu apoio ao ex-presidente na disputa pelo governo de Alagoas.

A afirmação foi feita pelo líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson, após reunião anteontem à noite com o presidente do partido, José Carlos Martinez, e representantes da legenda no Estado.

""Não vai haver nada. Nem impugnação [da candidatura Collor" nem dissolução [do diretório regional". Não havia clima para intervir", disse Jefferson, que fez parte da tropa de choque de Collor quando ele ocupou a Presidência da República.

PTB e PPS, que apóiam o presidenciável na disputa pelo Palácio do Planalto, registraram no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) coligação com o PRTB.

Anteontem à noite, o partido de Ciro, contrariando seu presidente, Roberto Freire, decidiu promover uma ""intervenção branca" em seu diretório regional e anular as decisões da convenção estadual sobre a eleição majoritária.

Atraso
Ainda não há, entretanto, definição sobre a medida, já que a documentação enviada ao TRE chegou ao órgão três minutos depois de encerrado o prazo legal.

O acordo sobre o rompimento da aliança, segundo o líder do PPS na Câmara, João Herrmann, previa que o PTB tomasse a mesma iniciativa. ""Não tomaríamos nenhuma decisão sem a companhia do PTB", chegou a declarar Herrmann anteontem.

Diante da decisão do PTB de permanecer ao lado de Collor, o PPS de Alagoas promete agora recorrer contra a ""intervenção" (leia texto ao lado).

Comparado ao ex-presidente por seus adversários, Ciro comandou pessoalmente as conversas sobre o recuo dos dois partidos e, conforme petebistas, teria ouvido de Martinez a promessa de que a aliança seria desfeita.
Um dos articuladores da coligação em Alagoas, o presidente do PTB passou a defender o fim da união devido à pressão exercida pelo candidato. Na reunião de anteontem, teria sugerido a convocação da Executiva Nacional para decidir sobre o assunto. Foi desaconselhado por Jefferson.

"Quem tem de julgar Collor é o povo. Já acertei com o ex-presidente que ele não pedirá votos para o Ciro nem declarará apoio a ele. A associação que estão fazendo entre ele e Ciro é desonestidade do [José" Serra [PSDB]", afirmou Jefferson.

Pesou ainda na decisão favorável ao ex-presidente o fato de os deputados estaduais e federais da sigla no Estado terem suas candidaturas praticamente inviabilizadas sem o apoio de Collor. Também é do partido o vice da chapa.

Aliados de Ciro minimizaram o recuo do PTB. Avaliam que a desistência do PPS, partido do candidato, será suficiente para diminuir o mal-estar com a coligação.


"Não sou delegado”, diz Ciro em Rio Branco
O candidato à Presidência do PPS, Ciro Gomes, dividiu um palanque na noite de anteontem em Rio Branco com a deputada Zila Bezerra (PTB-AC), acusada em 97 de ter vendido por R$ 200 mil seu voto favorável à emenda da Constituição que permitiu a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Questionado sobre os apoios da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT), Ciro afirmou: "Não sou juiz, não sou promotor, não sou delegado de polícia. Acho que quem tiver alguma culpa tem que pagar, seja quem for"


PPS de Alagoas diz que vai à Justiça
O PPS de Alagoas informou ontem que vai à Justiça para manter aliança com o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB), candidato ao governo do Estado.

Anteontem, o PPS decidiu intervir em sua seção alagoana e env iou um fax ao Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas em que declarava nula a aliança com o PRTB. O documento chegou às 19h03, três minutos depois do prazo final para o recebimento.

Em nota divulgada ontem, o PPS-AL disse considerar o fax "um monstrengo jurídico eivado de contradições e encaminhado fora dos prazos legais", afirmando que vai recorrer caso o tribunal acate o documento -que será analisado pelo juiz eleitoral Fernando Tourinho.

Na campanha a presidente, O PPS forma com PTB e PDT a Frente Trabalhista de apoio a Ciro Gomes (PPS). O candidato vem se empenhando pessoalmente para que as duas legendas abandonem a coligação em que Collor disputa o governo do Estado, que reúne PRTB, PTB, PPS, PPB e PFL.

Ciro teme que a união em Alagoas reforce a crítica de adversários -principalmente os tucanos de José Serra- de que ele não passaria de "um novo Collor".

Em Manaus, Ciro disse ontem que "o PPS de Alagoas tem de se reportar à direção nacional". Questionado sobre a intenção da seção de ir à Justiça, o candidato afirmou: "Ir à Justiça é um direito constitucional de qualquer cidadão".


Direção do PSDB obriga prefeita de Arapiraca a retirar apoio a Collor
Pressionada pelo comando nacional do PSDB, a prefeita de Arapiraca (AL), Célia Rocha (PSDB), recuou de seu apoio ao ex-presidente Fernando Collor (PRTB), candidato ao governo de Alagoas.

A pressão incluiu desde a ameaça de expulsão da prefeita até uma reunião do presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio da Alvorada com os senadores alagoanos Teotônio Filho (PSDB) e Renan Calheiros (PMDB) e o governador Ronaldo Lessa (PSB).

Para evitar maior desgaste na campanha do tucano José Serra, logo pela manhã, o presidente do partido, José Aníbal (SP), divulgou nota informando que a Executiva Nacional tomaria as medidas para a expulsão da prefeita. Aníbal considerou "inadmissível" o apoio de qualquer de seus quadros a Collor, que "personaliza o que há de mais nefasto e condenável em termos políticos".

Aliados de Serra procuraram atuar imediatamente, porque entenderam que o apoio da prefeita a Collor comprometeria a estratégia do PSDB de associar Ciro Gomes (PPS) ao ex-presidente e daria o discurso a Ciro de que "Serra é o genérico de Collor".

Antes de avisar Aníbal de que a prefeita havia recuado, Teotônio Vilela se reuniu com FHC e Renan. A prefeita é mulher do ministro da Integração Nacional, Luciano Barbosa, indicado por Renan para ocupar a pasta.

O PSDB quer utilizar o caso da prefeita de Arapiraca como um exemplo aos possíveis dissidentes: quem ameaçar a campanha de José Serra será punido, podendo ser até expulso do partido. O recado tucano tem endereço certo: Ceará e Maranhão, Estados onde o partido ensaia trocar a candidatura Serra por Ciro Gomes e Lula, respectivamente.

A notícia de que Célia decidira apoiar Fernando Collor (PRTB) ao governo de Alagoas atingiu o PSDB em um momento de crise provocada pela subida de Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas. Se o apoio fosse consolidado, acabaria com o discurso tucano de comparar Ciro ao ex-presidente e de criticar o apoio do PPS e do PTB à candidatura de Collor.

Ao mesmo tempo, o partido tenta conter a possível debandada de políticos do PFL, do PPB e do PMDB rumo à candidatura de Ciro. A missão seria dificultada se tucanos também passassem a deixar a campanha de Serra.


Malan critica proposta de Lula de renegociação
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, criticou ontem propostas de renegociação das dívidas de Estados e municípios. "Aqueles que dizem estar assumindo compromissos públicos de respeitar contratos com dívidas internas e externas, deveriam incluir o respeito a contratos que temos firmados com Estados e municípios."
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, no último fim de semana, ser favorável à renegociação.

Malan classificou de "lenga-lenga" as criticas da oposição à política social de FHC. "Nenhum governo investiu tanto na área social como este. Ao contrário do que muitos pensam, é possível conciliar responsabilidade fiscal com responsabilidade social." O ministro esteve ontem em Belém, para a comemoração dos 60 anos do Banco da Amazônia.


Artigos

Delenda Ciro
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - A palavra de ordem no QG de José Serra é uma só: "desmistificar Ciro Gomes", o candidato da Frente Trabalhista.

Todas as demais providências anunciadas após a reunião de emergência de anteontem (botar a campanha na rua, usar mais o presidente Fernando Henrique Cardoso etc.) são secundárias ou periféricas.

A avaliação para valer é a de que Serra só retoma o rumo do segundo turno se sua campanha conseguir provar que Ciro é um "farsante", qualificação que lhe aplicam incontáveis lideranças tucanas.

É fácil ou ao menos possível produzir tal prova? Os tucanos, como é óbvio, acham que sim. Não estou tão seguro, no entanto.

Primeiro, não consta, até agora, nenhuma acusação grave contra Ciro no território das maracutaias. É curioso, aliás, que tenha sido o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), hoje aliado de Ciro, quem lhe fez as críticas mais duras.

Acusado por este de "sujo como pau de galinheiro", ACM devolveu: "Ele precisa explicar primeiro como vive, porque ninguém acredita nesse negócio de R$ 5.000 por conferência. Isso é conversa fiada".
Acrescentou, sobre o Canal do Trabalhador, obra de Ciro em sua passagem pelo governo do Ceará: "É pior obra já feita no Brasil, sem licitação e sem nenhuma vantagem para o povo".

Mas, repito, nesse capítulo Ciro tem escapado sem grandes problemas, eleição após eleição.

É, pois, razoável supor que os canhões tucanos se voltarão para mentiras eventuais de Ciro. Aí, o terreno pode ser mais fértil. O candidato do PPS tem uma forte tendência, por exemplo, a exagerar o seu próprio papel e a minimizar o de Fernando Henrique no Plano Real.

O que complica o jogo, de um lado e de outro, é que estiveram juntos, no mesmo partido, até recentemente. Agora, usam as palavras mais pesadas um para com o outro. Fogo cruzado faz vítimas imprevisíveis.


Colunistas

PAINEL

Campanha em crise
Com a queda nas pesquisas, Serra e a cúpula do PMDB fizeram uma reunião tensa anteontem à noite em Brasília a fim de lavar a "roupa suja". Houve um único ponto de concordância: o tucano precisa reagir antes do horário eleitoral na TV, que só começa no dia 20 de agosto.

Perder o timing
O temor de tucanos e peemedebistas é que a distância entre Ciro e Serra continue a aumentar até o início do horário eleitoral e, mesmo com um programa maior na TV, não haja tempo suficiente para reagir. Na prática, a eleição presidencial contará só com 19 programas na TV.

Cotoveladas
Na reunião, que terminou às 2h, o PMDB reclamou da desorganização e da falta de dinheiro para a campanha. Serra acusou a sigla de ampliar a crise ao falar em público dos problemas.

Chá das cinco
A fim de tentar evitar novos problemas internos, Serra decidiu criar um conselho político para a campanha, a ser composto por três peemedebistas, três tucanos, dois pefelistas e dois pepebistas. As reuniões serão sempre às segundas.

Procura-se Guga
Renan Calheiros (PMDB) comparou a disputa entre Ciro e Serra a uma partida de tênis. "Ciro está ganhando. Serra precisa quebrar o serviço dele".

Falta de assunto
José Aníbal (PSDB-SP) se reuniu com Armínio Fraga (BC) por menos de duas horas e tomou apenas café. Já Aloizio Mercadante (PT-SP) passou mais de três horas no BC e foi recebido com almoço.

Devolução de troco
A Suíça informou ao governo brasileiro que está desbloqueando e repatriando para o Brasil os bens de Nicolau dos Santos Neto com base na sentença condenatória da Justiça brasileira. Na prática, isso vai significar US$ 4 mi a mais para o Tesouro.

SOS Serra
Arquivos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) estão sendo vasculhados em Brasília. Alvo: Paulinho, presidente licenciado da Força Sindical e vice de Ciro Gomes (PPS).

Salto alto
Foi só subir nas pesquisas que Ciro -repetindo Lula- decidiu contratar um porta-voz para sua campanha eleitoral.

Certidão de nascimento
Nome do chefe de cozinha do comitê de Álvaro Dias (PDT), candidato ao governo do Paraná e eleitor de Ciro: José Serra.

Memória seletiva
Malufistas dizem que Cláudio Lembo, vice na chapa de Alckmin, renega seu passado como secretário de Maluf, mas finge esquecer que, ao sair do cargo, indicou sua sucessora no governo e outros nomes para a gestão Pitta (Gilberto Kassab, Alfredo Savelli e Guilherme Afif).

Armadilha verbal
O slogan "Maluf resolve", do candidato do PPB, ganhou uma nova versão no tucanato paulista: "Maluf, devolve".

Nomes aos bois
Vidros de gabinetes na Assembléia do ES foram pichados com a palavra "otários". É como Carlos Gratz (PFL), presidente da Casa, se referiu aos aliados políticos, em entrevista gravada.

Em ruínas
Adesivo em circulação no DF: "Juscelino começou Brasília. Vote Roriz para terminar".

Visitas à Folha
O deputado federal José Genoino, candidato do PT ao governo de São Paulo, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço.

Francisco Ritta Bernardino, presidente do Hotel Ariaú Amazon Towers, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de José Ribamar, assessor da presidência do hotel, e de Mario F. Cuesta, superintendente da editora Escala Gráfica Oceano.

TIROTEIO

De Delfim Netto (PPB), sobre José Dirceu (PT) ter citado o governo do general Ernesto Geisel como exemplo de gestão que privilegiou o crescimento:
- O PT está cada vez mais próximo da direita. Mesmo os petistas aprendem.

CONTRAPONTO

Mistério na CPI
Numa sessão tensa, o deputado federal Duílio Pisaneschi (PTB) prestava depoimento à CPI que apura suposto esquema de propina em Santo André (SP) quando foi bruscamente interrompido pelo presidente da comissão, Antônio Leite (PT):
- Espere um pouco, deputado. Antes de continuar, daria para explicar à comissão quem é esse tal de José Carlos que o senhor acabou de citar? Ele é empresário da cidade, seu sócio?
Pisaneschi respondeu ao vereador que "não estava entendendo nada", enquanto os demais vereadores buscavam na memória o tal José Carlos questionado pelo presidente da CPI.
Depois de alguns minutos de cochichos entre os parlamentares, o relator da comissão, Donizeti Pereira (PV), segurou o microfone e informou:
- Vereador Leite, ele disse "recado", e não "José Carlos".
Na platéia, todos riram.


Editorial

CSN INTERNACIONAL

Ainda está para ser estabelecido o significado da fusão entre a Companhia Siderúrgica Nacional e o grupo anglo-holandês Corus. O conglomerado nasce como a quinta maior corporação siderúrgica internacional. Ao que consta, na controladora da empresa que surge, a CSN terá poder de veto e seu voto terá, em regra, peso de 30% nas decisões.

Uma primeira avaliação do negócio parece positiva principalmente do ponto de vista do diretor-presidente da CSN, o empresário Benjamin Steinbruch. Mas, como a fusão vai ter de passar pelo crivo do BNDES, que financiou a transmissão do controle da CSN para Steinbruch, será preciso questioná-la não apenas sob estritos critérios financeiros. Cumpre definir se os interesses estratégicos que levaram o BNDES a emprestar o dinheiro permanecerão preservados no novo arranjo.

A fusão das duas siderúrgicas segue tendência mundial do setor, que é de concentração, visando, principalmente, à conquista de fatias maiores do mercado norte-americano. Ocorre que, nesse processo, há dúvidas relevantes sobre o papel do Brasil, que tem grande potencial de prospecção mineral e que, bem ou mal, desenvolveu ao longo de sua história boa capacidade de processar o minério de ferro em território nacional. Nessa redefinição de papéis, seria péssimo se esse segundo elemento se perdesse ou fosse bastante reduzido; se o Brasil fosse utilizado apenas como uma base de extração de minério bom e barato -ou de produção de aços pouco elaborados.

Nesse caso, com as etapas de maior agregação de valor executadas no exterior, o Brasil perderia oportunidade de gerar mais renda e empregos. Resta saber se, no caso da internacionalização da CSN, o interesse da Corus de baratear custos -através da obtenção de minério a preço de custo da mina brasileira de Casa da Pedra- será ao menos matizado pela possibilidade de participação da CSN na tomada de decisões.

O aspecto estratégico para o país da fusão entre Corus e CSN deve ter seu peso na análise que fará o BNDES.


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07/19/2002


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