Iris diz que programas de TV também são formas de violência contra a infância



Ao comunicar que foi indicada pelo seu partido para participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai apurar situações de violência e exploração sexual de crianças e adolescentes, a senadora Iris de Araújo (PMDB-GO) opinou que programas de televisão também podem ser uma forma de exploração e violência contra a infância. Ela defendeu a idéia de que parlamentares, governo, pais e educadores estudem uma forma de viabilizar uma programação que respeite a imaturidade das crianças, trabalhe sua imaginação e estimule os bons hábitos e a criatividade.

A senadora por Goiás declarou não estar propondo a volta da censura ou a aprovação de leis para impedir a veiculação de determinado tipo de programação. Ela explicou que esse não é o papel de um senador. Para ela, cabe ao parlamentar criticar politicamente programas que proporcionem uma erotização precoce.

Na avaliação de Iris, enquanto leis, programas de governo e ações de organizações não-governamentais tentam libertar crianças e adolescentes do trabalho escravo, incluí-las na escola e melhorar sua qualidade de vida e formação futura, por outro lado existe um empenho para a erotização prematura das crianças. Ela observou que as crianças não podem e não devem ser expostas e incentivadas à prática do seu potencial erótico, por não terem ainda a maturidade necessária.

- Mas é exatamente isso que parte da nossa indústria audiovisual vem fazendo, ao transmitir para a telinha da tevê, em horário voltado para o público infantil, programas que exibem e exploram o erotismo, seja no comportamento, seja nos figurinos dos apresentadores e apresentadoras ou de quem quer que seja que ali compareça - afirmou Íris de Araújo.

Em aparte, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) lembrou que, quando diretor da Polícia Federal, determinou a realização de operações no estado do Pará, para coibir a exploração sexual de menores. Ele comentou que meninas estavam sendo vendidas não pela idade, mas pelo peso, para a prostituição, com o consentimento da família. Tuma lamentou que mesmo as crianças retiradas das falsas boates e restituídas às famílias eram revendidas pelos seus pais.

Já o senador Leonel Pavan (PSDB-SC) defendeu uma ação mais forte do governo no sentido de coibir a exibição de programas com cenas mais fortes, em horários inadequados. Ele também sugeriu a municipalização das ações de combate à exploração e violência contra a infância. Na avaliação do senador, o governo deveria liberar recursos para as prefeituras porque são elas que conhecem a fundo os problemas locais.



17/06/2003

Agência Senado


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