Reviravolta: José Fortunati desiste de concorrer
Reviravolta: José Fortunati desiste de concorrer
Os boatos de sua substituição por um nome mais forte levaram o candidato a anunciar ontem a desistência. Ele não diz se optará pela Assembléia ou Senado
A falta de recursos financeiros para sua campanha, o pouco apoio do PDT e boatos de sua substituição por um nome mais forte levaram ontem o candidato da Frente Trabalhista, José Fortunati, renunciar à disputa ao governo estadual.
Em coletiva à imprensa, à tarde, depois de mais de três horas de reunião a portas fechadas na sede do partido, Fortunati e o presidente do PDT, Vieira da Cunha, divulgaram uma nota oficial do PDT, expondo suas razões. Da reunião, participaram o presidente do PTB, Claudio Manfroi, e a secretária-geral, Sônia Santos, e o candidato a vice-governador, Luiz Francisco Barbosa.
Fortunati reclamou da “situação financeira calamitosa” de sua campanha. Criticou a posição de alguns candidatos da chapa proporcional, pedindo sua saída e disse que se sensibilizava com o apelo da direção do PDT para continuar. “Mas num processo eleitoral, não só a emoção e a sensibilidade são importantes”, frisou. Ele não comenta se irá optar por uma vaga no Senado ou à Assembléia.
Fortunati ressaltou que a provável vinda do presidente nacional do partido, Leonel Brizola, hoje, ao Estado será fundamental para o futuro do PDT. “Estou convencido que Brizola está sendo mal informado do acontece aqui.” Ontem pela manhã, antes da renúncia oficial, toda cúpula pedetista esteve reunida no Rio, com o líder pedetista.
Vieira da Cunha, leu uma nota oficial na qual a direção apela para que Fortunati continue. E manifestou sua convicção que o momento que atravessa a candidatura ao governo da Frente será superado nas próximas horas. Vieira garantiu que os pedetistas consideram Fortunati o melhor nome para a disputa, mas confessou que Brizola falou no ex-governador Alceu Collares para substituí-lo.
“Não admitimos a hipótese de ficar fora da disputa, teremos candidato a governador”, avisou.
Brizola já cogita apoiar Britto
O ex-governador Alceu Collares disse ontem que o PDT poderá apoiar a candidatura de Antônio Britto (PPS) ao governo do Estado, caso os apelos da direção pedetista façam José Fortunati mudar sua decisão de renunciar à candidatura ao governo. Ele comentou que o próprio presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, “já cogita essa idéia”.
Collares falou que o esforço da direção do partido para manter Fortunati é o caminho mais correto. Ele aposta na vinda de Brizola, hoje ao Estado, como fundamental para resolver a questão. Collares confidenciou que “esse problema existe há muito tempo” e lembrou que foi ele quem lançou Fortunati ao governo, durante comício em Carlos Barbosa, no início do ano.
Tese- O ex-governador não admite que o PDT fique sem candidato ao Piratini e destacou que “partido que se preza, tem que ter candidatura própria”, conforme tese defendida pela cúpula pedetista em 2001.
Lembrando por Brizola para substituir José Fortunati na disputa ao governo, ele foi enfático: “Eu não vou concorrer. Se o candidato do PDT ao governo é Collares, o partido está sem candidato.
PTB diz que fica na Frente
O anúncio da renúncia de José Fortunati de concorrer pela Frente Trabalhista ao Piratini surpreendeu o deputado Sérgio Zambiasi (PTB). Ele pregou que a Frente “encontre uma decisão serena sem atropelos”. Já o presidente do PTB, Claudio Manfroi, disse que “a coligação está mantida, porque o partido ainda está ouvindo o PDT e não considera a renúncia de Fortunati uma decisão definitiva”. Para ele, o PTB vai ficar na aliança e pretende continuar nela, mas atacou: “O vazamento da informação da renúncia é prejudicial e é um palhaçada a criancice de quem fez isso”.
Só Collares- O deputado Pompeo de Mattos (PDT) disse que “só o nome de Collares foi lembrado por Brizola, embora outros estejam se candidatando ao cargo”. Pompeo quer que o partido libere seus filiados e centre esforços na candidatura de Ciro Gomes. “Tem gente no PDT que jogou só contra o Fortunati, mas contra o partido e vocês sabem de quem eu falo”, acusou, sem citar nomes.
Candidatos lamentam a renúncia de Fortunati
Para Rigotto, o pedetista foi vítima de “setores” interessados em polarizar a eleição entre Tarso Genro e Antônio Britto
A corrida eleitoral perdeu um concorrente qualificado. Assim Celso Bernardi (PPB) define a renúncia da candidatura de José Fortunati (PDT). “Fui colega dele na Assembléia e no Congresso e posso atestar suas virtudes como homem público. A campanha perdeu um participante que dignifica a democracia.” Para Bernardi Tarso Genro (PT) e Antônio Britto (PPS) não serão os únicos beneficiados com a renúncia . “A postura do PDT é crítica em relação aos dois. É um equívoco pensar a eleição em termos de plebiscito entre Tarso e Britto. Outros candidatos podem muito bem agregar essas forças políticas”, afirma.
Germano Rigotto, candidato da coligação União pelo Rio Grande (PMDB/PSDB), diz que Fortunati sofreu uma “Operação Abafa” por parte de “alguns setores” interessados em polarizar a campanha “e evitar que a população conheça projetos alternativos”. Ele diz que Fortunati “foi vítima desse movimento absurdo que tenta neutralizar as forças políticas do Estado”. “Vamos mostrar que temos um projeto alternativo e chegaremos ao segundo turno agregando diferentes forças políticas”, sinaliza Rigotto.
Britto e Tarso podem dividir votos do PDT
O professor de Ciências Políticas da UFRGS, Benedito Tadeu César, acredita que os candidatos a deputado estadual e federal do PDT serão prejudicados pela renúncia de José Fortunati. “Eles tendem a buscar algum entendimento que lhes dê algum respaldo”.
Isso pode determinar a aproximação do PDT com os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas, Tarso Genro e Antônio Britto. “Existe um percentual que pode anular o voto, mas a maioria tende a seguir a orientação das lideranças. Mas os convencionais do PDT estão numa situação complicada, porque estão rompidos com Britto e existe uma mágoa em relação ao PT”, analisa. O crescimento de Ciro Gomes nas pesquisas pode favorecer o candidato do PPS ao governo na disputa pelos votos do PDT, já que os dois partidos são coligados nacionalmente.
Pesquisa Datafolha: Ciro se aproxima de Lula
Já o Ibope concluiu que, depois de cinco rodadas, o candidato da Frente parou crescer. Tem 25%, ante os 34% do petista
Pesquisa Datafolha realizada ontem mostra a aproximação do candidato Ciro Gomes (PPS) de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Previdência da República. Lula aparece em primeiro lugar com 33%. Ciro tem 28%. A margem de erro da pesquisa é de dois pintos percentuais para cima ou para baixo.
Colunistas
COISAS DA POLÍTICA
Muito por fazer
O prefeito João Verle lembrou que a capital foi duas vezes vencedora do Prêmio Prefeito Criança. Mas diz que há muito para ser feito. E que nada é tão bom que não possa ser melhorado.
Funcriança
A secretária do governo, Municipal, Helena Bonumá, apresenta hoje no Banrisul o Funcriança, fundo que vai angariar doações para o financiamento de políticas sociais em andamento na capital.
Discursos
Para o deputado federal Marcos Rolim os discursos do PPS e do PT “falam apenas aos convertidos e só alimentam rancores”. “Quando Tarso e Britto falarem sobre o que pretendem fazer, teremos o debate que os gaúchos tanto esperam.”
Setor primário
A Comissão de Agricultura da Assembléia, presidida pelo deputado estadual do PPB, Frederico Antunes, recebe amanhã, às 10h, os candidatos ao governo para ouvir as propostas para o setor primário gaúcho. Antônio Britto (PPS), José Vilhena (PV) e Carlos Schneider (PSC) não irão comparecer.
Apoio
Mais de 150 apoiadores da candidatura do ex-secretário da Administração e Recursos Humanos Marco Maia a deputado federal participaram de jantar na segunda –feira, em Canoas. Entre os presentes, o presidente do Detran, Mauri Cruz.
Responsabilidade
O prazo de inscrições para o 3º Prêmio de Responsabilidade Social 2002 termina hoje. Criado por iniciativa do deputado estadual do PPS Cezar Busatto, o prêmio incentiva ações empresariais de melhoria social.
Editorial
TRANSPARÊNCIA NA PETROBRAS
No final do ano passado, o presidente Fernando Henrique Cardoso veio a público anunciar que, a partir de janeiro, o preço da gasolina cairia 25% nas refinarias da Petrobras. O presidente não salientou que, assim como havia a possibilidade de queda, em breve o preço do combustível poderia subir - como de fato aconteceu a partir de março, já que o controle de preços seria liberado. A situação foi mal esclarecida e a empresa ainda deve muitas explicações ao povo brasileiro.
Assim que a gasolina voltou a subir, a estatal anunciou que reajustaria os preços quinzenalmente de acordo com a variação do preço do barril de petróleo no exterior. A alegação foi de que dessa forma, a empresa teria uma postura condizente com a abertura do mercado de importação de petróleo, favorecendo a concorrência. Essa política, considerada de transição, não foi levada à prática em nenhum momento em que deveria ter vigorado (até o final do último mês de junho). Ainda não ficou clara a política que será adotada a partir de agora. No seu programa de governo, o PT defende, entre as ações em infra-estrutura, o fortalecimento da Petrobras. Ora, essa proposta é quase que surreal.
Pela sua prática um tanto escusa na cobrança de preços ao consumidor, não há hoje empresa mais fortalecida no momento. Seria necessário, isto sim, que o presidente Fernando Henrique Cardoso, ou o futuro ocupante do cargo, exigisse da estatal um comportamento mais preocupado com a situação do país do que com o lucro fácil.
Hoje ocorre que a maior estatal brasileira estipula os valores de seus produtos pelo mercado internacional, mas com custos do mercado interno. O custo do barril de petróleo produzido no Brasil é de US$ 13, mais do que a metade do valor no mercado externo, que se situa próximo a US$ 25. Mais de 80% do petróleo aqui consumido é também aqui produzido e, em breve, esse percentual atingirá 100%. Não há razão para uma relação tão estreita com os preços internacionais. O resultado dessa administração é que, com a disparada do dólar ou com as oscilações do preço do barril de petróleo, sobe a gasolina, o diesel, o gás de cozinha e tudo isso repercute no bolso do brasileiro. Só neste ano, o gás de cozinha subiu quase 50%, enquanto a gasolina aumentou 29,98%.
Já é hora de o governo agir de forma mais firme em defesa do consumidor. O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) decidiu na última terça-feira que a ANP (Agência Nacional de Petróleo) deverá intervir de forma mais incisiva para controlar os aumentos do gás. A medida vem em um momento apropriado, mas não basta. Para que o consumidor de derivados de petróleo seja respeitado, é necessário que o governo obrigue a Petrobras a manter uma postura mais transparente na condução de sua política de preços.
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07/31/2002
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