Jader renuncia à Presidência do Senado e diz que não feriu decoro parlamentar
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) renunciou nesta terça-feira (dia 18) à Presidência do Senado dizendo-se vítima de vingança política decorrente das disputas com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães. As denúncias que vêm sendo publicadas pela imprensa contra Jader são, segundo o senador paraense, desprovidas de comprovação. Jader salientou que sua renúncia foi precedida de acordo político que garante ao PMDB continuar ocupando o cargo.
- A partir do momento em que enfrentei na tribuna o político considerado à época como maior força política pessoal do Brasil, desencadeou-se sobre mim uma enxurrada de acusações infamantes, nunca comprovadas, mas repetidas à exaustão pelos meios de comunicação - disse.
Jader rebateu as acusações de quebra de decoro constantes do relatório dos senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Jefferson Péres (PDT-AM) e que será votado nesta quinta-feira (dia 20) pelo Conselho de Ética do Senado. De acordo com o relatório, Jader teria mentido ao afirmar não ter sido beneficiário de recursos desviados do Banpará. Além disso, é acusado de cometer abuso de prerrogativa, porque teria retardado a tramitação de requerimento que solicitava o envio ao Senado do relatório do Banco Central sobre o caso Banpará.
- Disse e repito: não usei nenhum recurso do Banpará em minhas contas pessoais e em minha movimentação financeira, há 17 anos atrás - afirmou.
O ex-presidente do Senado procurou desqualificar a tese de que sua declaração de que não fora beneficiário dos recursos desviados poderia constituir quebra de decoro. Segundo a argumentação de Jader, não há como acusá-lo de ter mentido, se o caso não foi ainda objeto de decisão judicial.
- Como afirmar que estou a mentir, quando nego a incriminação que pretendem atribuir-me? Minha concordância com as acusações consistiria no adequado comportamento de decoro parlamentar? Talvez no meu caso, para livrar-me da acusação de faltar com verdade, e infringir o Código de Ética, eu também deva concordar com as acusações que me atribuem - questionou. "Ao proclamar a minha inocência não fui além do direito que a Constituição assegura a qualquer brasileiro, a quem se garante até o silêncio", acrescentou.
Jader também refutou as acusações de que teria atrasado as investigações sobre o caso Banpará. Ele disse que enviou ofício ao Banco Central em 6 de março requerendo imediata remessa dos documentos sobre o caso. Além disso, Jader salientou ter oferecido espontaneamente ao Senado os extratos de suas contas entre 1984 e 1988. Outra comprovação de sua disposição em ver os fatos apurados seria o requerimento para que fossem feitas investigações pelo Ministério Público do Pará. O afastamento por 60 dias da Presidência do Senado também seria uma prova do interesse de Jader por uma apuração isenta.
- Solicitei, em medida inusitada, licença de 60 dias da Presidência do Senado, para que as acusações pudessem ser apuradas sem que me fosse imputado tentar influenciar ou obstruir procedimentos apuratórios - disse Jader.
Na avaliação de Jader, as acusações contra ele têm um outro alvo: seu partido, o PMDB, com o objetivo de enfraquecer a agremiação às vésperas das eleições de 2002. "Minha eleição para a Presidência do Senado colocou a mim e ao meu partido em posição fundamental no jogo do poder, particularmente com vistas à sucessão presidencial. Estávamos inconvenientemente fortalecidos, e era necessário destruir-me e, por conseqüência, atingir o PMDB", observou.
18/09/2001
Agência Senado
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