Jefferson critica forma como são distribuídos ministérios entre os partidos da base



O senador Jefferson Péres (PDT-AM) criticou nesta terça-feira (20), em Plenário, a entrega de ministérios a parlamentares da base aliada, pelo governo, em troca da obtenção de apoio político no Congresso. Ao mesmo tempo, ele afirmou que o sistema presidencialista adotado pelo país é prejudicado pela existência de partidos frágeis e sem identidade. Jefferson conclamou os senadores a avaliarem a adoção do parlamentarismo.

- Cada vez mais se enraízam em mim convicções parlamentaristas. A experiência presidencialista não tem sido boa. Independentemente de quem seja o presidente da República, há um vício inerente ao sistema de governo presidencialista, ainda mais em um país como o nosso, com partidos tão frágeis, tão destituídos de identidade e tão vazios de programa - avaliou.

Em seu discurso, Jefferson Péres classificou como "indecente" o assédio sofrido pelo governo na distribuição dos ministérios.

- O espetáculo a que o país assiste neste momento, com a formação do Ministério do segundo governo Lula, é um filme repetido, é um triste espetáculo déjà vu, com uma voracidade impressionante dos partidos da base governista a pedirem ministérios, cargos, quaisquer que sejam, sem que esses partidos, sejam quais forem, tenham um política pública para executar - disse.

O senador pelo PDT amazonense disse que a ausência de compromisso dos indicados prejudica os ministérios, que, segundo ele, acabarão sendo chefiados por "alguém derrotado numa eleição" e que, depois de seis meses no cargo, deixará a função para ser candidato a algum mandato eletivo.

- O importante é que quanto mais verba tiver o ministério, quanto maior o número de cargos, melhor; que, de preferência, seja de 'porteira fechada'. A expressão é avacalhada, inclusive lembra-nos vaca, rebanho, fazenda, gado, estrume, porque isso cheira mal, também - disse.

Embora o PDT componha a base do governo, Jefferson Péres disse que atuará de forma independente no Senado, antecipando que votará favoravelmente em matérias "impopulares", como a manutenção da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) e da Desvinculação de Recursos da União (DRU), mas sem abdicar "do direito de votar contra quando a medida contrariar o interesse público".

- Muitos vão estranhar, mas eu fui contra o apoio [ao governo]. Queria que o partido ficasse independente, exatamente para não participar desse banquete que, para não usar uma palavra tão forte, me deixa incomodado. Em compensação, curvo-me à vontade do partido, mas vou manter a minha independência - anunciou.

A DRU compõe um fundo, cuja vigência foi prorrogada pelo Congresso para vigorar até o final de 2007. A CPMF, cujo percentual de 0,38% incide sobre diversas operações bancárias,também estará em vigor até dezembro deste ano.



20/03/2007

Agência Senado


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