Ivar diz a Tuma que Arruda deu ordem para fazer lista
De acordo com Tuma, o relato que Regina fez ao marido na noite do dia 27 de junho, véspera da sessão secreta, no retorno de seu encontro com o senador Arruda deixou em Ivar a convicção de que "havia sido dada uma ordem para conseguir a lista dos votos". O técnico contou com detalhes todos os passos dados para a obtenção da lista, a partir do momento em que Regina decidiu acatar a solicitação do senador.
O encontro entre Regina e Arruda, segundo Ivar, efetivamente ocorreu na noite de 27 de junho, entre 21h e 22h. Ao voltar para casa, Regina relatou ao marido o encontro com o senador e ambos decidiram convocar os técnicos para realizar a tarefa. Foram à casa de Heitor Ledur, que operava os computadores do painel de votações, e, em seguida, seguiram todos para o Prodasen. No início da madrugada do dia 28, chamaram Hermilo Gomes da Nóbrega, também do Prodasen, e, mais tarde, Sebastião Gazzola, técnico da empresa que presta serviços de manutenção do sistema do painel eletrônico de votação do Senado, a Kopp.
De acordo com o depoimento de Ivar ao senador Romeu Tuma, o grupo ficou no Prodasen até quase quatro horas da madrugada, alterando o programa para permitir a recuperação dos votos da sessão secreta. Apenas Gazzola, segundo o depoente, não tinha informação precisa sobre a razão de se providenciar a lista. Após a sessão, a lista de votação foi gravada em um disquete e este foi transcrito para um dos computadores do Prodasen. Impressa a lista, o documento foi realmente colocado em um envelope e entregue ao assessor do senador Arruda, Domingos Lamoglia.
Com a ajuda de especialistas da Polícia Federal, Tuma revelou que vai verificar a possibilidade de recuperação da lista, a partir da identificação do disquete e do computador usados na operação. Ivar Ferreira prontificou-se a indicar a caixa de disquetes onde estaria aquele que foi usado na gravação (ele não lembra exatamente qual foi), bem como apontar o computador usado para a reprodução (desmentindo informação inicial de que teria sido usado um laptop). Esses materiais estão no Prodasen e foram lacrados pelo ex-delegado da Polícia Federal Paulo Lacerda, que hoje está aposentado e presta assessoria ao corregedor do Senado.
Ao avaliar o depoimento do marido da ex-diretora do Prodasen, o senador Romeu Tuma destacou que foi muito detalhado e permitiu reconstituir os passos dados pelo grupo para realizar a missão de obter a lista de votos. Ele observou, ainda, que por analogia, já que não há tipificação para esse delito, pode-se dizer que o grupo incorreu no artigo 288 do Código Penal, que tipifica a formação de quadrilha.
24/04/2001
Agência Senado
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