Jader renuncia hoje e alveja seus inimigos do PFL



Jader renuncia hoje e alveja seus inimigos do PFL Numa última tentativa de manter o mandato, senador sai da presidência do Senado e ataca parte da aliança governista Processo no Conselho de Ética que apura as denúncias contra o senador não será interrompido com a renúncia ou com a escolha de outro peemedebista. Isolado e politicamente imobilizado por uma série de denúncias que perpassam toda a sua vida pública, o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), renuncia hoje ao cargo para o qual foi eleito em fevereiro passado pela maioria absoluta dos votos da Casa, após renhida disputa com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Será sua última tentativa para preservar o mandato e manter o foro privilegiado na justiça para se defender das acusações que pesam contra ele. Na próxima quinta-feira, o Conselho de Ética Parlamentar do Senado decide se acata ou não o pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista. O discurso de renúncia de Jader está previsto para às 15h30, mas existe a possibilidade, remota, dele vir a ser adiado. Isso acontecerá na hipótese de os partidos da coligação governista não conseguirem entrar em acordo sobre a eleição do sucessor de Jader, que será do PMDB. Hoje, Jader alinhavou as linhas gerais do discurso, mas ainda tinha dúvidas se o faria por escrito ou de improviso. Sem revelar o teor do pronunciamento ele atende pessoalmente o telefone e afirma que não pretende acertar com ninguém o teor de seu discurso de renúncia. Projeto quer senador vitalício. O PTB está apresentando no Congresso projeto de emenda constitucional criando a figura do senador vitalício, função a ser exercida pelos presidentes da República depois que terminarem seus mandatos. A eles seria dada, pelo resto da vida, uma cadeira no Senado, ainda que sem direito a voto mas com a prerrogativa de pronunciar-se sempre que necessário. Pelo projeto, não seriam beneficiados ex-presidentes que tivessem renunciado ao cargo, como é o caso de Fernando Collor. Os dois únicos ex-presidentes vivos - Sarney e Itamar - têm mandatos eletivos. O presidente nacional do partido, José Carlos Martincz, comunicou o fato por telefone ao presidente Fernando Henrique, que gostou da idéia e concordou com a proposta. Fogaça está na disputa da vaga. Os senadores José Fogaça (PMDB-RS)e José Alencar (PMDB-MG) afirmaram ontem que pretendem disputar a indicação do partido para substituir o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) na presidência do Senado. Ambos disseram ter feito consultas entre senadores do PMDB e de outros partidos, que consideraram seus nomes adequados para desempenhar o papel de liderar a reconstrução da credibilidade e da respeitabilidade do Senado. Fogaça reafirmou que tem consciência de que na política existe uma fila e que o ex-presidente da República e do Senado, José Sarney, o precede na fila de preferências para assumir a presidência do Senado neste momento. "Sendo ele (Sarney) candidato, eu retiro minha candidatura e apóio a dele", observou Fogaça. Ele disse, no entanto, que, conversando com seus colegas, tem observado uma viabilidade extremamente razoável e a possibilidade real de sua candidatura. O senador disse que está procurando criar uma alternativa para evitar o que chamou de "uma dança de cadeiras" entre o mesmo grupo do partido. Fogaça evitou fazer qualquer crítica a uma possível candidatura de Calheiros. "Só ele pode avaliar e fazer uma análise consciente, não só da viabilidade quanto das conseqüências de sua candidatura. Não sou eu que vou tecer críticas ou analisar as conseqüências", observou. Renan Calheiros é o mais cotado no PMDB. A bancada do PMDB no Senado se reúne hoje para escolher, pelo voto secreto, quem será o candidato do partido na disputa pela presidência do Senado. A eleição deve acontecer ainda nesta semana, após a confirmação da renúncia ao cargo pelo senador Jader Barbalho. Pelas reuniões entre integrantes do partido o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, é o mais cotado. Outros nomes, no entanto, correm por fora. Entre eles, o do ex-presidente José Sarney, José Alencar, Gerson Camatta e Ramez Tebet, além do gaúcho José Fogaça. Só 22% votaram. O que é isso, companheiro? Baixo comparecimento às urnas na primeira eleição do PT surpreende num partido marcado pela forte participação A direção regional do PT criou ontem uma central de computação de votos devido ao atraso na divulgação dos resultados nacionais da eleição direta do Partido dos Trabalhadores. O presidente regional do PT, Selvino Heck, disse que foi a forma encontrada para não atrasar ainda mais a divulgação dos resultados. A eleição petista foi marcada também pelo baixo comparecimento de filiados nos locais de votação. Tanto em nível municipal, como regional e nacional. Dos 21.040 petistas habilitados para votar em Porto Alegre, apenas 3.160 compareceram. Os dois candidatos mais votados, que disputarão um segundo turno no dia 7 de outubro, foram Waldir Bohn Gass (1.007 votos) e Adroaldo Corrêa (588 votos). No estado estavam habilitados a participar da votação 101 mil filiados. A previsão da executiva estadual é de, no máximo, 25 mil votantes. O mesmo aconteceu nacionalmente, onde dos 900 mil petistas habilitados, apenas 200 mil compareceram aos locais de votação. PONT - O ex-prefeito Raul Pont obteve uma grande votação em Porto Alegre. Recebeu 1.540 votos, contra 640 de José Dirceu e 434 de Júlio Quadros. Um percentual superior a 50% do total de votos. Votos são apurados um a um. Os técnicos não conseguiram descobrir a origem da falha no sistema de captação dos votos na eleição petista realizada no domingo em todo o país. Ontem à tarde foi decidido que haveria contagem manual dos votos. As informações eram desencontradas. Segundo o Diretório Nacional do PT, o sistema central não consegue ler os programas já enviados por outros estados. Já o coordenador nacional do PED (Processo de Eleições Diretas), Moacir Casagrande, afirma que ocorreu no servidor de dados do partido, que ficou sobrecarregado com o excesso de informações enviadas. A assessoria de imprensa confirmou apenas que o quórum mínimo de 15% (127 mil votos) foi alcançado no Brasil, porém não foi atingido em algumas cidades, como Belo Horizonte (MG) e Santos (SP). Itamar avisa que vai ficar no PMDB. Brizola tentou garantir o mineiro no PDT, como candidato à presidência da República em 2002. O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), anunciou no início da noite de ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que vai permanecer no PMDB, recusando assim convite do PDT para ser o candidato trabalhista à Presidência da República. O governador fez ligações telefônicas ao líder pedetista Leonel Brizola confirmando a recusa do convite dos pedetistas. O governador de Minas enviou ainda uma carta a Brizola expondo os motivos da recusa. O governador de Minas, ao permanecer no PMDB, terá que vencer as prévias do partido marcadas para janeiro, para escolha do candidato à Presidência. Seu adversário é Pedro Simon que ontem apressou-se em "festejar " a decisão de Itamar e afirmar que continua mais candidato do que nunca. Itamar manteve o PDT na espera durante todo o período em que travou uma disputa interna no PMDB para impor sua tese de que o partido tem que ter candidatura própria à Presidência. O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, lamentou a decisão de Itamar. Para Brizola, "não há dúvida que, com isso, está colocada em perigo a possibilidade de formação de uma grande frente oposicionista que possa ser vitoriosa". Brizola completou dizendo que Itamar, "com essa decisão, coloca nas mãos do PMDB o destino da pregação cívica que vem fazendo, e nós sabemos que do PMDB não virá nada". Judiciário quer ampliar despesas com pessoal. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Marco Aurélio Mello, disse ontem que os presidentes dos tribunais de justiça deveriam pedir aos governadores e presidentes das assembléias legislativas que cedam ao judiciário parte dos limites nos gastos de pessoal estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal. Dessa forma, a Justiça Estadual poderia ampliar as despesas com salário do funcionalismo, passando os 6% da receita líquida fixados na legislação. O ministro defendeu, porém, a manutenção do teto global de 60% das receitas líquidas fixado para a folha de pessoal nos Estados, incluindo Executivo, Judiciário e Legislativo. Para Mello, o limite das despesas de pessoal do Judiciário estadual em 6% da receita corrente líquida trouxe dificuldades para alguns tribunais, em especial o de São Paulo, que "está numa situação de penúria". O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo, Edgar Camargo Rodrigues, concorda com a necessidade de tomar mais flexíveis os limites de gastos de pessoal do Judiciário, que essa mudança não poria em risco o ajuste fiscal. Editorial Vivo ou morto O presidente George W Bush declarou ontem que os Estados Unidos querem o milionário saudita Osama bin Laden "vivo ou morto". Laden, acusado de ser o mentor dos atentados contra os norte-americanos, vive nas montanhas do Leste afegão, sob a proteção do Talibã. Enquanto dá mais poder à CIA e ao FBI, inclusive para cometer assassinatos e violar direitos civis, o governo americano espera o apoio dos aliados. Mas este não está vindo de forma tão incondicional quanto os Estados Unidos gostariam. O presidente Fernando Henrique Cardoso alertou para o perigo de uma escalada do terror, dependendo da contundência da reação americana. A revista virtual Slate publicou um artigo indagando: o que os americanos vão fazer com o Afeganistão quando o prazo do ultimato acabar? "O objetivo dos bombardeios, como o que foi feito sobre a Iugoslávia, é destruir a infra-estrutura dos países e levá-los ao colapso. Só há um problema: seja pela pobreza, pela longa guerrilha contra a ocupação soviética ou pelo reinado de terror do Talibã, não há infra-estrutura a ser destruída no Afeganistão", diz o artigo. A alternativa seria apoiar mais diretamente a guerrilha que combate o regime fundamentalista. Ismael Kahn é o seu líder. Segundo a jornalista Arme Applebaum, que escreveu para a Slate, ele pode ser mais útil aos americanos do que todos os mísseis "inteligentes" juntos. Sensata é a posição do primeiro-ministro inglês, Tony Blair, que pediu, ontem, provas mais concretas do envolvimento de bin Laden, antes de envolver seu pais numa ação militar. Topo da página

09/18/2001


Artigos Relacionados


Heráclito: ACM perdoava seus inimigos, mas não os inimigos da Bahia

Jader entrega hoje a carta-renúncia

Jader prepara renúncia

Laércio, pai de Jader, renuncia à suplência

Íntegra dos termos da renúncia de Jader

Carta de renúncia de Jader é lida em Plenário