Investigação sobre compra de dossiê por petistas pode avançar nesta semana



A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas ouvirá nesta terça-feira (28) o advogado e ex-policial federal Gedimar Pereira Passos e o ex-assessor de imprensa do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) Hamilton Lacerda,ambos envolvidos no escândalo do dossiê anti-tucanos. Os depoimentos deles poderão fazer avançar as investigações, já que os depoimentos anteriores sobre o caso deixaram lacunas, principalmente no que se refere à entrega do R$ 1,7 milhão que seria usado para pagar Luiz Antonio Vedoin, chefe da "máfia das ambulâncias", pela documentação que incriminaria candidatos do PSDB na últimas eleições, como José Serra e Geraldo Alckmin.

No dia 15 de setembro, quando prendeu Gedimar e o empresário Valdebran Padilha, no Hotel Íbis, em São Paulo, a Polícia Federal encontrou com eles R$ 1,7 milhão (R$ 1,168 milhão e mais US$ 248 mil). As fitas de vídeo do sistema de segurança do hotel mostram que cerca de uma hora antes da prisão Hamilton Lacerda entrara no hotel com uma mala e duas sacolas. Depois de se reunir com Gedimar e Valdebran, saiu sem a mala e as sacolas.

Os cruzamentos das ligações telefônicas feitos pela Polícia Federal e por membros da CPI, como o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator, e o exame das imagens do circuito interno do hotel, poderiam indicar que Gedimar, Lacerda e Valdebran discutiram detalhes da operação com outros membros do grupo que negociou o dossiê, chamado de "aloprados" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lacerda, por exemplo, teria conversado por telefone com Jorge Lorenzetti, o chefe do setor de inteligência da campanha de reeleição de Lula, antes da prisão de Gedimar e Valdebran. As câmeras teriam flagrado Lacerda entrar no mesmo elevador que Gedimar. Ainda no hotel, Lacerda teria ligado para Gedimar.

Lorenzetti negou à CPI, em depoimento prestado na última terça-feira (21), disse que a negociação do dossiê não envolveu dinheiro, mas apenas "assistência jurídica" a Vedoin, que pretendia ampliar os benefícios da delação premiada acertada com a Justiça Federal.

Lacerda disse à PF que o conteúdo da mala e das sacolas eram boletos de arrecadação da campanha de Mercadante. O senador, entretanto, teria dito à Polícia Federal não considerar factível a afirmação de seu ex-assessor, que trabalhava na elaboração de programas eleitorais para a televisão e na coordenação da campanha no ABC paulista, e não na parte financeira. Mercadante demitiu o assessor, por quebra de confiança, no dia 20 de setembro.

24/11/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Motta: dinheiro para compra de dossiê pode ser irregular

Novo modelo do ICMS para importados pode avançar na próxima semana

Bornhausen diz que suposta tentativa de compra de dossiê dos Vedoin pode levar eleição a segundo turno

Comissão aguarda informações da investigação da PF sobre o dossiê

Alvaro Dias requer investigação do TCU sobre desvio do Banco do Nordeste para campanhas petistas

PSDB quer participar de investigação sobre vazamento de dossiê