Jarbas Vasconcelos condena "excessos" da PF e alerta para risco de Estado policialesco



O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) manifestou sua preocupação, em pronunciamento nesta quinta-feira (24), com o que considerou excessos e abusos da Polícia Federal nas operações que vem deflagrando. Ele frisou que "ninguém de bom senso é contrário à ação da Polícia Federal no sentido de desbaratar e identificar quadrilhas que metem a mão no dinheiro do povo", observando, no entanto, que, com "expedientes e comportamento acima da lei" a PF irá contribuir para a instalação de um estado policial no Brasil.

Jarbas Vasconcelos condenou as prisões com algemas, feitas durante a madrugada, a exibição de "ações espetaculosas", mostrando as vítimas na televisão - pois não pode ser descartada a possibilidade de estarem sendo presas pessoas inocentes -, processos sob segredo de justiça e vazamentos a conta-gotas, "de acordo com o interesse da Polícia Federal".

O senador disse considerar "da maior gravidade" o fato de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, estar, na sua opinião, prisioneiro da Polícia Federal, "que tanto pode fazer uma operação que seja simpática ao governo e ajude o PT como pode fazer uma operação que desajude o governo e o PT".

Jarbas Vascobcelos também criticou o fato de um petista, ideólogo do partido e seu ex-presidente nacional ocupar o Ministério da Justiça, ao qual está subordinada a Polícia Federal. Ele lembrou discurso anterior em que afirmava que as operações da PF, a partir dali estariam sob suspeita. Para o senador, há uma deliberação da Polícia Federal no sentido de intimidar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal e frisou que o Congresso não pode "ficar acuado ou intimidado".

- A Polícia Federal tem usado e abusado da força e de métodos que são usados em regimes fascistas, em regimes de força, de exceção, de ditadura. E, enquanto houver homens livres neste país, homens independentes, não podemos ficar calados diante disso, porque daqui a pouco teremos censura à imprensa, fechamento de Congresso, desmoralização das instituições, perseguição à Igreja, fechamento de sindicatos, enfim, a supressão de todas as garantias individuais - alertou

Jarbas Vasconcelos disse considerar da maior gravidade o fato de o país "calar, ficar omisso, acovardar-se diante dessa situação", frisando que é preciso "pôr um fim nesse abuso". Na sua opinião, o STF deve "enquadrar" a Polícia Federal e a Ordem dos Advogado do Brasil (OAB) deve entrar com ações penais contra a PF para que esta "tenha respeito ao Congresso Nacional e ao presidente da República, que está refém dela, e predomine no país o "império da lei". O senador salientou que o caminho para um Estado policial é exatamente este que a Polícia Federal, por meio de alguns de seus membros, tem percorrido.

- É preciso que isso seja denunciado - afirmou.

Jarbas Vasconcelos manifestou solidariedade ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que criticou o vazamento de informações pela Polícia Federal sobre inquérito que tramita em segredo de Justiça.

Em aparte, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que Tarso Genro, queparticipou, "no período dos aloprados", de todo o furacão da crise dentro do PT é "impróprio para a função" de ministro da Justiça e também associou-se à solidariedade ao ministro Gilmar Mendes. O senador Mão Santa (PMDB-PI) lembrou que Jarbas Vasconcelos enfrentou o regime militar "de peito aberto" e é um homem que "sabe interpretar a história".

24/05/2007

Agência Senado


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