Jarbas Vasconcelos mantém críticas feitas ao PMDB



Em entrevista coletiva à imprensa nesta segunda-feira (16), o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que mantém todas as críticas feitas ao PMDB em entrevista publicada na última edição da revista Veja ("boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção"; "a maioria se move por manipulação de licitações e contratações dirigidas"; "não basta mudar os nomes, é preciso mudar as práticas", entre outras declarações).

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- Não retiro uma vírgula do que disse. Não sou eu quem está inventando isso. Não foi novidade. Apenas a revista me procurou e eu dei a entrevista, que está perfeita. O jornalista foi corretíssimo, publicou o que eu disse. Eu não sou a palmatória do mundo. Não há nada o que acrescentar - afirmou o senador aos jornalistas que lotavam o seu gabinete.

Jarbas Vasconcelos disse ainda que não crê na sua expulsão do PMDB em função das críticas, mesmo com a abertura de um eventual processo disciplinar, e que também não pretende deixar o partido.

- Não, não acredito em expulsão, mas pode ser que tenha processo. As pessoas que estão se levantando agora são pessoas que têm um perfil conhecido dentro do PMDB, dentro do Congresso - disse.

O senador também negou que, com as críticas ao PMDB, pretenda concorrer à Vice-Presidência da República na chapa do governador de São Paulo, José Serra.

- Meu candidato é Serra, que considero pessoa competente, honesta e capaz de presidir o país. Essa é a minha opinião. Não quero ser vice, não tenho condições de ser vice, e não quero sair do PMDB - afirmou.

Jarbas Vasconcelos também negou aos jornalistas que esteja assumindo um papel de "espião" dentro do PMDB.

- Que coisa mais ridícula! Eu nem sequer vou mais às reuniões do PMDB - disse o senador, lembrando que não o fazia quando Valdir Raupp (RO) era o líder do partido no Senado e acrescentando que, "sobretudo agora", que o cargo é ocupado pelo senador Renan Calheiros (AL), é que não irá.

O senador reafirmou, no entanto, que não quer sair do PMDB, mas que quer "uma reforma política decente".

Ainda sobre o PMDB, Jarbas Vasconcelos disse:

- Que história é essa de o PMDB disputar governo? Ele é governo há dez anos, entra governo, sai governo... Não ocupa a cadeira que foi de FHC, que é de Lula, mas ocupa não sei quantas cadeiras ao redor dele.

Ao ser questionado sobre o "caráter genérico" das criticas, Jarbas Vasconcelos disse que a sua entrevista à Veja "abriu um debate" sobre a questão.

- Se alguém fala que o Senado está contaminado pela mediocridade e pela corrupção, eu não aceito nenhuma das duas carapuças. Tinha que ser genérico. Em primeiro lugar, como posso citar nomes? É volumoso. Em segundo lugar, não vim para o Senado para ficar como um auditor. Tenho que dizer aquilo que vocês sabem, da prática da corrupção. A entrevista foi clara e transparente, tinha que ser dura - disse.

O senador ressaltou que a prática da corrupção "não é de hoje", mas assegurou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido conivente com diversos tipos de irregularidades.

- Olha, eu reitero os percentuais. Não é todo mundo corrupto. Uma grande parte tem a prática, que não é de hoje, mas Lula tem sido conivente com a corrupção. É lastimável. Ele pertence ao PT, que era contra tudo isso. Eles não inventaram a corrupção, mas ela tem sido uma marca desse governo. O Valdomiro continua palitando os dentes, nunca foi preso, nunca foi algemado, levado à cadeia. O dossiê contra o PSDB continua sem explicação - disse.

Na entrevista, Jarbas Vasconcelos negou que já tenha presenciado atos de corrupção ("tenho muitas notícias, conversam comigo, acompanho pela mídia, vejo os comentários") e disse que a eleição do senador José Sarney (PMDB-AP) para a Presidência do Senado "foi estranha".

- Ele não queria ser candidato, disse reiteradas vezes, terminou cedendo à pressão do senador Renan, que queria voltar à cena e voltou, e envolveu o presidente Sarney nessa coisa. Tinha o candidato do PT, que já tinha sido testado e exerceu a Presidência no período com correção. O Senado tem problemas de imagem externa e imagem interna. Isso me levou a me comprometer com Tião [Viana] - afirmou, referindo-se ao candidato derrotado do PT à Presidência da Casa.

Jarbas Vasconcelos disse que, com a entrevista, havia aberto o debate.

- Não sou líder, sou dissidente do partido. Como vou comandar um processo desses? Fiz uma peça inicial, que é a entrevista. Esse debate agora fica por conta do Senado, do Congresso Nacional, do próprio PMDB. Esse debate não é mais meu - concluiu.

Paulo Sérgio Vasco / Agência Senado



16/02/2009

Agência Senado


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