Jefferson Peres: classe média é vítima de fúria fiscal



Um detalhado estudo sobre a pressão fiscal que pesa sobre a classe média brasileira foi divulgado na quarta-feira (21) pelo líder do PDT, senador Jefferson Péres (AM). Com base em informações da Receita Federal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e de outras fontes, como a Febraban, a Fenaseg e a Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo, o parlamentar amazonense apresentou dados que demonstram que as famílias que figuram na chamada classe média - com vencimentos entre R$ 2 mil e R$ 15 mil - enfrentam uma "grave sangria fiscal". De acordo com o senador, a classe média paga impostos "em níveis escandinavos" e recebe do Estado serviços de "padrão africano".

- Quem defende a classe média brasileira? Quem se preocupa com esta vasta e variada multidão? A classe média amarga um dos piores momentos de sua história. O destino da classe média e o futuro do Brasil estão indissoluvelmente ligados. Sem políticas voltadas a melhorar sua renda, ampliar suas oportunidades de trabalho e emprego, fortalecer sua capacidade de consumo e propensão à poupança, nenhum dos compromissos eleitorais do governo Lula será cumprido - alertou Jefferson Péres.

O senador tomou como exemplo uma hipotética família, de cinco membros e renda mensal de R$ 12 mil. Somando item por item dos gastos mensais e impostos e taxas, Jefferson Péres demonstrou que a carga tributária consome mais da metade da renda dessa família de classe média.

- Daqueles R$ 12 mil, sobram apenas R$ 5.266 para que a família "se vire" comprando comida, remédio, roupas, artigos de higiene e limpeza, serviços domésticos e outros tantos itens essenciais. Fica evidente que a pressão fiscal do Estado constitui o maior obstáculo ao desenvolvimento sustentado, justo e não-inflacionário, simplesmente porque impede a formação de uma taxa adequada de poupança interna - disse o senador, passando do exemplo doméstico para a macroeconomia, e ressaltando que o Brasil poupa apenas 18% do PIB, ao passo que a Coréia do Sul poupa 38% e o Japão 30%.

O parlamentar afirmou ainda que bastaria que a poupança atingisse 22% do PIB para gerar taxas de crescimento anual de 3,5% a 4% ao ano, em um cenário de sustentabilidade. Jefferson Péres apontou ainda para os dados da FGV, disponíveis na Pesquisa sobre Orçamentos Familiares (POF) de 2002/2005, que demonstram que, com o decréscimo da renda do trabalho, os gastos com alimentação passaram a atingir 27,49% das despesas familiares.

Ele concluiu criticando as reformas da Previdência e tributária implementadas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, por atingirem segmentos importantes da classe média, como o dos servidores públicos e o dos pequenos empresários.



22/01/2004

Agência Senado


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