Jader responde 'não' em todo o interrogatório
Jader responde 'não' em todo o interrogatório
Primeiro foi apenas uma palavra: 'nada'. Depois, uma negativa mais veemente: 'Respondo que não'. Por último, uma ratificação: 'Respondo negativamente mais uma vez'. As declarações marcaram o depoimento do presidente licenciado do Congresso, Jader Barbalho, do PMDB, que tenta evitar a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar sob a acusação de ter mentido aos colegas ao negar que havia sido beneficiado de desvios ilegais do Banpará entre 1984 e 1987.
As frases utilizadas por Jader estão nas notas taquigráficas de seu depoimento, concedido na quarta-feira aos senadores do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Jader não permitiu qualquer gravação de seu depoimento. Portanto, as notas só ficaram prontas na noite de quinta-feira. Para se precaver de contestações, o coordenador da comissão de investigação, senador Romeu Tuma, do PFL, determinou que seis taquígrafas acompanhassem a sessão.
Jader não foi econômico ao contestar seu envolvimento. Como defesa, invocou o parecer do Banco Central (BC), do procurador José Coelho, que preferiu não responsabilizar os acusados. Também lembrou que abriu seu sigilo bancário ao Senado. 'Só quem está absolutamente seguro de que não foi beneficiado faz a entrega, como fiz ao Senado, espontaneamente, de meus extratos de contas bancárias', alegou. Para o senador Jefferson Peres, o presidente licenciado também pode ter mentido ao dizer que a obstrução por três meses do requerimento que pedia ao BC os relatórios do Banpará são de responsabilidade do secretário-geral da Mesa, Raimundo Carreiro.
Partidos procuram lideranças
Visam à filiação de potenciais candidatos em 2002 a tempo de concorrerem
Faltando 34 dias para o fim do prazo de filiações com vistas às eleições de 2002, os partidos colocam em prática as últimas ações em busca de novas lideranças. As estratégias se diferenciam pelo modo de abordagem. O PPB quer intensificar o seu trabalho na Região Metropolitana para consolidar chapas fortes ao Legislativo, conforme destacou o presidente interino, João Fischer. O PTB, segundo o presidente Iradir Pietroski, prefere reforçar a atuação no Interior, filiando lideranças sindicais e ligadas a movimentos populares.
Nos últimos meses, o PT e o PSB foram os que registraram maior número de filiações com potencial eleitoral. Os socialistas trouxeram do ninho tucano o deputado federal Ezídio Pinheiro, o presidente da Fetag, Heitor Schuck, e o prefeito de Criciumal, Walter Heck, que deixou o PPB. A adesão mais importante, porém, ocorreu com o ingresso do governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, possível candidato à Presidência da República. Ao mesmo tempo em que ganhou novas lideranças, perdeu o único representante na Assembléia Legislativa, deputado Bernardo de Souza, que foi para o PPS. Para ocupar novamente espaço no Legislativo, o presidente do partido, Beto Albuquerque, disse que a intenção é reunir o máximo de lideranças com capacidade para disputar. O PPS ganhou bancada estadual, mas perdeu lideranças históricas, como o ex-vereador Lauro Hagemann, que se filiará ao PT no dia 10.
No PT, não há falta de candidatos e a direção estadual mantém a linha de não querer inchar o partido. Para ingressar na legenda, o pretendente a filiado passa por processo de orientação, conforme explicou o presidente interino, Selvino Heck. A senadora Emília Fernandes e os dissidentes do PDT, entre eles o ex-deputado Sereno Chaise e os secretários do Turismo, Milton Zuanazzi, e das Minas e Energia, Dilma Rousseff, foram os ganhos importantes do PT neste ano. Emília disputa internamente a vaga que poderá lhe garantir a reeleição, entrando em confronto com o vereador José Fortunati, que ameaça deixar o PT. O passe do vereador mais votado do Estado está sendo disputado por seis partidos.
Candidatura exige um ano de filiação
Para concorrer a um cargo eletivo, o eleitor deverá estar filiado ao respectivo partido pelo menos um ano antes da data fixada às eleições majoritárias e proporcionais. O último prazo de filiação com o objetivo de disputar cargo em 2002 é 5 de outubro, conforme determina a lei eleitoral 9.504. Os partidos políticos terão de 7 a 14 de outubro para informar ao Tribunal Regional Eleitoral a relação de filiados que têm. A atualização dos dados é feita duas vezes ao ano. A primeira ocorreu em maio. No caso de troca de legendas, o eleitor deve comunicar ao partido que está se desligando e ao juiz da respectiva zona eleitoral para cancelar a antiga filiação, evitando a caracterização de duplicidade.
CPI recebe lista de ligações de Maluf
O juiz Maurício Lemos Porto Alves autorizou os vereadores da CPI da Dívida Pública da Câmara de São Paulo a recolherem nesta segunda-feira, em quatro empresas de telefonia, as listas com todas as ligações telefônicas feitas pelo ex-prefeito Paulo Maluf para o exterior, desde janeiro de 1993 até agosto deste ano. 'Temos indícios de que Maluf está transferindo novamente o seu patrimônio', afirmou a presidente da CPI, vereadora Ana Martins, do PC do B. Ela suspeita da existência de vínculos entre o aumento da dívida da prefeitura e o suposto fundo de investimentos de 200 milhões de dólares na ilha de Jersey - paraíso fiscal do Reino Unido no Canal da Mancha. As listas que a CPI terá acesso serão fornecidas pela Embratel, Telesp Celular, Intelig e BCP.
Fim do nepotismo pautado no Senado
O Senado pode acabar com uma prática comum na política: a indicação de filhos, mulheres, pais e irmãos para as vagas de suplente dos candidatos. Está na pauta da sessão de terça-feira o projeto de lei complementar que torna inelegível o concorrente a suplente que for cônjuge ou parente consangüíneo, até o 2º grau ou por adoção, do político que estiver disputando uma cadeira ao Senado. A senadora Marina Silva, do PT, autora da proposta, tentará fechar acordo com a base governista buscando que a matéria seja aprovada o mais rápido possível. Como se trata de mudança na lei eleitoral, o projeto deve ser sancionado até 5 de outubro pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, para que as regras possam valer já nas eleições de 2002.
Investidas têm sido permanentes
O PDT deu por encerrado o episódio das dissidências, quando lideranças deixaram o partido para ingressar no PT, conforme garantiu o presidente estadual, Airton Dipp. Desde março, segundo ele, uma comissão eleitoral avalia candidaturas com potencial para as chapas proporcionais. A comissão examina as listagem dos últimos pleitos e busca convencer lideranças regionais a se filiarem ao partido. 'Não queremos número, mas nomes fortes', destacou Dipp. O PDT é o partido com maior número de filiados, mais de 120 mil, conforme dados do Tribunal Regional Eleitoral.
Os deputados Germano Bonow e Onyx Lorenzoni, do PFL, fazem uma verdadeira maratona pelo Interior em busca de novas lideranças. Segundo Onyx, o partido não trabalha em cima de prazos, pois desenvolve a campanha há três anos. O PFL concentra a estratégia em torno de mulheres e jovens e pretende convencer vereadores e prefeitos a disputar nas chapas proporcionais.
O PMDB vai aproveitar o encontro estadual do dia 30 para formalizar algumas filiações, segundo anunciou o secretário-geral da executiva, deputado Alexandre Postal. O partido vem procurando por novas adesões desde que começou os encontros regionais 'Fala PMDB'. Para Postal, a nominata do partido para a Assembléia Legislativa e para a Câmara dos Deputados é bem melhor do que nas últimas eleições. 'Temos nomes que são verdadeiros puxadores de votos', garantiu ele.
Lula discorda da ação de Alckmin
O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e o governador do Acre, Jorge Viana, do mesmo partido, criticaram ontem a participação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, na negociação com o seqüestrador Fernando Dutra Pinto para libertar o empresário Sílvio Santos. Segundo Viana, Alckmin não deveria ter cumprido o apelo do criminoso para que ele fosse ao local, o que abriu precedente perigoso. 'Não podemos ceder ao bandido', declarou. Já Lula entende que a partir de agora pode ocorrer de qualquer vítima de seqüestro reivindicar que o governador seja o interlocutor. 'Aí vai ficar complicado', acredita. Para o líder do PT, é preciso enfrentar o crime organizado mexendo nas estruturas de poder e economia do país.
Artigos
AMOR À PÁTRIA NO ESPORTE
Victor Faccioni
Estamos na Semana da Pátria, que culmina na próxima sexta, dia 7, com a comemoração da Independência. Num mundo globalizado, faz sentido ainda falar em patriotismo quando as fronteiras desaparecem com a Internet, e as distâncias se encolhem nos modernos meios de comunicação e de transportes, ensejando, inclusive, viagens interplanetárias? Mesmo assim, o amor à pátria continua sendo grande mola propulsora de qualquer povo a trilhar melhores caminhos de seu desenvolvimento, incentivados pelos seus heróis nacionais. A história está repleta desses exemplos, não importando a área em que se destacaram, na busca do bem-estar do povo.
Se antes ser herói era fazer guerra, hoje nosso povo está consagrando novos heróis pelos seus feitos, tais como Ayrton Senna, já falecido, e Gustavo Kuerten, o Guga, em ascendente sucesso, ambos coincidentemente na área de esportes. Temos ainda muitos outros que, como Pelé, o rei do futebol, projetaram o país, fazendo tremular nossa bandeira, símbolo maior da Pátria, e ecoar a letra e a música do nosso Hino Nacional, em gramados do mundo inteiro. O esporte é uma das fontes mais genuínas de civismo, porque motiva crianças, jovens e adultos a conviverem, desde os bancos escolares, com os valores do coletivo, da disciplina, dos limites e da lealdade na competição, elementos imprescindíveis de uma boa educação.
Por isso, lutei, quando deputado federal, como autor das leis 7.847/89, que 'dispõe sobre a concessão de bolsas-auxílio ao atleta amador', felizmente em vigor, e 8.946/94, dos esportes nas escolas, lamentavelmente revogada, mas que agora revive através do Programa Nacional de Esportes nas Escolas. O ministro do Esporte e Turismo, Carlos Melles, esteve em Porto Alegre, junto com o secretário Nacional de Esportes, Lars Grael, e o diretor do Departamento, Paulão Jukoski, lançando o Programa Esporte na Escola, no colégio Pão dos Pobres. Ao saudá-los, seu diretor, irmão Valério Menegat, destacou a importância do esporte na formação do caráter da juventude. Que o programa, a cujas verbas podem se habilitar escolas de 1º grau, com mais de 500 alunos, se amplie, pois, ao formar o atleta e o cidadão, coloca a base sobre a qual construiremos uma pátria maior, mais próspera e mais feliz para todos.
Colunistas
Panorama Político/A. Burd
EM GRANDE ESTILO
O espaço é aberto para lucidez de Alberto Dines, que escreveu na edição deste sábado do Jornal do Brasil: 'O psicojornalismo estreou em grande estilo: em três dias, as estrelas do noticiário deixaram de ser as raposas políticas e os especuladores no mercado de capitais. Foram substituídas às pressas por psiquiatras, psicanalistas e psicólogos convocados para traçar o perfil de Patrícia Abravanel, do pai, Sílvio Santos, e do duplo seqüestrador-assassino Fernando Dutra Pinto' (...) 'Nestes dias de cão, Hollywood fingiu que falava tupi-guarani e se transferiu para Barueri e Morumbi. Mas juristas, criminalistas e policiais é que deveriam estar pontificando sobre a forma de classificar o último episódio em que se envolveu o dono do SBT'.
INCONCILIÁVEIS
Análises ocorridas na Assembléia Legislativa sobre o conceito e o uso do caixa único do Estado são inconciliáveis. Alguém está errado. Do parecer solicitado ao Tribunal de Contas poderá nascer a luz.
LINHA DURA
O movimento caiu em 70% neste sábado, primeiro dia das restrições da aduana de Paso de los Libres às compras de argentinos no Brasil nos fins de semana e feriados. A sobretaxa é de 50% do valor.
TURBULÊNCIA - 1) O estopim da crise envolvendo o vereador José Fortunati foi um e-mail indiscreto distribuído na sexta-feira às lideranças de todas as correntes internas do PT; 2) será de se acompanhar o encontro do vereador Fortunati com o líder da bancada do PT na Câmara, Estilac Xavier, na 2a-feira. Nada amistoso: poderá chover canivete; 3) tentativas de Fortunati de obter vaga em chapa majoritária sempre foram esmagadas.
GARANTIDO
Há acordo para gestão da Mesa da Câmara de P. Alegre. Fortunati foi mapeado para assumir a presidência em 2002. Por trás do caso envolvendo o campeão de votos pode estar alguém querendo seu lugar.
COERÊNCIA
Conforme esta coluna antecipou, Fortunati retirou sua candidatura à presidência nacional do PT diante dos boatos de sua saída do partido.
PASSO ERRADO
Do colunista Carlos Chagas, da Tribuna da Imprensa, Rio: 'A oposição dentro do PMDB se precipitou. Se isolou dentro do próprio partido no exato momento em que o PFL e o PSDB parecem não se importar mais com os peemedebistas ligados ao governo - afinal, a chapa Roseana Sarney-José Serra tem chances de vingar. O resultado é que o PMDB hoje tem rachadura irremovível'.
VEM AÍ
Luiz Carlos Mello assumiu, neste sábado, a presidência do PPS de Porto Alegre, abrindo campanha de novas filiações. O presidenciável Ciro Gomes garantiu, no Rio, que virá a Porto Alegre para abonar as fichas.
QUEM É?
Os apresentadores da Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo, anunciaram a presença do secretário dos Transportes, Luiz Roberto Albuquerque. O citado nem se deu conta de que era com ele e a platéia ainda achou que tinha mudado o secretário. Seu nome de guerra é Beto Albuquerque e nenhum outro.
SEM SABER
O governo do Estado vetou projeto do passe livre a deficientes, aprovado pela Assembléia. Sexta-feira, teve de aplaudir a iniciativa do governo federal, que lançou em Porto Alegre documento para o benefício.
APARTES
Possibilidade de mudança de partido na Câmara de Porto Alegre não se restringe a José Fortunati. Tem mais.
Pedro Simon se reúne com Itamar Franco esta semana. Conversa para pôr tudo em pratos limpos.
Senadores farão qualquer malabarismo para impedir volta de Jader Barbalho à presidência, como exige.
Governo modifica projetos do plano de carreira de escolas para evitar a rejeição na Assembléia.
Bloco anti-FHC do PMDB usa o direito de espernear e tenta adiar convenção nacional do próximo domingo.
Pacote chamado ético não mexe na imunidade parlamentar. Deixa como está para ver como é que fica.
Líder do governo, deputado Ivar Pavan, tenta entender o que está acontecendo com vereador Fortunati.
Correio do Povo prosseguirá, durante a semana, relembrando os fatos que envolveram a Legalidade.
Governador paulista aproveita sobrenome e vira Alckimia de seqüestro.
Editorial
PUNIÇÃO EXEMPLAR À MAQUIAGEM
Não bastassem a corrupção e a violência que grassam no país, os cidadãos passaram a ser penalizados com uma prática que burla a todos: a maquiagem de produtos para elevar os preços. Os três maiores fabricantes de papel higiênico do Brasil deverão ser multados pelo Ministério da Justiça em R$ 2 milhões cada um por exercerem esta nova modalidade de enganar as pessoas.
O ministro da Justiça, José Gregori, explicou que essas empresas foram punidas por abuso de poder econômico e por desrespeito ao consumidor. Elas encurtaram os rolos de 40 metros para 30 sem a devida correção de preços. Também estão sob investigação, a partir de denúncias que vieram à tona há mais de duas semanas, os fabricantes de sabão em pó. Todos serão convocados pelo governo federal para prestarem informações.
As multas foram aplicadas pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça. As empresas deverão recorrer e as multas poderão ser reduzidas, mas somente, avisou o secretário de Direito Econômico, Paulo de Tarso, se for firmado e cumprido um acordo com os fabricantes de papel higiênico para a padronização das embalagens.
A maquiagem foi aplicada em diversos setores. Na higiene e na limpeza, por exemplo, alguns produtos, como os detergentes em pó, tiveram uma redução de 1 quilo para 900 gramas; desodorantes de 50 mililitros para 44; sabonetes de 100 gramas para 90. No setor de alimentos, o pão de fôrma de 550 gramas passou a ter 500. Estão também sob forte suspeita o leite em pó, guardanapos, cremes de beleza e adoçantes.
Os fabricantes de papel higiênico, as primeiras empresas a serem multadas, iriam continuar maquiando produtos esperando, certamente, pela falta de atenção e pela boa-fé do consumidor brasileiro. Esta prática de enganar a população é inadmissível e não iremos tolerar nenhum tipo de desrespeito às normas de consumo. A vigilância deve ser redobrada por todos, não só pelos órgãos de defesa dos consumidores, mas por todos nós. Não podemos e não devemos ser mais enganados. A cidadania deve ser exercida em sua plenitude.
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09/02/2001
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