Iris de Araújo critica onda de denuncismo
Ao criticar o que considera uma onda de denuncismo que coloca no mesmo patamar culpados e inocentes, a senadora Iris de Araújo (PMDB-GO) propôs a oposicionistas e governistas que se unam na busca de estratégias que devolvam ao país a estabilidade necessária ao seu crescimento. Ela lamentou que grande parte da sessão da terça-feira (16) tenha sido reservada para senadores se defenderem de acusações não comprovadas, em vez do tempo ter sido dedicado à discussão de soluções para os ataques desferidos pelo crime organizado contra algumas cidades brasileiras, especialmente São Paulo.
- Gradativamente, o denuncismo se transforma numa espécie de entidade acima do bem e do mal. Um sistema que, num piscar de olhos, joga na lama reputações e histórias, muitas vezes sem que se tenha a oportunidade de pelo menos exercer o sagrado direito constitucional da resposta - afirmou Iris de Araújo.
Embora reconheça a contribuição que a imprensa brasileira vem prestando ao longo dos anos para facilitar a investigação de fatos graves que afetaram a vida nacional, Iris observou que o hábito de acusar sem as provas correspondentes vem se tornando rotina. A senadora comentou que está havendo uma espécie de justiça sumária:
- Recebe-se a denúncia, imediatamente a lançam na opinião pública e a condenação se faz quase de maneira automática.
Iris disse ainda que, enquanto a acusação é priorizada, um Brasil real só é notado quando 130 pessoas são assassinadas depois de 251 ataques e após 90 ônibus serem incendiados na maior cidade da América Latina, São Paulo, que parou com medo do crime organizado.
Em aparte, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) defendeu o poder de investigar da imprensa, da Polícia Federal e do Ministério Público, mas avaliou que o Congresso vai ter que elaborar uma legislação mais dura para coibir as denúncias sem provas. Na mesma linha, o senador Sibá Machado (PT-AC) defendeu o direito de a imprensa acompanhar as investigações e prestar informações à sociedade, mas expressou sua preocupação com o fato de não ser oferecido ao denunciado o mesmo espaço quando, feita a investigação, ele é considerado inocente.
17/05/2006
Agência Senado
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