Jarbas critica comportamento do PMDB na homenagem a Ulysses



O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) reverenciou a memória do deputado Ulysses Guimarães em sessão especial que marcou o transcurso dos 15 anos do seu falecimento, mas não poupou críticas às relações entre o seu partido e o governo Lula.

- Hoje, às vésperas dos 15 anos do desaparecimento de Ulysses Guimarães, devo admitir que virar governo fez mal ao PMDB, fez mal ao seu maior líder. E verdade seja dita, da redemocratização até hoje o PMDB sempre chegou ao poder federal por porta de travessa, como diz a sabedoria popular - afirmou.

Jarbas Vasconcelos disse que relembrar Ulysses é fazer um elogio ao exercício da política com letra maiúscula; é destacar o que a democracia tem de melhor; é estabelecer um núcleo de resistência aos devaneios de quem quer aproveitar as aberturas democráticas para se perpetuar no poder. O senador lembrou que, em 1996, o ainda presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Dr. Ulysses era "conservador", que não era "moderno".

- Ironicamente, 11 anos depois, o governo Lula é considerado - claro que a contragosto - um exemplo mundial de conservadorismo econômico e mantém uma relação bastante moderna com as forças políticas da sua base no Congresso Nacional. Tamanha modernidade atendeu pelo nome de 'mensalão'. As votações no Congresso Nacional estão se transformando num vergonhoso e repugnante balcão, no qual o parlamentar vota com a proposta do governo e logo recebe a liberação de verbas públicas - disse.

Jarbas Vasconcelos afirmou que Ulysses Guimarães faz falta ao Brasil de hoje, especialmente por serem tempos em que "a banalidade e a pequenez surgem como uma nuvem negra sobre a política nacional". Tempos, na opinião do senador, "em que o cinismo e a insolência ameaçam o exercício nobre da política, em que a descrença da sociedade assume proporções alarmantes, pondo em risco a própria crença na democracia, que lutamos tanto para restabelecer".

- Que homem público do Brasil de hoje faz jus à nobreza e à autoridade de Ulysses, que o distinguiam dos demais, ao ser chamado de doutor, de senhor, sem o sintoma de arrogância e prepotência? - indagou.

Em aparte, o senador Gerson Camata (PMDB-ES) lembrou a grandeza das bandeiras que Ulysses colocava nas mãos dos companheiros de partido, como as campanhas pela Anistia e pelas eleições diretas para a Presidência da Repúblicas. Ele citou Ulysses quando lançou a campanha Diretas Já: "Os governadores eleitos pelo povo não poderão conviver com um ditador no Palácio do Planalto". Camata disse que, hoje, o PMDB precisa desse tipo de bandeiras e de ser menos fisiológico.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) recordou, emocionado, que Ulysses foi seu conselheiro quando decidiu ingressar na vida política e disputar um mandato parlamentar em 1978. "Sua palavra me soava como uma luz de ensinamento importante", disse. O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) leu o trecho final de um discurso de Ulysses, quando deixou a presidência do PMDB, conhecido como "Oração do Adeus".

- 'Desta tribuna mando um beijo a Mora. Beijo de amor e gratidão. Tantas vezes saí de casa, podendo não voltar. Muitos não voltaram. Não saía dividido entre a família e o ideal. Saía inteiro. Porque nunca vi lágrimas nos olhos, nem lamúrias ou apelos de prudência nos lábios de Mora. Repetidas vezes disse que quando chega a prudência, desaparece a coragem' - citou o senador.



04/10/2007

Agência Senado


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