Itamar Franco desiste de concorrer à presidência









Itamar Franco desiste de concorrer à presidência
O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), anunciou ontem que desistiu de sua candidatura à Presidência da República. Itamar anunciou também que dentro de 15 dias irá anunciar o seu destino político. O governador participou da reunião do grupo oposicionista do PMDB. A reunião foi convocada para discussão do atual quadro eleitoral e definição de uma estratégia para a convenção do PMDB, prevista para junho.

Ontem, em nota oficial, Itamar Franco apontou o caminho que poderá seguir depois de ter desistido da disputa à presidência da República pelo PMDB. Segundo o texto, o governador informou que "a candidatura própria no PMDB foi objeto de uma longa luta que ora chega à exaustão. Resta-me agora voltar o meu pensamento e minha ação política para os interesses de Minas Gerais, que é o que os mineiros esperam".

Na nota, Itamar justifica a desistência pelas interferências da executiva do partido que pretendia manter a aliança com o PSDB. "As convenções nacionais do PMDB de 3 e 8 de março revelaram que não são as bases que ditam as normas do partido, já que numericamente e impossível ganharmos", aponta. Para o governador, a ala governista do partido possui "estrutura financeira comprovadamente superior".

Itamar termina a nota afirmando "que perseguir neste rumo (da candidatura própria pelo PMDB) seria inócuo e só redundaria em exigir do candidato a sua auto imolação política".


PSDB e PMDB selam acordo para Jarbas para vice
José Serra (PSDB) para presidente e Jarbas Vasconcelos (PMDB) para vice. O PSDB e o PMDB fecharam ontem, informalmente, a primeira chapa completa na disputa sucessória. O senador Serra e o governador de Pernambuco cancelaram o encontro que teriam em Brasília para tratar de eleição, mas Jarbas confirmou, em telefonema ao candidato tucano no início da tarde de hoje, que aceita ser seu vice. O encontro foi descartado por duas razões: Era preciso evitar a fotografia para não atropelar o "ritual" da montagem da aliança, sobretudo quando parceria ostensiva poderia irritar o PFL, acrescentando novas dificuldades à já difícil aprovação da CPMF no Senado.

Diante desta avaliação, os presidentes do PSDB, deputado José Aníbal (SP), e do PMDB, deputado Michel Temer (SP), deram início ao ritual. Apresentado o convite de Aníbal ao PMDB, houve até brinde entre os dois presidentes, que encenaram o "tim-tim" com dois copos de água. A palavra chave da proposta dos tucanos ao PMDB é a " parceria" no governo. "Os dois partidos têm convergência e identidade e queremos ganhar as eleições porque é bom para o Brasil", disse José Aníbal à cúpula do PMDB, reunida na presidência do partido para receber o convite formal. No discurso, o tucano frisou que PMDB e PSDB farão uma "coligação plena de parceria", tendo Serra como candidato.

Deixou claro, também, que o PSDB não tem um projeto de governo fechado e está aberto a propostas do PMDB. Sobre a participação de outros partidos na aliança, limitou-se a dizer que qualquer outro movimento será feito em convergência com o PMDB. "Vamos, é claro, buscar forças políticas que possam nos ajudar." Nos bastidores, tucanos e peemedebistas apostam que a candidatura do PFL não vai longe. Dizem que a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, acabará desistindo de concorrer à Presidência, abrindo espaço para a composição com setores do PFL.


Visita de Koutzii a Tarso rompe clima de animosidade
Chefe da Casa Civil era um dos maiores críticos da pré. O chefe da Casa Civil, Flávio Koutzii, assegurou ontem apoio ao pré-candidato do PT ao governo do Estado, Tarso Genro. Numa visita ao gabinete do prefeito de Porto Alegre, acompanhado de integrantes de sua corrente interna, a Esquerda Democrática, Koutzii rompeu o clima de animosidade oriundo da disputa interna.

Durante o café da manhã, no domingo da prévia, os dois petistas mal se cumprimentaram. Koutzii era um dos maiores críticos da pré-candidatura do prefeito ao governo, mas garantiu, no encontro, que o partido estará unido para a campanha eleitoral.

A tarde, em entrevista coletiva concedida na Casa Civil, Koutzii reafirmou o que disse pela manhã ao prefeito, de que é realmente candidato a uma das vagas do partido ao Senado. "Se não for candidato volto à minha função e não serei candidato a nenhum outro cargo", declarou. Koutzii informou que a corrente ao qual pertence, a Esquerda Democrática (ED), definiu o apoio para os nomes do deputado federal Henrique Fontana à reeleição e do sub-chefe da Casa Civil Gustavo de Melo à Assembléia Legislativa.

Sobre a disputa da vaga com a senadora Emília Fernandes, disse que ambas as candidaturas são legítimas e devem ter espaço para que os delegados do partido definam a melhor opção. "Os motivos da senadora são legítimos, mas os meus também são", completou, desconhecendo qualquer acordo que tenha sido feito com a senadora, antes do seu ingresso no partido, que lhe garantisse uma das vagas do partido.

Flávio Koutzii garantiu que não existe qualquer fundamento em disputas a condição de vice da chapa de Tarso Genro, função para o qual seu nome está sendo cogitado por lideranças petista e disse que por decisão da ED, o nome mais preparado e capaz de unir o partido é o do atual detentor do cargo, Miguel Rossetto, posição esta manifestada ao prefeito Tarso Genro.

Ao final da reunião, o chefe da Casa Civil formalizou convite a Tarso para sua festa de aniversário, que ocorrerá amanhã à noite, no Clube Farrapos. Koutzii fez 59 anos ontem, e espera que o evento, o primeiro após as prévias, seja um momento de congraçamento e de união do partido. A festividade também deflagra a sua campanha pela indicação ao Senado pelo PT.


Peemedebistas cobram candidatura de Simon ao governo
Peemedebistas de todo o Estado estão cobrando do senador Pedro Simon a candidatura dele ao governo do Estado nas eleições deste ano. Com o gabinete abarrotado de telegramas, e-mails e faxes pedindo uma definição, Simon recebeu na terça-feira a visita de 40 prefeitos gaúchos e cerca de 30 vereadores, além do presidente regional da sigla, Cézar Schirmer. "O partido quer que ele seja candidato", resumiu Schirmer.
Acrescentou, também, que Simon é o melhor nome do PMDB para a disputa. "O partido no Rio Grande do Sul foi solidário com a candidatura dele à presidência. Agora, ele vai ter que corresponder a essa solidariedade se disponibilizando a ser candidato", pressionou.

A definição sobre a candidatura deverá ocorrer dia 14 de abril, em encontro da legenda, no auditório da Assembléia. O líder da bancada no Legislativo, deputado estadual José Ivo Sartori, disse que o senador é o principal nome do partido para a disputa. "O PMDB é Simon em qualquer canto do Estado. Todos concordam que ele deve comandar o Piratini", declarou.

Destacou, porém, que o momento exige cautela e bom senso, já que o partido deve aguardar algumas definições nacionais. Em relação às alianças locais, avaliou que ainda precisam de muita negociação, já que "não serão formadas pela conjuntura momentânea do período eleitoral, mas para dar sustentação política a quem vai governar", analisou.

Sartori comentou, ainda, a vitória do prefeito Tarso Genro nas prévias do PT. "É uma tentativa de colocar roupa nova, dando continuidade sem dizer que é continuísmo, mas mantendo o mesmo programa", disse.


Câmara aprova isenção da CPMF nas bolsas
A Câmara dos Deputados aprovou, por 322 votos favoráveis e 104 contrários, a emenda que isenta a cobrança da CPMF para as operações em Bolsas. O destaque que prevê a isenção também para os investidores estrangeiros ainda não havia sido votado até o fechamento desta edição. A expectativa era de que a votação fosse adiada por falta de quórum. O projeto agora vai para mais duas votações no Senado. A isenção irá passar a valer um mês depois da promulgação da emenda.

A aprovação do destaque é vista como uma surpresa positiva pelo mercado, que acabou deixando de trabalhar com a expectativa de isenção da cobrança da CPMF na bolsa. "O mercado já admitia que, sem isenção, essa seria apenas a regra do jogo", diz o diretor da Ágora Sênior, Rogério Oliveira. Segundo o consultor de investimentos da Agente Corretora, João Marcos Cicarelli, a indiferença dos investidores esteve relacionada à certeza de que a aprovação depende de uma guerra política. "Não há mais desespero pela aprovação da CPMF", observa.

O governo diz que deixará de arrecadar entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões por ano com a isenção. No entanto, os governistas argumentam que a isenção reduz o custo das operações nas Bolsas de Valores, incentivando investimentos no país, com reflexos no crescimento da economia, na geração de empregos e na redução dos juros. O artigo que isenta as Bolsas foi incluído no texto pelo relator, deputado Delfim Netto (PPB-SP), depois de negociação com o Palácio do Planalto.


Fernando Henrique reclama do protecionismo dos EUA
O presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a enfatizar ontem que o processo de negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) será comprometido pelas iniciativas protecionistas dos Estados Unidos. Fernando Henrique destacou, entretanto, que a instância para resolver as diferenças do Brasil com o governo americano, por conta da adoção de medidas de salvaguarda às importações de produtos siderúrgicos, será a Organização Mundial do Comércio (OMC).

No entanto, deixou nas mãos dos empresários a decisão de levar a queixa formalmente à OMC. "A instância para resolver essa questão é a OMC. Mas isso depende da decisão dos empresários brasileiros, que o governo do Brasil estaria sempre disposto a apoiar fortemente", afirmou o presidente. "Há um sentimento generalizado de que não é possível propor a Alca e ao mesmo tempo aumentar o protecionismo", emendou.

Fernando Henrique enfatizou que a medida americana é "injusta" e que o Brasil já apresentou os dados que comprovam os prejuízos ao País. Indicou ainda que a opinião pública, dentro dos Estados Unidos e em nível mundial, deverá influir na decisão do governo americano de manter ou não essa iniciativa. Conforme lembrou, os prejuízos provocados pelas salvaguardas não atingem somente os exportadores do Brasil e de outros países produtores do setor siderúrgico. Mas atingem especialmente as indústrias americanas processadoras do aço. A briga deflagrada pela iniciativa americana, concluiu, não envolve apenas nações, mas empresários de diferentes setores dentro de um mesmo país. De acordo com seu raciocínio, também envolve a coerência entre idéias propagadas e a prática das negociações comerciais.

"Essa não é só uma briga de um país contra outro país, mas uma briga de empresários de um setor com empresários de outros setores. Também é uma briga da visão de que é melhor ter mais livre o comércio contra a visão protecionista", afirmou.

FHC assina acordo de redução de tarifas
O presidente Fernando Henrique Cardoso assinou ontem no Chile sete convênios e um acordo para a redução de tarifas de importação com o governo chileno, na cidade de Arica, ao Norte do país. Negociado ao longo dos dois últimos anos, o acerto comercial envolve os setores automotivo, agropecuário e químico e deverá, conforme os cálculos da chanceleria do Chile, favorecer a cerca de 20% das trocas de bens entre os dois países. Os termos do acordo somente serão postos em prática depois da aprovação pelos demais sócios do Mercosul e do protocolo na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).

Os demais acordos abrangem as áreas de previdência social e a cooperação no uso pacífico de energia nuclear, na área científica e tecnológica, e a cooperação entre as agências espaciais, entre entidades representativas de micro e pequenas empresas e no desenvolvimento agropecuário.


Artigos

O FMI, a Argentina e a serpente
Luiz A. M. Giacobbo

A Bíblia é um manancial de sabedoria, de compreensão da vida e dos acontecimentos que a contextualizam. Deus, no Paraíso, proibiu a Adão e Eva de comer o fruto de apenas uma árvore, a Árvore do Bem e do Mal, mas eles comeram. Quando o Criador lhes cobrou a desobediência, qual foi a resposta? "A serpente nos induziu em erro". Talvez seja esta a primeira lição negativa a extrair do Livro Sagrado. Não assumir a culpa pelo erro, jogá-la sempre nos outros. É mais fácil e mais cômodo. Nossos primeiros pais nos transmitiram, assim, a primeira falha comportamental: não assumir responsabilidade por nossos atos. Em toda essa estória, na verdade uma metáfora, a serpente tornou-se um ser execrável. Transformando-se, através dos séculos, no arquétipo do bode expiatório. E onde entra o FMI? Bem, o FMI é a serpente. O bode expiatório. E a Argentina? A Argentina, para quem não recorda, foi ao longo dos anos um país que, por todos os aspectos, causava inveja aos seus vizinhos. Em especial, sejamos honestos, a nós brasileiros. Chegou a possuir a sétima renda per capita do mundo, foi a sexta maior economia do planeta, ocupou o 11º lugar entre as nações exportadoras. Ainda hoje é dos poucos países, senão único, que se basta em matéria de alimentos. Auto-suficiente em petróleo. Em 1917, Buenos Aires já possuía metrô, quando no Brasil viemos a ter o primeiro, em São Paulo, em meados da década de 70. Em termos de saúde, o país possui uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil. Em matéria de cultura e educação, um modelo. Lá está o Teatro Colón, cotado entre os melhores do mundo. Cinco prêmios Nobel. Graças a sua esperta neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial, a Argentina que, sem distinção, exportava para os países beligerantes, saiu, terminado o conflito, como uma das nações mais ricas e de maior reserva cambial do mundo. À época, seria impensável um país como esse recorrer a empréstimos no exterior. Hoje, decorridas apenas algumas décadas, aí está, para quem quiser ver, a triste figura de um, outrora, invejável paraíso econômico, social e cultural. A Argentina acumula uma gigantesca dívida externa que a levou à insolvência. O povo, que sempre paga a conta das más administrações e da malversação do dinheiro público, sofre na carne o resultado da insensatez. Quem são os culpados por esse descalabro? Para os menos avisados e para os que, costumeiramente, usam o povo como massa de manobra, o culpado só pode ser a serpente. O FMI, entretanto, só entrou na estória quando a Argentina já estava falida. Sua situação, está provado, não era decorrente de um modelo econômico específico. Neoliberal ou seja lá o que for. Tampouco por haver seguido à risca as lições de casa, prescritas pelo FMI. Ninguém toma dinheiro emprestado, a juros, quando está com o cofre cheio. Alguém já o havia esvaziado.

Constatado o erro, que fazer? Executar a serpente, através de faixas pintadas com fora isto, fora aquilo? Culpar os outros? Por que não pesquisar onde se errou? "O erro, escreveu Giuseppe Mazzini, in "Doveri Dell'Uomo", é uma desventura deplorável. Mas, conhecer a verdade e não submeter-lhe às ações devidas, é delito condenado pelo céu e pela terra". A perda do paraíso é a confiança perdida. E se perde a confiança quando se omite a verdade. Resta a lição bíblica. Deus não expulsou a serpente do paraíso. Deus expulsou Adão e Eva. Como Cristo expulsaria, séculos mais tarde, os vendilhões do templo. Ou da Pátria, se quiserem.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Em discursos elevados que fizeram o pa rlamento brasileiro reviver os velhos tempos de grandes oradores, os senadores José Sarney e Arthur da Távola abordaram da tribuna do Senado, o episódio do dinheiro encontrado na empresa Lunus, de propriedade da governadora do Maranhão Roseana Sarney. O primeiro a falar foi José Sarney que, emocionado tentou fazer a defesa de sua filha. O discurso foi uma peça literária, mas, segundo o público que o assistiu, inconsistente sob o ponto de vista legal. Para a maior parte dos congressistas Sarney não conseguiu explicar a confusão em que sua Roseana se envolveu. Ao final, ele ameaçou pedir a ONU a monitoração das eleições no Brasil.

Ironia
Alegando questões de saúde Sarney não concedeu aparte aos seus colegas. Usando muita ironia, ele qualificou o presidente Fernando Henrique de omisso e o ministro José Serra de ser o responsável pela arapongagem do governo. Sarney também guardou alfinetadas para Aloysio Nunes Ferreira, a quem ele acusa de, pelo seu passado, não ter serenidade para ocupar o cargo de ministro da Justiça. Sarney deixou o plenário sob aplausos do PFL sem, no entanto, ouvir a resposta de seu colega Arthur da Távola.

Contraponto
Na condição de líder do governo no Senado, o senador Arthur da Távola, assumiu a tribuna no instante em que José Sarney se retirava do plenário. Com elegância, mesmo com a ausência de Sarney, Távola reconheceu a grandeza do discurso no aspecto afetivo, mas o taxou de inconsistente "diante da frieza e da implacabilidade dos fatos". O senador relacionou o fato como o fim da oligarquia Sarney, no Maranhão.

Monitoração
Ainda no Chile o presidente Fernando Henrique Cardoso comentou a ameaça do senador José Sarney em pedir a monitoração pela ONU das eleições no Brasil. "Não acredito que o senador José Sarney tenha dito isso. Quem vigia as eleições no Brasil é a mídia", finalizou FHC não dando muito importância a ameaça do ex-presidente.

Renúncia
Esse governador Itamar Franco é mesmo surpreendente. Ele, agora, não quer mais ser o candidato do PMDB à presidência da República. Depois de brigar com "Deus e todo o mundo" o mercurial Itamar Franco abriu da prerrogativa conquistada através de convenção partidária, num "num piscar de olhos". É brincadeira!

Pressão
O senador Pedro Simon vem sofrendo uma pressão incrível para que aceite ser candidato do PMDB ao governador do Estado. Prefeitos e vereadores do PMDB gaúcho não se cansam de pedir ao senador que "assuma a empreitada". Perguntado se Simon vai "topar a parada", o deputado Cézar Schirmer saiu-se com essa: " A esfinge continua indecifrável".

Traição
O PMDB aceitou se coligar com o PSDB e preencher a vaga de vice-presidente que lhe foi oferecida. Isso causou uma impressionante irritação do PMDB gaúcho com a sua cúpula nacional que "entregou de mão beijada o passado de lutas do PMDB ao PSDB". Traidores, é o mínimo que se ouve sobre os caciques Michel Temer e Gedel Vieira, por parte da gauchada. Nunca o nome de Ulisses Guimarães foi tão lembrado nos últimos anos.


CARLOS BASTOS

Simon resiste à idéia de concorrer
Os peemedebistas gaúchos realizam uma verdadeira cruzada santa para tentar convencer o senador Pedro Simon a concorrer ao Palácio Piratini. O seu gabinete em Brasília está abarrotado de telegramas, e-mails e cartas, todos apelando para que ele se lance ao governo no pleito de outubro. O senador Simon, no entanto, continua impermeável às pressões de seus correligionários, pois entende que tem uma missão a cumprir na esfera federal, para evitar que o PMDB se transforme num verdadeiro "partido-auxiliar" do PSDB. Simon ainda não assimilou a derrota dos defensores da candidatura própria, e o consequente triunfo dos governistas, que defendem participação na chapa encabeçada pelo tucano José Serra. Ontem numa reunião em Brasília Simon tentava convencer o governador Itamar Franco a assumir a candidatura à presidência da República pelo PMDB, para impedir a aliança com o PSDB.

Diversas
  • Ontem, o governador Itamar Franco desistiu de levar seu nome à convenção nacional do PMDB para disputar a presidência da República. Daí sobra para o senador Pedro Simon ser o nome dos dissidentes peemedebistas para enfrentar os governistas na convenção de junho.

  • O trabalho de pressão desenvolvido pelo presidente regional César Schirmer, e pelo deputado José Ivo Sartori incorpora o sentimento de que é tomado o eleitorado peemedebista, mas é uma tarefa árdua.

  • Há muitos dirigentes do PMDB gaúcho que já cogitam lançar o nome de Germano Rigotto no Encontro Estadual que o partido realizará dia 14 de agosto, como candidato ao governo do Estado.

  • Segunda-feira reúne-se o Conselho Político e a Executiva Estadual do PSDB, para discutir as candidaturas ao governo do Estado, Senado, Cânara Federal e Assembléia Legislativa. A reunião será na sede partidária.

  • A Federasul promove terça-feira, dia 26, um debate sobre "Coligações Partidárias e a Reforma Política. Participam o cientista político Hélgio Trindade, o líder do PT na Câmara Federal, deputado João Paulo Cunha, os deputados federais gaúchos Alceu Collares (PDT) e Nelson Proença (PPS), e o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Clarindo Favretto.

  • Escola do Legislativo coordena o projeto que neste ano propicia quatro datas para que estudantes gaúchos exerçam atividades específicas de legisladores. Cinco escolas das redes pública e privada do Estado vão participar do evento "Deputado por um dia", que será realizado na próxima segunda-feira.

    Última
    O ex-governador Antônio Britto foi entrevistado no programa Atualidade por Armindo Antonio Ranzolin e Ana Amélia Lemos. Interpelado se seria candidato ao governo, voltou a negar que cogite desta possibilidade. Mas a verdade é que quanto mais Britto diz que não está na disputa do Piratini, mais as pessoas acham que ele é candidato e apenas está aguardando definir-se o quadro sucessório para fazer sua tomada de posição. Até maio ele não é candidato, depois o futuro a Deus pertence.


    FERNANDO ALBRECHT

    Crime na fonte
    A restauração da maravilhosa Fonte Talavera, no Paço Municipal, bancada entre outras empresas pelo Banco Santander, já foi para o espaço. Um dos quatro ornamentos, os peixes que jorram água foi roubado ou quebrado. É um crime. O que fazer com gente que estraga uma obra de arte dessas pelo simples prazer de estragar? Aliás, não é de se duvidar que tenha sido roubado não por um marginal mas por gente fina, que a esta altura deve estar contemplando mais um objeto da sua "coleção". E, convenhamos, a proteção da Talavera também poderia ser melhor.

    Bellini no Gruta I
    Foi uma festa e tanto no Gruta Azul, a do lançamento do filme Bellini e a Esfinge
    . Estava lá Malu Mader e todo o pessoal do filme mais toda a tribo que normalmente freqüenta outros ambientes. Isto é, socialites, comunicadores, estrelas com e sem brilho, supernovas, papagaios e papagaias de pirata - enfim, a catrefa
    pululante toda. Algumas incorporaram maravilhosamente o espírito do lugar. As meninas da casa, é claro, adoraram a miscigenação.

    Bellini no Gruta II
    Já alguns clientes que não sabiam da efeméride estranharam a invasão das alienígenas. Ao ver algumas intrusas, especialmente as veteranas, um paulista que não vinha ao Gruta há algum tempo comentou que o gabarito das meninas tinha mudado para pior. E da turma visitante, pelo menos duas foram devidamente abordadas por fregueses da casa, que pensavam ser elas do elenco permanente do Gruta Azul. Ao final, todos numa boa e a festa foi bonitaça para todo mundo.

    Estado da Mãe Joana
    O presidente da Fiergs, Renan Proença, disse que a sucessão de invasões a propriedades privadas que ocorre no Rio Grande do Sul gera insegurança e afasta eventuais investidor es. Renan passou toda a manhã de ontem fazendo contatos com as autoridades estaduais para pedir providências e o cumprimento à lei. Foi-lhe prometido que haveria negociação com os invasores. Está como o diabo gosta. Só falta a sociedade dizer como Nelson Rodrigues: perdoa-me por me traíres.

    Feijó na Federasul
    Agora é oficial. O empresário Paulo Afonso Feijó é o candidato oficial da diretoria à sucessão na Federasul. Reunião feita ontem confirmou o nome do ex-presidente da Agas e da Abras. Desde que seu nome assomou na boca do túnel foram marchas e contramarchas e não poucos desentendimentos. Dia 9 de maio habemus papa na Federasul.

    Ônus sem bônus
    A fama da Padre Chagas, Fernando Gomes e outras ruas que formam o circuito fashion da cidade pouco reverte em favor da área. O lixo é recolhido apenas três vezes por semana, o que é pouco para os mais de 30 bares e restaurantes. Resulta que os estabelecimentos são obrigados a pagar carroceiros, que cobram de R$ 15,00 a R$ 30,00 por semana para recolher as sobras. Agora, cobrar IPTU, ISS e parquímetros a prefeitura sabe. Ao Padre Chagas só resta se queixar ao bispo.

    E por falar em carroças...
    ...os carroceiros estão novamente a mil por toda a cidade. Pior: agora criaram regras próprias de trânsito. Em menos de uma semana o colunista já viu algumas delas contramão em várias ruas, uma delas na Padre Chagas e outra em plena avenida Mauá, isso no horário de pique. Pode? Aqui, pode.

    Reclamação
    Leitor estranha que o chamado "encargo de capacidade emergencial", taxa criada para a construção de novas usinas termoelétricas, ainda venha acrescida de 25% de ICMS. Como pode ser cobrado uma taxa que por si só é abusiva e ainda por cima nela incidir imposto?

    Oposição. Que oposição?
    Oposicionistas queixam-se que a mídia está dando muita cobertura para o PT. De fato, nisso o PT está dando de relho. Mas qual o fato político mais importante no Estado? E qual fato político as oposições criaram para merecer cobertura semelhante? Até agora é samba de uma nota só: críticas a Tarso Genro por ter ficado só ano e meio no cargo. E convém abrir o olho e admitir no que deu o racha da prévia: posto como está, o eleitor comum pode achar que Tarso Genro é oposição.

    Sem data de prévia
    O professor Sérgio Borja, pré-candidato a uma vaga ao Senado pelo PDT (o outro é Mathias Nagelstein), vem percorrendo todo o Estado na sua pregação. O homem da gravata borboleta, como é conhecido, recebeu o OK oficial do PDT em 29 de junho do ano passado. Até agora, queixa-se Borja, não foram marcadas as datas das prévias nem da convenção do partido. O professor Borja enviou uma carta para a direção do PDT lembrando estes fatos.

    Miúdas:
    Estão aberta inscrições para o Prêmio Colunistas/RS. Peças que ganharem Ouro concorrem à edição nacional.

    DBC Database Company inaugura hoje sua nova sede na avenida Caçapava, 527 e lança o Monitus 3.0.

    Os 80 anos do PCdoB estão documentados em exposição na Câmara Municipal.

    O Marcus James Brut da Aurora venceu concurso internacional Chardonnay-du-Monde.

    Presidente da Kepler Weber, Othon d'Eça Cals de Abreu, recebe a imprensa hoje às 9h no Sheraton.

    Trench, Rossi e Watanabe, associada à norte-americana Baker & MacKenzie, inaugurou escritório em Porto Alegre.

    Secretário Claudio Langone, a senadora Marina Silva e o prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci reuniram-se ontem com Lula.

    Abrajet RS avalia a crise do turismo amanhã às 20h no Hotel Ritter.

    TRE inaugura hoje mais duas centrais do Título On Line, em Tapes e Camaquã.


    Editorial

    ALONGAMENTO DA DÍVIDA ALIVIA PRÓXIMO GOVERNO

    Um dos assuntos que estarão no foco dos debates da campanha presidencial será, sem dúvida, o da dívida pública federal. Ela aumentou muito nos últimos anos, por conta dos juros altos, instrumento utilizado pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional para tirar reais do mercado, frear o consumo e, assim, segurar a inflação, bem como atrair aplicações externas, dólares de que tanto necessitamos. A dívida federal mobiliária estava em R$ 635 bilhões em janeiro. Em fevereiro, foram amortizados R$ 8,3 bilhões, caindo para R$ 631,64 bilhões, menos 0,55%. A dificuldade é o vencimento dos títulos no curto prazo. Por isso a prioridade do Tesouro é reduzir os riscos inerentes ao financiamento desta dívida, diminuindo a quantidade dos títulos que vencem em 12 meses. Em dezembro de 1999, eles correspondiam a 53% do estoque, caindo para menos de 26% em janeiro de 2002. A meta do Tesouro é baixar ainda mais este percentual, deixando-o próximo a 20% do total dos papéis. O próximo presidente terá, então, uma situação bem melhor. Em 2002, serão pagos, somente a partir deste mês de março, R$ 140,9 bilhões, R$ 137,9 bilhões em 2003, R$ 78,4 bilhões em 2004, R$ 50 bilhões em 2005 e subindo para R$ 82,6 bilhões, em 2006, último ano de governo para quem assumir o Palácio do Planalto após as eleições deste ano, se não for reeleito. É uma diferença que dá fôlego suplementar e garante o sucesso da atual política de alongamento da dívida pública. Hoje, o perfil da dívida da União está atrelado à variação da taxa básica de juros, a Selic. Daí a importância da queda dos juros, pelo Copom.
    Está sendo feita a substituição de títulos antigos, de curto prazo, por novos, vinculados a outros indexadores, especialmente o IPCA, índice usado pelo IBGE para calcular a inflação. O total dos títulos que vencem este ano chega a R$ 180 bilhões, assim mesmo R$ 100 bilhões a menos do que o verificado em 2001. Como todos os especialistas prevêem que a taxa de juros será declinante, ao longo deste ano, o panorama favorecerá a troca da dívida, alongando-a, sendo realizado o que se chama, em inglês, de "swap", troca. O trabalho dos técnicos federais é importante num ano eleitoral, onde o mercado fica mais sensível e volátil, oscilando de acordo com as pesquisas e as tendências eleitorais, além do calhamaço de "dossiês" acusatórios que costumam circular pelo País, no período. A precaução do Tesouro Nacional com o ano eleitoral chegou ao ponto de montar o que é chamado de "colchão" de segurança, ou seja, uma reserva de R$ 55 bilhões de recursos em caixa, que podem ser usados para o resgate da dívida, além de outros R$ 37 bilhões com destinação própria mas que poderão ser redirecionados para atender a rolagem. Enfim, é aquela situação que sempre aduzimos, o Brasil depende muito mais de si mesmo para enfrentar a globalização e as dificuldades, do que do FMI e do Banco Mundial, embora importante a conjuntura internacional. Continuando o ajuste fiscal, ajudado pela aprovação da CPMF com seus robustos R$ 19,7 bilhões, R$ 400 milhões semanais, incorporado ao cotidiano das contas nacionais pelo quarto ano consecutivo e chegando a 3,5% do PIB, teremos condições não apenas de alongar como diminuir a dívida nacional. Desta forma, desafogaremos os juros, promovendo o crescimento, abrindo caminho para uma ampla e bem feita reforma tributária, sonho acalentado pelo empresariado e que trará reflexos na atividade econômica, gerando negócios, empreendimentos e, o melhor de tudo, mais empregos, efeito positivo sobre o povo brasileiro.


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    03/21/2002


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