Jefferson Péres alerta para gravidade de denúncias sobre evasão de divisas



O líder do PDT no Senado, Jefferson Péres (AM), alertou para a gravidade do depoimento prestado à Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) pelo delegado da Polícia Federal José Francisco de Castilho Neto, que revelou o envolvimento de 1.600 brasileiros, incluídos aí empresários e políticos -de renome-, na remessa ilegal de US$ 30 bilhões ao exterior. Jefferson Péres também protestou, na oportunidade, contra a -repercussão tímida- das denúncias nos meios parlamentar, governamental e jornalístico.

- Aqui isso se passa como se fosse uma coisa banal. Ninguém dá a atenção devida a esse escândalo, um dos maiores da República, se for de fato verdadeiro - afirmou.

Jefferson Péres recapitulou ainda trechos do testemunho do policial, que participava da investigação sobre evasão de divisas via contas CC-5 (usadas por empresas sediadas no exterior, firmas brasileiras e pessoas físicas não residentes no Brasil para transferir dinheiro para fora do país) da agência do Banestado em Nova York.

Segundo relembrou o senador, o delegado da PF estranhou ter sido afastado inexplicavelmente do caso em maio de 2002, auge das investigações. Ao ser reintegrado à equipe, em março passado, teve negado o pedido de prorrogação do trabalho investigativo nos Estados Unidos.

- Há dias que ele não consegue sequer falar com seu chefe imediato - disse o senador.

CPI

Convicto de que o fato -é escandaloso e não pode continuar a ser ignorado pelo Senado-, Jefferson Péres pediu esclarecimentos sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que seria criada para investigar o uso das contas CC-5 na evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Sua solicitação dirigiu-se especificamente à senadora Ideli Salvatti (PT-SC), autora de requerimento para instalação da CPI.

- Estranho que mesmo tendo alcançado o número mínimo de subscritores, o requerimento não tenha sido apresentado - disse.

Se a senadora petista desistir desse encaminhamento, Jefferson Péres disse que irá solicitar audiência pública com os ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e da Fazenda, Antonio Palocci, para debater o assunto.

- Não podemos bancar os avestruzes fingindo que o fato não existe e não é grave - comentou, advertindo que se a opinião pública comprovar que não houve determinação e vontade política para sua apuração, -por conveniência política ou medo, será a desmoralização da classe política e do governo-.



22/05/2003

Agência Senado


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