JÁDER QUESTIONA VERACIDADE DE REPORTAGEM DA REVISTA "ÉPOCA"



Em um discurso veemente, em que foi aparteado por 13 colegas, o senador Jáder Barbalho (PMDB-PA) afirmou nesta terça-feira (dia 10) não acreditar nas informações publicadas na revista Época referentes à gravação clandestina de conversas telefônicas de altas autoridades da República, incluindo o presidente Fernando Henrique Cardoso. O parlamentar lançou ainda uma suspeita: a publicação de transcrições de conversas obtidas através de ato criminoso não seria também ilícita?O senador, líder no Senado e presidente nacional do PMDB, recordou que a quebra de sigilo telefônico e de correspondência era uma violência cometida durante a ditadura que agora se vê mantida na democracia. Ele afirmou que as informações da revista pareceram-lhe profundamente graves e, mesmo com todo o respeito que mantinha por esse órgão de imprensa, recusava-se a acreditar no que fora divulgado.Citando trechos da reportagem "Chantagem dentro do governo", Jáder disse não poder acreditar que determinado interessado no leilão de privatização da telefonia brasileira perdeu porque seu concorrente tivera conhecimento da proposta alheia através das gravações da conversa telefônica.- Recuso-me a imaginar que o Mendonça de Barros (ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, e atual ministro das Comunicações) considere que exista uma telegangue e, o governo sabendo de sua existência, que essa telegangue vença o processo de privatização. Recuso-me a acreditar, desculpe-me a revista Época, que se inclua na gangue o diretor de política internacional do Banco do Brasil, que teria organizado o consórcio e colocado a Previ para participar de uma telegangue - afirmou Jáder, citando afirmações da revista.Jáder lançou então a suspeita, compartilhada por outros senadores, que a divulgação da gravação clandestina - em si, um ato criminoso - seria também uma atitude ilícita.- O pior é que o crime de quebra de sigilo telefônico tem continuidade porque no momento em que se divulga, pela imprensa inclusive, o que estaria contido nas fitas, na verdade, é uma espécie de crime continuado. Há um crime na origem, que é o da quebra do sigilo, e um outro, que é o de divulgar - opinou o senador. Jáder afirmou que descartava peremptoriamente outra denúncia veiculada semana passada, de que o presidente da República, ao lado do governador Mário Covas, o ministro da Saúde, José Serra, e o falecido ministro das Comunicações, Sérgio Motta, mantinham uma instituição financeira fantasma nas Ilhas Cayman, no Caribe. Por isso concentrou suas observações na transcrição das fitas.- Eu me interessei pelo que tem consistência, ou seja, o fato de um ministro de Estado dizer ao presidente da República que está sendo chantageado e uma revista da respeitabilidade da Época transcrever parte do que integraria essas fitas, transcrição essa que eu, mais uma vez, me recuso a admitir que tenha qualquer procedência - disse.

10/11/1998

Agência Senado


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